domingo, 25 de outubro de 2015

Liturgia Diária - 30º Domingo do Tempo Comum -Primeira Leitura (Jr 31,7-9)

Leitura do Livro do Profeta Jeremias:
7Isto diz o Senhor: “Exultai de alegria por Jacó, aclamai a primeira das nações; tocai, cantai e dizei: ‘Salva, Senhor, teu povo, o resto de Israel’.
8Eis que eu os trarei do país do Norte e os reunirei desde as extremidades da terra; entre eles há cegos e aleijados, mulheres grávidas e parturientes: são uma grande multidão os que retornam.
9Eles chegarão entre lágrimas e eu os receberei entre preces; eu os conduzirei por torrentes d’água, por um caminho reto onde não tropeçarão, pois tornei-me um pai para Israel, e Efraim é o meu primogênito”.

- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.

Salmo de Hoje (Sl 125)

— Maravilhas fez conosco o Senhor,/ exultemos de alegria!
R- Maravilhas fez conosco o Senhor,/ exultemos de alegria!

1- Quando o Senhor reconduziu nossos cativos,/ parecíamos sonhar;/ encheu-se de sorriso nossa boca,/ nossos lábios, de canções.
2- Entre os gentios se dizia: “Maravilhas/ fez com eles o Senhor!”/ Sim, Maravilhas fez conosco o Senhor,/exultemos de alegria!
3- Mudai a nossa sorte, ó Senhor,/ como torrentes no deserto./ Os que lançam as sementes entre lágrimas/ceifarão com alegria.
4- Chorando de tristeza sairão,/ espalhando suas sementes;/ cantando de alegria voltarão,/ carregando os seus feixes!

Segunda Leitura (Hb 5,1-6)

Leitura da Carta aos Hebreus:
1Todo sumo-sacerdote é tirado do meio dos homens e instituído em favor dos homens nas coisas que se referem a Deus, para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados.
2Sabe ter compaixão dos que estão na ignorância e no erro, porque ele mesmo está cercado de fraqueza. 3Por isso, deve oferecer sacrifícios tanto pelos pecados do povo, quanto pelos seus próprios.
4Ninguém deve atribuir-se esta honra, senão o que foi chamado por Deus, como Aarão.
5Deste modo, também Cristo não se atribuiu a si mesmo a honra de ser sumo-sacerdote, mas foi aquele que lhe disse: “Tu és o meu Filho, eu hoje te gerei”. 6Como diz em outra passagem: “Tu és sacerdote para sempre, na ordem de Melquisedec”.

- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.

Compreendendo e Refletindo

A nossa fé precisa nos levar a um passo adiante, para enxergarmos o que não conseguimos, para que a luz de Cristo inebrie mais a nossa mente e o nosso coração
“Então Jesus lhe perguntou: ‘O que queres que eu te faça?’ O cego respondeu: ‘Mestre, que eu veja!’” (Marcos 10, 51).
O cego Bartimeu é para nós o protótipo de todos aqueles que vivem à margem da vida, buscando luz para o coração, luz para sua vida, a possibilidade de enxergar o que humanamente não se consegue ver. A nossa compreensão de cegueira não pode ser limitada apenas a uma cegueira física, ainda que esta tenha muito a nos dizer.
O cego não consegue enxergar a luz do dia, o que está a sua frente. Ainda que tenha tato e sensibilidade, a possibilidade de ver não lhe é permitida, a luz não penetra seus olhos, tudo enxerga na penumbra. É preciso buscar uma luz para compreender as realidades que estão ao seu lado. Quando esse cego foi curado, passou a enxergar plenamente, não só a si mesmo, mas tudo o que estava ao seu lado.
Às vezes, olho-me com os dois olhos, enxergo a frente e atrás, mas, muitas vezes, não consigo enxergar o que está dentro de mim, não consigo enxergar as realidades mais sensíveis que estão ao meu lado. E vejo muitas pessoas com deficiência visual, tendo sensibilidade e possibilidade de enxergar muito mais longe do que eu.
A luz do alto, a luz de Cristo, vem a todos os corações que se abrem à verdade. Esse cego do Evangelho desejou muito ver a verdade: ‘Mestre, que eu veja!’ E a fé dele o curou.
A nossa fé precisa nos levar a um passo adiante, para enxergarmos o que não conseguimos, para que a luz de Cristo inebrie mais a nossa mente, o nosso coração e não fiquemos fechados, obcecados com o que já conhecemos, com o que sabemos, pois tudo diante da grandiosidade da luz de Cristo ainda é muito pequeno.
Peçamos: Senhor, que eu veja o que ainda não consigo enxergar; que, sobretudo, eu consiga enxergar as realidades mais profundas do meu próprio coração e da minha própria existência. Senhor, dai-me olhos para ver as necessidades daqueles que estão meu lado, dai-me olhos para enxergar muito além do meu egoísmo, além da minha visão limitada de mundo, de racionamento. Senhor, abrais os meus olhos como abriu os olhos do cego Bartimeu, eu também desejo enxergar com os Teus olhos!
Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo-Canção Nova

Evangelho (Mc 10,46-52)

— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós!
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Marcos.
— Glória a vós, Senhor!

Naquele tempo, 46Jesus saiu de Jericó, junto com seus discípulos e uma grande multidão. O filho de Timeu, Bartimeu, cego e mendigo, estava sentado à beira do caminho. 47Quando ouviu dizer que Jesus, o Nazareno, estava passando, começou a gritar: “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!”
48Muitos o repreendiam para que se calasse. Mas ele gritava mais ainda: “Filho de Davi, tem piedade de mim!”
49Então Jesus parou e disse: “Chamai-o”. Eles o chamaram e disseram: “Coragem, levanta-te, Jesus te chama!”
50O cego jogou o manto, deu um pulo e foi até Jesus. 51Então Jesus lhe perguntou: “O que queres que eu te faça?” O cego respondeu: “Mestre, que eu veja!”
52Jesus disse: “Vai, a tua fé te curou”. No mesmo instante, ele recuperou a vista e seguia Jesus pelo caminho.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Jesus não condena a riqueza, mas o apego à riqueza

2015-10-19 Rádio Vaticana
Cidade do Vaticano (RV) - “Jesus não condena a riqueza, mas o apego à riqueza que divide as famílias e provoca as guerras”. Foi o que disse o Papa Francisco na missa celebrada na manhã desta segunda-feira (19/10), na Casa Santa Marta. 
“O apego às riquezas é uma idolatria”, disse ainda o Pontífice. O Santo Padre recorda que não é possível “servir a dois senhores”: ou se serve a Deus ou ao dinheiro. Jesus “não é contra as riquezas”, mas adverte contra colocar a própria segurança no dinheiro que pode fazer da religião uma agência de seguros. Além do mais, o apego ao dinheiro divide, como diz o Evangelho que fala de “dois irmãos que brigam por causa da herança”:
“Pensemos nas muitas famílias que conhecemos que brigaram, brigam, não se saúdam, se odeiam por causa de herança. Este é um dos casos. O mais importante não é o amor pela família, o amor pelos filhos, pelos irmãos, pelos pais, não, mais o dinheiro. Isso destrói. Também as guerras, as guerras que vemos hoje destroem. Sim. Existe um ideal, mas por trás está o dinheiro: o dinheiro dos traficantes de armas, o dinheiro daqueles que tiram proveito das guerras. Isso acontece na família. Todos nós conhecemos pelo menos uma família assim. Jesus é claro: Tenham cuidado e fiquem longe de todos os tipos de cobiça: é perigoso. A cobiça nos dá a segurança que não é verdadeira e nos leva sim a rezar - você pode rezar, ir à igreja, mas também ter um coração apegado, e no fim isso termina mal”.
Jesus conta a parábola de um homem rico, “um empresário bom”, cuja “colheita tinha sido abundante” e “estava cheiro de riquezas”...
“... E, em vez de pensar: ‘Mas compartilharei isso com meus trabalhadores, com os meus funcionários, para que eles também tenham um pouco mais para suas famílias’, pensava consigo mesmo: 'O que vou fazer, pois eu não tenho onde colocar a minha colheita? Ah, farei assim: vou demolir os meus celeiros e construirei outros maiores. Cada vez mais. A sede do apego às riquezas nunca termina. Se você tem seu coração ligado à riqueza - quando você tem tanta - você quer mais. E este é o deus da pessoa que está apegada às riquezas”.
O caminho da salvação - disse o Papa - é o das Bem-aventuranças: “o primeiro é a pobreza de espírito”, isto é, não estar apegado às riquezas que - se você possuir - são “para o serviço dos outros, para compartilhar, para fazer ir avante tantas pessoas”.
E o sinal de que não estamos “neste pecado de idolatria” é dar esmolas, é dar “aos necessitados” e dar não o supérfluo, mas o que me custa “algumas privações”, porque talvez “é necessário para mim”. “Este é um bom sinal. Isso significa que é maior o amor por Deus que o apego às riquezas. “Portanto, há três perguntas que podemos fazer:
“Primeira pergunta: ‘Dou?. Segunda: ‘Quanto dou?’. Terceira pergunta: 'Como dou? Como Jesus dá, com a carícia do amor ou como quem paga um imposto? Como dou?'. ‘Mas padre, o que o senhor quer dizer com isso?’. Quando você ajuda alguém, você olha nos olhos? Toca a sua mão? É a carne de Cristo, é o seu irmão, sua irmã. E você naquele momento é como o Pai que não deixa faltar o alimento para as aves do Céu. Com quanto amor o Pai dá. Peçamos a Deus a graça de estar livres desta idolatria, do apego às riquezas; a graça de olhar para Ele, tão rico em seu amor e tão rico em generosidade, na sua misericórdia; e a graça para ajudar os outros com o exercício da caridade, mas como ele faz. ‘Mas, padre, Ele não se privou de nada ...’. Jesus Cristo, sendo igual a Deus, se privou disso, abaixou-se, esmagou-se, e também Ele se privou”. (MJ-SP)
Fonte: News.VA

Papa: "Deus não fica parado, Ele sai e nos dá amor desmedido"

2015-10-20 Rádio Vaticana
Cidade do Vaticano (RV) - Deus doa sempre com generosidade a sua graça aos homens, que têm o hábito de “medir as situações”: entender a abundância do amor divino é sempre fruto de uma graça. Este foi o teor da homilia que o Papa desenvolveu durante a Missa da manhã, celebrada, como cotidianamente, na Casa Santa Marta.

Abundante: o amor de Deus pelos homens é assim. Com uma generosidade que o homem desconhece, porque é acostumado a dar migalhas quando decide doar alguma coisa. O Papa Francisco leu o trecho de São Paulo nesta chave. A salvação trazida por Jesus, que supera a queda de Adão, é uma demonstração desta doação com abundância. E a salvação, explica, “é a amizade entre nós e Ele”:
Um Deus que sai
“Como Deus dá, no caso da amizade, a nossa salvação? Dá como diz que dará a nós quando fazemos uma boa ação: nos dará uma medida boa, cheia, transbordante... Mas isto faz pensar na abundância e esta palavra é repetida três vezes neste trecho. Deus dá na abundância até o ponto de dizer a Paulo: ‘onde avultou o pecado, superabundou a graça’. Este é o amor de Deus: sem medida”.
Sem medidas, como o pai da parábola evangélica, que todos os dias observa o horizonte para ver se seu filho decidiu voltar. “O coração de Deus – afirma Francisco – não é fechado, é sempre aberto. E quando nós chegamos, como aquele filho, ele nos abraça e beija. É Deus que festeja”:
“Deus não é mesquinho: Ele não conhece a mesquinhez. Ele dá tudo. Deus não fica parado: Ele olha e espera que nós nos convertamos. Deus é um Deus que sai: sai para procurar, busca cada um de nós. Todos os dias Ele nos procura, está nos procurando. Como já fez e já diz, na Parábola da ovelha perdida ou da dracma perdida: procura. É sempre assim”.
Abraço sem medida
No céu, reitera ainda o Papa, “se faz mais festa” para um pecador que se converte do que para cem que permanecem justos. E todavia não é fácil, com nossos critérios humanos, pequenos e limitados, entender o amor de Deus. Entende-se por uma ‘graça’, como o compreendeu – recorda Francisco – a freira de 84 anos conhecida em sua diocese que andava pelos corredores do hospital falando, com um sorriso, sobre o amor de Deus aos doentes. Ela, conclui o Papa, teve o ‘dom de entender este mistério', esta superabundância do amor de Deus, que muitos não conseguem entender:
“É verdade, nós sempre temos o costume de medir as situações, as coisas, com medidas que possuímos, mas são medidas pequenas. Por isso, nos faria bem pedir ao Espírito Santo a graça de aproximarmo-nos pelo menos um pouco, para entendermos este amor e termos vontade de ser abraçados e beijados com a medida sem limites”.
(CM)

(from Vatican Radio)~
Fonte: News.VA

Sínodo: família não é somente um desafio, mas oportunidade para ser feliz

2015-10-20 Rádio Vaticana
Cidade do Vaticano (RV) - Concluiu-se na manhã desta terça-feira, no Sínodo dos Bispos sobre a família, o trabalho dos Círculos menores sobre a terceira e última parte do Instrumentum laboris, dedicado ao tema “A missão da família hoje”.
Na parte da tarde, a apresentação, aos Padres sinodais, dos Relatórios dos 13 grupos linguísticos e, esta quarta-feira, a publicação destes.
O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, conduziu a coletiva do dia sobre os trabalhos sinodais, tendo três cardeais como convidados: o espanhol Lluís Martínez Sistach (arcebispo de Barcelona); o sul-africano Wilfrid Fox Napier (arcebispo de Durban); e o mexicano Alberto Suárez Inda (arcebispo de Morelia).
A família não é somente um desafio, mas também e, sobretudo, uma oportunidade para ser felizes: disse o Card. Sistach reiterando que a preparação para o matrimônio, quer remota, quer imediata, é fundamental para evitar separações e divórcios.
Em seguida, o purpurado deteve-se sobre o Motu proprio do Papa Francisco acerca da reforma dos processos de nulidade matrimonial e reiterou tratar-se de uma reforma em harmonia com a misericórdia da Igreja, mas à luz da indissolubilidade.
Desse modo, os casais que experimentaram um falimento podem refazer sua vida, de cabeça erguida, diante de Deus e da Igreja.
Daí, o apelo do purpurado espanhol a fim de que seja incrementada a gratuidade de tais processos. Na eventualidade de não ser possível encontrar a verdade objetiva e imediata, observou o Cardeal, o processo breve torna-se ordinário.
“Nem todos os Tribunais eclesiásticos das dioceses do mundo dispõem de pessoas adequadamente preparadas” no setor, concluiu o arcebispo de Barcelona, e, portanto, o desafio se encontra também nesse campo.
A família constitui a base da sociedade, é sua célula fundamental, reiterou, por sua vez, o Cardeal Suárez Inda, fazendo votos de que todas as instituições atuem em defesa da família. Em seguida, o purpurado mexicano deteve-se sobre o drama dos migrantes, cuja situação cria muitas dificuldades às famílias não somente por causa da distância geográfica, mas também pelo aspecto normativo que por vezes impede a reunificação familiar.
A esse propósito, o arcebispo de Morelia agradeceu aos bispos dos EUA pelo grande trabalho de acolhimento que fazem com os migrantes mexicanos.
Outra chaga que atinge as famílias é a da criminalidade organizada e da globalização que muitas vezes deixa os jovens sozinhos, no processo educacional, ressaltou o purpurado.
Em seguida, em relação aos processos de nulidade matrimonial, afirmou: “Nós, bispos, temos agora uma maior responsabilidade, o Papa reconhece-nos como juízes misericordiosos a nível diocesano e, portanto, devemos ser testemunhas da Igreja, mãe de ternura”.
Por fim, respondendo à pergunta de um jornalista a propósito de uma possível viagem do Papa ao México, o Cardeal Suárez afirmou:
“Sem dúvida, a visita do Papa é um motivo de imensa alegria.” As datas ainda não foram estabelecidas, mas certamente será uma viagem centralizada nos temas da reconciliação e da paz.
Seguramente, continuou o purpurado, o Santo Padre irá ao Santuário de Guadalupe e, talvez, tenha a oportunidade de visitar alguma casa de detenção e de encontrar os jovens, para dar esperança ao país.
Depois foi dado espaço à África, com a reflexão do Cardeal Napier:
“Os bispos africanos trouxeram uma lufada de otimismo ao Sínodo”, a exemplo de Deus, mas também do Papa Francisco, afirmou o purpurado, que em seguida voltou seu olhar para os leigos, sobretudo para as famílias felizes.
“São eles – disse – que de certo modo indicam ao Sínodo a direção a ser tomada. É importante, portanto, concentrar-se na vocação e missão da família na Igreja de hoje e acompanhar os cônjuges, tanto antes quanto depois do matrimônio, porque se reforma a Igreja reformando a família, que constitui sua base.
Por fim, interpelado pela imprensa sobre a carta enviada por alguns cardeais ao Papa, o purpurado sul-africano reiterou: era uma missiva reservada ao Pontífice e estava muito no espírito daquilo que ele disse, ou seja, falar com sinceridade e ouvir com humildade.
Em todo caso, concluiu o arcebispo de Durban, trabalhando junto no Sínodo, nós, bispos, reencontramos o espírito de colegialidade, sempre buscando fazer o melhor da Igreja. (RL)
Ouça clicando acima
(from Vatican Radio)
Fonte: News.VA

Pedagogia e acolhimento para resolver crise migratória

2015-10-20 Rádio Vaticana

Roma (RV) - “Quando formos capazes de abater os últimos muros e sentar-nos à mesa com o pobre, olhando-o face a face e reconhecendo-o como irmão, teremos dado o último passo necessário.”
Foi o que disse à agência missionária AsiaNews o arcebispo de Agrigento e presidente da Caritas Itália, Cardeal Francesco Montenegro.
O purpurado participa estes dias dos trabalhos do Sínodo ordinário sobre a família em andamento no Vaticano. E acrescenta: “Para resolver a crise dos migrantes é necessário um empenho pedagógico que transforme a tolerância em acolhimento”.
O presidente da Cáritas Itália tem ideias claras sobre o “esforço a mais” pedido pelo Papa Francisco à Igreja italiana para o acolhimento aos migrantes, e sobre o papel que a Caritas tem nesse empenho:
“Creio que o papel principal da Caritas seja pedagógico, que jamais se pode esquecer. A Caritas precisa ajudar a comunidade à cultura do acolhimento, porque nem sempre essa cultura é vivida e é visível. E propriamente porque tem um valor pedagógico, precisa dos fatos.”
O fato em questão é simples: “Se a meu lado tenho um irmão que sofre, que precisa, então devo fazer de modo que o amor entre em ação. E esse amor não se mede por aquilo que dou, mas por aquilo de que abro mão. A Caritas convida as comunidades cristãs a dar aquele passo a mais de generosidade e de doação, privando-se de algo para dar lugar ao outro”.
A Itália tem uma história nobre de acolhimento, mas em tempos recentes foram feitas muitas polêmicas sobre o tema: “Creio que os muros sobre a imigração ainda não tenham caído todos. Que a Itália seja acolhedora, demonstrou de muitas maneiras, mas que esse acolhimento possa transformar-se em disponibilidade, ainda deve ser demonstrado”.
“Recordo-me das palavras de Dom Bello, que dizia: ‘A convivência entre os povos não é somente servir ao pobre à mesa, mas sentar-se à mesa com ele’. Talvez esse seja o passo ainda a ser dado”, enfatiza o Cardeal Montenegro.
Na prática, ressalta, trata-se de “descobrir que o outro é um irmão com o qual posso estar. E não se deve pensar que por encontrar alguém que não conheço, esse fato deve necessariamente suscitar sentimentos de medo.
Mesmo porque – explica o arcebispo de Agrigento - como o outro me faz sentir medo, devemos considerar que também eu posso suscitar medo nele. Então creio que devemos fazer ainda esse caminho, no qual o acolhimento seja visível.
“Muitas vezes, mais do que de integração, falamos de tolerância: permito-lhe estar perto de mim e você deve agradecer-me por não rejeitá-lo. Isso não é integração. A integração nasce quando juntos nos olhamos face a face e descobrimos que podemos percorrer o caminho que temos pela frente”, ponderou o cardeal. (RL)
(from Vatican Radio)
Fonte: News.VA

Sínodo: violência doméstica é problema mundial

2015-10-20 Rádio Vaticana
Cidade do Vaticano (RV) – A violência doméstica foi um dos temas debatidos pelos padres sinodais, seja em plenário, seja nos círculos menores.
Em entrevista à Rádio Vaticano, o Arcebispo de Manaus (AM), Dom Sérgio Castriani, conta que ao expor o tema, vários outros bispos expuseram sua realidade, confirmando que a violência doméstica é um problema mundial:
“De fato, é uma realidade o abuso sexual de crianças e adolescentes, a violência contra as mulheres, e também o tráfico de pessoas. Depois, vários outros bispos tocaram no assunto, foi impressionante isto, de como este é problema mundial. Não é um problema só nosso do Brasil nem da Amazônia em particular, mas é um problema no mundo todo. Vários bispos do Oriente Médio, da África, colocaram isso, e também da Europa. Mas o sentido não é só apresentar o lado negativo, mas também o lado positivo, aquilo que a pastoral familiar está fazendo. E aquilo que a Conferência dos Religiosos do Brasil também está fazendo. Em Manaus, nós temos um programa com universidades e poder público de acompanhamento dessas crianças abusadas sexualmente – um trabalho que tem dado bons resultados. É um caminho. E o trabalho da Rede ‘Um grito pela vida’, que é das consagradas. Então meu objetivo era apresentar, de um lado, a situação da violência, que se confirmou. Aliás, há lugares no mundo onde a violência é muito maior. Nós tivemos testemunhos de bispos africanos, Boko Haram, Isis, estupros coletivos na Índia, é uma coisa que espanta muito, como no século 21 ainda tem tanto problema de violência. E a proposta é que a pastoral familiar e que a Igreja estejam atentas a isto. Nós temos os meios, não só sozinha, mas com profissionais qualificados, para atender esses casos na pastoral familiar.”
Na entrevista, Dom Sérgio fala ainda do trabalho da Igreja na prevenção da violência e da miséria, que está na raiz do problema.
Clique acima para ouvir.
(BF)
(from Vatican Radio)
Fonte: News,VA

Sínodo. D. Bruno Forte: caminhar em comunhão com o Papa

2015-10-20 Rádio Vaticana

O Sínodo dos Bispos está a viver a sua terceira e última semana da XIV Assembleia Geral Ordinária dedicada ao tema “A vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo”. Para uma síntese dos trabalhos sinodais até ao momento a Rádio Vaticano falou com o secretário especial do Sínodo, D. Bruno Forte, arcebispo de Chieti-Vasto em Itália, que começou por se referir ao clima de extrema liberdade que se respira no Sínodo:
“O meu parecer é de um clima de grande envolvimento de todos os padres sinodais. O Papa Francisco pediu que se falasse de tudo com extrema liberdade. Deixou claro no início do Sínodo extraordinário: “Não há nada de que não se possa falar”. E isso está sendo feito e creio que seja muito construtivo, porque mostra uma Igreja viva, corresponsável e participante. Traduzir essa participação e esse envolvimento num espírito de complôs ou de divisões, parece-me ser algo forçado de quem olha as coisas somente de fora, sem vivê-las internamente. Não nos esqueçamos que somos todos homens de fé, que têm responsabilidade diante de Deus e diante dos irmãos. E isso nos une mais fortemente do que todas as possíveis e hipotéticas contraposições que gostariam de atribuir-nos.”
“Além de propor o valor e a beleza da família, articulando o seu significado de modo especial em resposta às exigências e aos desafios do nosso tempo, creio que um caminho pastoral muito concreto seja o que se articula, em primeiro lugar, no estilo do acompanhamento, que significa acolhimento de todos, companhia da vida e da fé. Portanto, proximidade, escuta, partilha. Em seguida, empenho de integração para todos, a fim de que os carismas e os ministérios de cada um sejam valorizados. E é na ótica desse caminho de acompanhamento e de integração que deve ser avaliada também a diferente forma e intensidade de participação de todos os batizados – especialmente daqueles que vêm de famílias feridas – também na vida sacramental da Igreja.”
Nas suas declarações à RV, D. Bruno Forte sublinhou ainda a ligação deste Sínodo com o Jubileu da Misericórdia:
“A misericórdia é o coração do Evangelho: uma Igreja que não fosse especialista em misericórdia, que não a vivesse e a anunciasse a todos, sem distinções, não seria fiel nem mesmo ao Evangelho. Quem quer contrapor verdade e misericórdia esquece que a verdade do Deus cristão é o amor do Deus Trino: portanto, a misericórdia como centro, coração, ponto de início e de orientação de tudo aquilo que vivemos. O Papa Francisco recordou-nos isso na Bula ‘Misericordiae Vultus’. Este Sínodo está a procurar entender como este primado da misericórdia pode ser aplicado em todas as formas da vida pastoral em relação à família e, em particular, às famílias feridas.”
“A estrada é caminhar em profunda comunhão com o Papa Francisco, com o primado do Evangelho e da graça, com a gradualidade do acompanhamento e da integração. Creio que se poderá encontrar um amplo consenso sobre isso e depois será o Santo Padre a definir as formas em matéria concreta, porque o presidente do Sínodo é ele, a quem entregaremos o fruto do nosso trabalho.”
(RS)

(from Vatican Radio)
Fonte: News.VA

Com o Sínodo, família recupera seu espaço na Igreja

2015-10-20 Rádio Vaticana
Cidade do Vaticano (RV) – Colocar a família no devido lugar no contexto da ação pastoral da Igreja: para o Arcebispo de Mariana (MG), Dom Geraldo Lyrio Rocha, este é um dos saldos deste Sínodo sobre a família.
Em entrevista à Rádio Vaticano, Dom Geraldo falou dos aspectos que se sobressaíram em seu grupo de trabalho:
“Eu gostaria de sublinhar a ênfase que se tem dado à pastoral familiar. E quando falamos de pastoral familiar nós não estamos nos referindo apenas a uma atividade determinada, mas como algo transversal, que deve atingir numa pastoral assumida em conjunto toda a atividade da Igreja. Parece-me que, com o Sínodo, a família recupera um espaço muito importante na vida da Igreja. Não é apenas programar ações a favor da família. É isto e muito mais. É colocarmos a família no devido lugar no contexto da ação pastoral da Igreja. Este parece que é um ganho extraordinário e será um dos grandes saldos deste Sínodo que já está por se encerrar.”
RV:- Há um tema em especial que concentrou os debates no seu círculo menor?
Dom Geraldo:- “Eu diria que o leque se abriu, porque além das questões melindrosas, difíceis, complexas como se tem levantado, a situação dos divorciados e recasados civilmente, debateu-se a questão dos desafios que a família vive hoje nas realidades de violência. Seja a família como vítima de violências, as guerras, os atentados, o problema das drogas, seja também a violência no interior da própria família, que infelizmente em muitas situações acontece. E, em geral, vítimas dessas violências são as mulheres e as crianças. Tudo isso foi muito considerado e o leque foi se abrindo. O Sínodo não se deteve apenas em alguns aspectos, por mais que gerem expectativa na opinião pública, entretanto o tema do Sínodo é muito amplo. Parece-me que o grupo do qual participei esse leque se manteve aberto nessas várias perspectivas.”
(BF)
(from Vatican Radio)
Fonte: News.VA