Dom Adelar Baruffi
Bispo de Cruz Alta, RS
No último dia 13 de janeiro, o Papa
Francisco deu início ao caminho para a XV Assembleia Geral Ordinária do
Sínodo dos Bispos, apresentando para toda a Igreja o Documento
Preparatório. Este Sínodo será realizado em outubro de 2018, em Roma, e
terá como tema “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”. A notícia
é fonte de alegria e de muita esperança para os jovens e para toda
Igreja. Na carta que dirigiu aos jovens, assim se expressou: “Eu quis
que vós estivésseis no centro da atenção, porque vos trago no coração.” A
Igreja deseja interrogar-se sobre o modo de anunciar o Evangelho aos
jovens, de acompanhá-los e ajudá-los no itinerário da vida cristã. O
texto bíblico inspirador é do Evangelho de João, em que Jesus se volta
aos dois discípulos que o acompanhavam e lhes faz um convite: “vinde e
vede” (Jo 1, 39). Assim, afirma o Santo Padre, “Jesus dirige o seu olhar
também a vós, convidando-vos a caminhar com Ele. Caríssimos jovens,
encontrastes este olhar? Ouvistes esta voz? Sentistes este impulso a
pôr-vos a caminho?” Este chamado é atual e é dirigido a todos os jovens,
pois Deus quer que todos vivam na alegria completa. Para isto é preciso
“empreender um itinerário de discernimento para descobrir o projeto de
Deus na vossa vida.”
Para realizar este percurso, a Igreja é
convidada a olhar a realidade na qual vivem nossos jovens. As condições
em que se encontram muitos jovens não lhes permite criar um espaço para
escolhas e projetos de vida segundo o sonho de Deus. “Pensemos nos
jovens em situações de pobreza e exclusão; naqueles que crescem sem pais
nem família, ou então em quantos não têm a possibilidade de ir à
escola; nas crianças e nos meninos de rua de numerosas periferias; nos
jovens desempregados, deslocados e migrantes; naqueles que são vítimas
de exploração, tráfico e escravidão; nas crianças e nos adolescentes
recrutados à força em grupos criminosos ou milícias irregulares; nas
noivas-crianças ou nas jovens obrigadas a casar contra a sua própria
vontade”, afirma o Documento. No que se refere às opções de vida, há
dificuldade de empenhar a vida numa decisão definitiva: “hoje escolho
este, amanhã veremos”. No tocante à prática religiosa cresce o número
dos que “não se colocam «contra», mas aprendem a viver «sem» o Deus
apresentado pelo Evangelho e «sem» a Igreja, confiando ao contrário em
formas de religiosidade e espiritualidade alternativas”.
Com o percurso do Sínodo, a Igreja
deseja “encontrar, acompanhar e cuidar de cada jovem, sem exceção. Não
podemos nem queremos abandoná-los às formas de solidão e de exclusão às
quais o mundo os expõe. Que a sua vida seja uma boa experiência, que não
se percam ao longo de caminhos de violência ou de morte, que a
desilusão não os aprisione na alienação.” Com os jovens realizar um
percurso de discernimento, isto é, um processo em que a pessoa, em
diálogo com o Senhor e à escuta da voz do Espírito, chega a fazer as
opções fundamentais, a começar por aquela sobre o estado de vida. A
Igreja deseja oferecer a possibilidade para que os jovens se encontrem
com o Senhor e sua Palavra ilumine sua vida e seus projetos e sejam
felizes. Para isto, é preciso caminhar com eles “encontrando-os lá onde
eles estão, adaptando-se aos seus tempos e aos seus ritmos”. Esta
proximidade, a exemplo de Jesus nos Evangelhos, se dá através de três
ações, que podem caracterizar um estilo pastoral: sair, ver, chamar.
Enfim, somos todos convidados a
participar ativamente deste processo sinodal, especialmente os jovens de
nossas comunidades. Temos certeza que o Espírito Santo guiará este
caminho para que todos os jovens vivam felizes, como disse Jesus: “a
minha alegria esteja em vós, e a vossa alegria seja completa» (Jo 15,
11).
Fonte: CNBB
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