segunda-feira, 30 de maio de 2016

Sacrifício do Cordeiro

Padre Geovane Saraiva*
O mistério indescritível da comunhão encontra seu fundamento, do ponto de vista da fé, no Pai-criador, no Filho-salvador e no Espírito-santificador, indicando-nos como é indispensável uma fé firme e inabalável, como família dos filhos de Deus, totalmente aberta e atenta em comunicar a obra da criação, lembrando-me das palavras de Dom Helder: “Quando as palavras somem, quando os cuidados adormecem, quando nos entregamos, de verdade, nas mãos do Senhor, o grande silêncio nos mergulha na paz, na confiança, na alegria… E a voz de Deus se faz ouvir”.
É a voz de Deus a clamar aos cristãos de hoje, dentro da comunidade dos batizados, assim como clamou e penetrou no coração do mundo no decorrer dos séculos em toda a sua plenitude, no exemplo do apóstolo Paulo, chamado e convocado pelo Senhor ressuscitado, a caminho de Damasco, para a missão de ser mestre dos gentios e doutor das nações. Uma vez resgatado, compreendeu o preço de ser seduzido por Deus, ao afirmar com grande paixão: “Ai de mim se eu não anunciar o evangelho” (Cor 1, 16).
Temos o dogma da transubstanciação, o qual chama nossa atenção e faz-nos pensar, a partir do sólido fundamento do edifício eucarístico, na festa de Corpus Christi, na ceia, o sacrifício do Cordeiro de Deus. É importante que fique sempre e cada vez mais claro que as substâncias do pão, no corpo de Jesus, e do vinho, no mesmo sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, permanecem inalteradas nas espécies do pão e do vinho. Ora, devemos, de modo sobrenatural, transformar-nos em Cristo, como o pão se transforma no corpo de Cristo e o vinho no Seu sangue. É Cristo entrando no nosso mundo, não só para chamar a atenção das pessoas, mas para que todos participem da vida de Deus.
Nosso Deus é solidário e próximo de seu povo; é um Deus comunhão que quer não só partilhar a vida entre si, mas quer entrar na vida daqueles que abraçam a fé, buscam respeito, acolhida e compreensão solidária. Pela força da eucaristia, numa enorme vontade de superar diferenças e antagonismos, somos chamados a formar uma só coisa; somos chamados a colocar, diante dos olhos e do coração, um Deus que fez tudo por amor e também cuida de sua obra, enviando-nos como seus ardorosos colaboradores, pela força de sua palavra: “Ide pelo mundo inteiro e pregai o Evangelho a toda criatura” (cf. Mc 16, 15). Assim seja!
*Pároco de Santo Afonso e vice-presidente da Previdência  Sacerdotal, integra a  Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza – geovanesaraiva@gmail.com

Nota da Pastoral Carcerária à margem da crise do Sistema Penitenciário do Ceará.

A urgência de um NOVO OLHARcarceraria
A situação gravíssima no sistema carcerário cearense não é surpresa para nenhum dos órgãos ou instituições que, direta ou indiretamente, atuam nos estabelecimentos prisionais do Estado do Ceará. Há pouco menos de duas semanas o Conselho Nacional de Políticas Criminal e Penitenciária – CNPCP, após inspeção em diversas unidades, ratificou a insustentabilidade do sistema e sinalizou a necessidade de adoção de medidas urgentes para a contenção de eminente colapso nas instituições prisionais.
A greve deflagrada poucos dias depois pelos agentes prisionais foi somente o estopim dos últimos acontecimentos, incluindo a série de matanças ocorridas no complexo penitenciário de Itaitinga e nas unidades do Município de Caucaia e Aquiraz. A constante (e antiga) violação de direitos humanos, incluindo a falta de condições mínimas de salubridade e de estrutura física, a ausência de assistência médica, religiosa, psicológica, jurídica, bem como a superlotação e a violência contra os presos e seus familiares, atingiram o seu ápice com a proibição da visita das famílias no sábado, dia 21/05/2016, em que pese tratar-se de direito expressamente assegurado na Lei de Execução Penal. Ademais, para os internos e seus familiares, o direito de visita é considerado sagrado e inviolável.
O ocorrido no último final de semana é resultado da falta histórica de investimentos, de diálogo interno entre as instituições responsáveis e dessas com a sociedade, de desrespeito às legislações, notadamente à Lei de Execução Penal, e da mentalidade de encarceramento de massa constantemente alimentada por certo tipo de mídia e por alguns representantes dos poderes públicos.
Ao mesmo tempo, a crueldade exacerbada das mortes ocorridas nos últimos dias, não deixa de ser o reflexo de uma sociedade que, cada vez mais, alimenta a violência de todas as formas em suas relações.
A Pastoral Carcerária do Ceará não vislumbra, nesse momento, nenhuma solução imediata para todos os antigos e novos problemas que se agravaram após os últimos dias. Mesmo assim, a Pastoral acredita que somente o diálogo e a participação efetiva da sociedade civil no projeto político pedagógico do sistema penitenciário serão capazes, a médio e longo prazo, de desconstruir uma prática encarceradora punitiva em favor de uma prática restaurativa.
A lógica do encarceramento e o discurso de ódio disseminados na sociedade fogem completamente aos preceitos Cristãos e em nada contribuem para a pacificação social. O engajamento de todas as igrejas, organizações sociais e pessoas de boa vontade é, pois, essencial para fomentar esse novo olhar.
Por fim, a Pastoral Carcerária do Ceará, está de coração aberto para acolher todas as pessoas que desejem somar conosco nessa missão.

Fortaleza, 24 de maio de 2016.

Pastoral Carcerária do Ceará
Regional Nordeste I
Fonte: Arquidiocese de Fortaleza

Não perder o gosto de viver

Dom Anuar Battisti
Arcebispo de Maringá (PR)



No caminho da vida não existem só flores e nem só espinhos. Somos um misto de grandes alegrias e tristezas, fruto do sucesso e do insucesso, de amigos e inimigos, de luzes e trevas, de ganhos e perdas, que na somatória só fica o que somos capazes de assumir sem medo e com fé.
O realismo da vida me leva a viver cada momento com aquilo que é. Recordo uma frase do então papa João XXIII: “Encontramo-nos na terra emprestados, mas não devemos perder o gosto de viver”. É difícil compreender  que a cada dia da vida o tempo não se repete e o que tempo que temos é curto e passa rápido. Viver o provisório, com suas causas e coisas, depende do grau de  confiança que deposito e a prontidão em aceitar acertos e desacertos.
Em um texto no blog do jornalista Ronaldo Nezo eu li: “Um pensador certa feita disse: ‘Quando a alma chora, olho da janela do meu quarto e do, alto do meu prédio, não vejo a beleza da cidade. Vejo apenas a chance de silenciar meus tristes ais; de calar minhas lágrimas; de penetrar e me perder no esquecimento.  Caro amigo, estar no mundo é estar sujeito aos prazeres e desprazeres da vida. Ainda que se apele para a razão, nossas emoções muitas vezes falam mais alto. E se provocam sorrisos, não raras vezes também nos fazem chorar. Quem deseja viver intensamente, terá dias em que o sorriso vai brotar fácil em seus lábios; mas também deve aceitar que lágrimas não desejadas vão descer pela sua face. Nessas horas, muitas vezes a vida perde o sentido”.
Ninguém esta isento de problemas financeiros, de perda de emprego, de traição amorosa, depressão,  de frustração nas escolhas feitas,  sentimentos de que não valeu a pena o que fez ou deixou de fazer, vontade de que tudo se acabe, que mundo não seja mundo e sim fim de tudo. Nestas horas parece que deixar de viver é a única saída,  afinal a vida não nos pertence, é o maior presente de Deus.
Talvez o que está faltando de fato é um espaço maior para que o Deus da vida seja a direção de tudo e não as coisas de Deus que tomaram conta da  vida. O coração humano não precisa de coisas, quantas coisas sobrando e quantos mendigando um pouco de atenção, de amor e de afeto, proporcionando um caminho novo de que vale apena viver.
Nestes momentos em que não vemos mais por onde e como caminhar, resta-nos um olhar que vem do coração, de uma força superior às nossas, um olhar com os olhos de Deus; e isso só é possível pela fé. Uma fé que faz ver além das aparências, que faz brotar uma esperança viva capaz de dissipar as trevas, e devolver a luz e contemplar a beleza de amar e ser amados. As coisas passam, só amor permanece. O gosto de viver retorna quando somos capazes de ver a vida como presente de Deus e que só Ele tem o poder de tirá-la. Nada deste mundo pode dominar o direito de viver e viver com dignidade. O vazio,  a falta de sentido, o desgosto da vida desaparecerá, quando somos capazes de orar e fazer da vida uma oração e não somente fazer uma oração na vida. O gosto de viver será sempre vivo, quando as cruzes são pontes a atravessar e as vitórias lições para toda a vida e os joelhos calejados de tanto orar.
 Fonte: CNBB

Escolhido e enviado

Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba


Quando alguém é escolhido e enviado para exercer alguma missão na vida da sociedade, dependendo de sua criatividade e das iniciativas pessoais, há possibilidade de abertura de caminhos novos, porque o mundo apresenta uma vasta riqueza para dar condição de vida melhor. O Senhor escolheu e enviou os profetas e os apóstolos para guiar as pessoas na sua peregrinação como povo de Deus.
Deus continua escolhendo e enviando muitas pessoas para construir, de forma autêntica, o mundo e transformá-lo radicalmente na sua espiritualidade, na vida social, política, econômica etc. É o que aconteceu com seu próprio Filho, Jesus Cristo, para garantir um futuro de liberdade para aqueles que O reconhecem como Salvador. Hoje a missão é confiada a todos que Nele depositam esperança.
A missão requer do escolhido e enviado uma prática de envolvimentos sadios e responsáveis na comunidade. Ele deve ser liderança comprometida com as situações concretas que afetam positiva ou negativamente a vida das pessoas. Foi o que fez Jesus, servindo primeiro aos mais necessitados para dar-lhes dignidade, principalmente superando os reais preconceitos de seu tempo.
Para a realização do verdadeiro bem, é importante acolher a Palavra de Deus como perfil de referência para construir um caminho seguro e cheio de esperança. Caminho com pés fixados nos valores do Reino de Deus, livre das fortes influências presentes na mente flutuante dos tempos modernos. Superar os problemas que afetam o cotidiano de todas as pessoas, de modo particular os mais sofredores.
Em linhas gerais, o desenvolvimento econômico acontece com a exploração do povo e o acúmulo de poucos. O critério não condiz com a missão do cristão, porque ele é missionado para realizar os valores da justiça social, onde ninguém pode ficar marginalizado. Jesus fala da partilha como critério de paz social, porque todas as pessoas são valorizadas em sua condição saudável de vida.
Deus escolhe as pessoas para que trabalhem e promovam a verdadeira transformação e ressurreição das comunidades, fazendo delas ambientes acolhedores e capazes de harmonizar os ânimos dos que estão descontrolados. É na comunidade que as pessoas são chamadas para a prestação de serviço numa dimensão de gratuidade e espiritualidade samaritana, que caminha com todos.


Fonte: CNBB

Basta uma palavra sua...

Dom Caetano Ferrari
Bispo de Bauru


É do Evangelho da Missa de hoje - Lc 7,1-10 - uma declaração de fé que Jesus elogiou publicamente: “Senhor, não sou digno de que entres em minha casa, basta uma palavra sua e o meu servo será curado”. São palavras simples, mas de extraordinária confiança, que foram ditas por um oficial romano a alguns mensageiros para que as levassem até Jesus, confiando que Jesus curaria um seu empregado, que estava à beira da morte, porque já Lhe pedira a sua cura também por intermédio de alguns dos anciãos dos judeus e não duvidava que Jesus o atendesse. Conforme com os mensageiros, o oficial romano não queria incomodar a Jesus nem mesmo se sentia digno de ir ao seu encontro e, por isso, mandou dizer-Lhe que como oficial ele tem soldados sob a sua autoridade e sabe bem o que significa dar ordens e o que é obedecer: “Se ordeno a um: ‘Vai! ’, ele vai; e a outro: ‘Vem! ’, ele vem; e ao meu empregado: ‘Faze isto! ’, ele o faz”. Portanto, mandava dizer-Lhe que não se incomodasse em ir visitar o seu empregado. Jesus fez questão de dizer para a multidão que o seguia que ficou admirado com a fé daquele homem: “Eu vos declaro que nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé”.  
No exemplo do oficial romano vê-se com nitidez que o ponto central da sua fé é a sua total confiança em Jesus Cristo. Crer em Jesus é crer em Deus, porque Ele é verdadeiramente Deus e Homem. O cristianismo não é uma mera doutrina, mas é uma pessoa em quem cremos e confiamos. Como nos ensina o Catecismo, por Jesus conhecemos o Pai e o Espírito Santo, e assim professamos a fé, a esperança e o amor em Deus Uno e Trino. A fé não é, em primeiro lugar, um saber, mas um encontro com uma pessoa, Deus mesmo.  
Mas, é também dimensão importante da fé cristã confessar publicamente os conteúdos da fé, aquilo que cremos, as verdades e o saber relativo à doutrina, aos ensinamentos e preceitos que livremente acolhemos e procuramos viver por amor a Deus.  
Neste tempo de fé frágil ou de não fé em que vivemos, estou convencido de que é preciso voltar a falar das verdades essenciais da fé, isto é, de voltar ao Catecismo. É o que venho fazendo aqui também nesse espaço a conta-gotas.
Pois bem, permita-me aplicar-lhe mais outra gotícula ainda no campo da Doutrina Social da Igreja. Pessoas costumam perguntar aos Bispos e Padres qual a sua posição quanto à política, à economia e às questões sociais: Esquerda ou direita, conservador ou progressista ou liberal, petista ou algum outro partido de centro ou de direita, comunismo ou capitalismo, estatismo ou liberalismo? Quem me leu no domingo passado se não sabia ficou sabendo que a Igreja como instituição não tem partido político e os clérigos não participam da política partidária. O engajamento na política é tarefa dos fiéis leigos. (cf. Compêndio da Doutrina Social da Igreja, nº 50).  
A verdade fundamental da moral cristã, que é esquecida embora esteja no Catecismo, é que o pecado original é verdadeiro. Chesterton, um escritor convertido à fé católica do século passado, escreveu que “Os pais da ciência afirmaram que qualquer investigação teria que se fundamentar nos fatos. Esse mesmo conhecimento tiveram os pais do cristianismo, e fundamentaram-se num acontecimento empírico - o pecado -, tão evidente como haver batatas”. Também ele dizia que a política foi pedra de tropeço para a Igreja porque muitos dos seus representantes esqueceram-se do pecado, não obstante as suas melhores intenções. Segundo penso, ele está certo. Certo também é que o pecado se combate desmascarando o maligno com as verdades da fé. Basta que nos lembremos de que Jesus foi tentado pelo demônio no deserto com três tentações, todas de alcance político, mas Jesus venceu-as e mandou o demo às favas brandindo tão somente as verdades da Sagrada Escritura e não as argumentações filosóficas ou ideológicas.  
Gostei muito do que escreveu um jesuíta venezuelano, Pe. Luis Ugalde, sobre a grave situação política da Venezuela (cf. El Nacional, 14-04-2016). Ele buscou, a meu ver acertadamente, a verdade do Evangelho para argumentar. Tomou a parábola sobre o juízo final (cf. Mt 25). O Mestre diz aos bons: “Venham benditos de meu Pai porque tive fome e me destes de comer...” e diz aos maus: “Afastai-vos malditos, porque tive fome e não me destes de comer...” Não é difícil perceber aqui o pecado na linha divisória entre a boa pessoa e a má, entre o bom governo e o mau, entre a boa política e a má. O Padre continua dizendo que “Os responsáveis pela situação política, econômica e social recebem o louvor de Deus apenas se conseguem estruturas, instituições e condutas para que os famintos tenham acesso à comida e à sua produção, os doentes acesso à saúde e os injustamente presos acesso à liberdade. E a Igreja não pode calar quando se trata de defender a vida digna, embora a acusem de se meter na política”. O Padre prossegue: “Aqueles que roubaram milhares de milhões de dólares, que implantaram a ineptidão e a corrupção na administração pública e que mataram a produtividade da empresa, são aqueles que tiram o pão, a água, a saúde e a segurança”. Está aí o Padre a afirmar que as verdades da fé cristã precisam ser ditas com todas as letras. Por isso ele dirige-se a Deus com esta oração: “Senhor, ajuda-me a dizer a verdade perante os fortes e a não dizer mentiras para ganhar o aplauso dos fracos”. 
A missão da Igreja é anunciar a verdade na caridade. O Papa Bento XVI afirmou que o amor é uma força que tem a sua origem em Deus, ‘Amor eterno’ e Verdade absoluta. E concluiu: “Por isso, defender a verdade, propô-la na vida são formas exigentes e imprescindíveis de caridade” (Caritas in Veritate, 1). Então, denunciar o pecado é uma obrigação da caritas in veritate. Não esquecendo, como lembrou Chesterton, que o pecado original habita todos os homens e mulheres, entende-se a denúncia que o Padre jesuíta fez, denunciando o crime do atual regime político e governo venezuelano. No entanto, em sua mensagem não esqueceu de dizer que o pecado também existiu e existe em regimes e governos baseados em outros sistemas e partidos. 
 Fonte: CNBB

Papa aos Orionitas: coração “no cenáculo” e caridade sempre no caminho

2016-05-28 Rádio Vaticana

O Papa Francisco recebeu no final da manhã desta sexta-feira, (27/05), os participantes do Capítulo Geral da Pequena Obra da Divina Providência, conhecidos como Orionitas; a obra foi fundada por São Luis Orione.
Presente no encontro o novo Conselho Geral da Congregação, eleito nos dias passados. Como novo Superior Geral foi escolhido o brasileiro Padre Tarcísio Gregório Vieira. A Congregação, além do Brasil, está presente em 32 países.
Dom Orione pedia a vocês – disse o Papa no seu discurso aos presentes – para “procurar curar as feridas do povo, curar as suas enfermidades, ir ao encontro dele no moral e no material: desta forma, a vossa acção será não só eficaz, mas profundamente cristã e salvadora”.
“Essas indicações são mais do que nunca verdadeiras! De fato, fazendo isso, não só imitareis Jesus, o Bom Samaritano, mas oferecereis às pessoas a alegria de encontrar Jesus e a salvação que ele traz para todos. Na verdade, “quem se deixa ser salvo por Ele está livre do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo sempre nasce e renasce a alegria”, afirmou o Pontífice.
Todos nós estamos no caminho do seguimento de Jesus. Toda a Igreja – disse Francisco - é chamada a caminhar com Jesus nas estradas do mundo, para encontrar a humanidade de hoje que precisa - como escreveu Dom Orione - do “pão do corpo e do divino bálsamo da fé”.
Para encarnar no hoje da história essas palavras do vosso fundador e viver a essência do seu ensinamento, colocastes no centro das reflexões do Capítulo Geral a vossa identidade, resumida por Dom Orione no título de “servos de Cristo e dos pobres”.
"A estrada mestra é manter sempre unidas estas duas dimensões da vossa vida pessoal e apostólica. Fostes chamados e consagrados por Deus para permanecerdes com Jesus e servi-Lo nos pobres e nos excluídos da sociedade. Neles, tocais e servis a carne de Cristo e cresceis na união com Ele, vigiando sempre para que a fé não se torne ideologia e a caridade não se reduza à filantropia", advertiu Francisco.
O Papa destacou ainda que o anúncio do Evangelho, especialmente nos nossos dias, requer tanto amor ao Senhor, junto com uma particular iniciativa.
“Eu soube – continuou o Santo Padre – que quando ainda era vivo, o Fundador, em alguns lugares vós éreis chamados de “os padres que correm”, porque sempre vos viam em movimento, no meio do povo, com os passos rápidos de quem se preocupa. "Amor est via", (o amor é o caminho) recordava São Bernardo, o amor está sempre na estrada, no caminho.
O Pontífice fez então uma exortação: Com Dom Orione, também eu vos exorto a não permanecerdes fechados nos vossos ambientes, mas ir “para fora”.
Há tanta necessidade de sacerdotes e religiosos, não fiqueis apenas nas instituições de caridade – embora necessárias – mas que saibais ir além dos confins delas, para levar em todos os ambientes, mesmo o mais distante, o perfume da caridade de Cristo.
Nunca percam de vista nem a Igreja nem a sua comunidade religiosa, ao contrário, o coração deve estar lá no seu “cenáculo”, mas depois é preciso sair para levar a misericórdia de Deus a todos, sem distinção.
O Papa Francisco concluiu confiando a Congregação à materna protecção de Nossa Senhora, venerada pelos Orionitas como “Mãe da Divina Providência”.
(BS/SP)
(from Vatican Radio)
Fonte: News.VA

Missa em Santa Marta - Espírito na gaiola

«Profecia, memória e esperança»: são as três características que tornam livres as pessoas, o povo, a Igreja, impedindo que se acabe num «sistema fechado» de normas que engaiolam o Espírito Santo, recordou o Papa Francisco na missa celebrada na manhã de segunda-feira 30 de Maio na capela da Casa de Santa Marta.
«É claro a quem fala Jesus com esta parábola: aos chefes dos sacerdotes, aos escribas e aos idosos do povo» fez notar imediatamente o Papa referindo-se ao trecho evangélico de Marcos (12, 1-12) proposto pela liturgia. Portanto «para eles» o Senhor usa «a imagem da videira», que «na Bíblia é a imagem do povo de Deus, a imagem da Igreja e também da nossa alma». Assim, explicou Francisco, «o Senhor cura a videira, circunda-a, escava um buraco para a prensa, constrói uma torre».
Reconhece-se precisamente neste trabalho «todo o amor e ternura de Deus para criar o seu povo: o Senhor sempre fez isto com muito amor e ternura». E «ele lembra sempre a este povo quando lhe era fiel, quando o seguia no deserto, quando procurava o seu rosto». Mas «depois a situação inverteu-se e o povo apoderou-se deste dom de Deus» gritando: «Nós somos nós, somos livres!». Aquele povo «não pensa, não recorda que foram as mãos, o coração de Deus que o fez, e assim torna-se um povo sem memória, sem profecia, sem esperança».
Por conseguinte, é «aos chefes deste povo» que Jesus se dirige «com esta parábola: um povo sem memória perdeu a memória dom dom, da oferenda; e atribui a si mesmo aquilo que é: nós podemos!». Muitas vezes na Bíblia fala-se de «ascetas, profetas» – a firmou o Papa – e «o próprio Jesus sublinha a importância da memória: um povo sem memória não é povo, esquece as suas raízes, esquece a sua história».
Moisés no livro do Deuteronômio, repete várias vezes este conceito: «Recordai, recorda!». Com efeito, é «o livro da memória do povo, do povo de Israel; é o livro da memória da Igreja, mas é também o livro da nossa memória pessoal». É precisamente «aquela dimensão deuteronómica da vida, da vida de um povo ou da vida de uma pessoa, que faz voltar sempre às raízes para recordar e fazer com que não erremos no caminho». Ao contrário, as pessoas às quais Jesus se dirige com a parábola «tinham perdido a memória: tinham perdido a memória do dom, da prenda que Deus lhes tinha feito».
«Tendo perdido a memória, é um povo incapaz de dar lugar aos profetas», prosseguiu Francisco. De facto, o próprio Jesus lhes «diz que mataram os profetas, porque os profetas são incómodos, os profetas dizem-nos sempre aquilo que nós não queremos ouvir». E assim «Daniel em Babilónia lamenta-se: “Nós, hoje, não temos profetas!”». Palavras que encerram aquela realidade de «um povo sem profetas» que lhes «indiquem o caminho e lhes recordem: o profeta é aquele que recupera a memória e faz ir em frente». Eis porque «Jesus diz aos chefes do povo: “Vós perdestes a memória e não tendes profetas. Aliás: quando vieram os profetas, matatastes-los!”».
A atitude dos chefes do povo era evidente: «Não precisamos dos profetas, nós somos nós!”». Mas «sem memória e sem profetas – admoestou o Pontífice – torna-se um povo sem esperança, um povo sem horizontes, um povo fechado em si mesmo que não se abre às promessas de Deus, que não espera as promessa de Deus». Portanto, «um povo sem memória, sem profecia e sem esperança: este é o povo que os chefes dos sacerdotes, os escribas, os idosos fizeram do povo de Israel».
E «onde está a fé?», questionou-se Francisco. «Na multidão», respondeu, evidenciando que no Evangelho se lê: «Procuravam capturá-lo, mas tiveram medo da multidão». Com efeito, estas pessoas «tinham compreendido a verdade e, no meio dos seus pecados, tinham memória, estavam abertos à profecia, procuravam a esperança». Um exemplo, neste sentido, vem dos «dois idosos, Simeão e Ana, pessoas de memória, de profecia e de esperança».
Ao contrário, «os chefes do povo» legitimavam o seu pensamento circundando-se «de advogados, de doutores da lei, que fazem seu um sistema jurídico fechado: acho – comentou o Pontífice – que havia quase seiscentos mandamentos». E assim «fechado, seguro», era o seu pensamento, com a ideia que «se salvarão aqueles que fizerem isto; dos outros não nos interessa, a memória não interessa». No que diz respeito à «profecia: melhor que os profetas não venham» E «a esperança? Mas, cada um a verá». Este «é o sistema através do qual legitimam: doutores da lei, teólogos que percorrem sempre o caminho da casuística e não permitem a liberdade do Espírito Santo; não reconhecem o dom de Deus, o dom do Espírito e engaiolam o Espírito, porque não permitem a profecia na esperança».
É precisamente este «o sistema religioso ao qual Jesus fala». Um sistema «de corrupção, de mundanidade e de concupiscência», como diz o trecho da segunda carta de São Pedro (1, 2-7), proposto na primeira leitura. Até o próprio Jesus «foi tentado a perder a memória da sua missão, a não dar lugar à profecia e a escolher a segurança em vez da esperança». A este propósito o Papa recordou «as três tentações no deserto: “Faz um milagre e demonstra o teu poder!”; “Lança-te do pináculo do templo e assim todos acreditarão!”; “Adora-me!”».
«A estas pessoas Jesus, dado que conhecia por experiência a tentação» do «sistema fechado», reprova o facto de percorrer «meio mundo para obter um prosélito» e para o tornar «escravo». E assim «este povo tão organizado, esta Igreja tão organizada, cria escravos». A ponto que «se compreende como reage Paulo, quando fala da escravidão da lei e da liberdade que a graça te proporciona». Porque «um povo é livre, uma Igreja é livre quando tem memória, quando dá lugar aos profetas, quando não perde a esperança».
«Que o Senhor nos ensine esta lição, também para a nossa vida» auspiciou Francisco na conclusão, sugerindo que perguntemos a nós mesmos com um verdadeiro exame de consciência: «Será que tenho memória das maravilhas que o Senhor fez na minha vida? Tenho memória dos dons do Senhor? Sou capaz de abrir o coração aos profetas, ou seja, ao que me diz: “isto não está bem, tens que ir por outro lado, vai em frente, arrisca”, como fazem os profetas? Será que estou aberto a isto ou sou medroso e prefiro fechar-me na gaiola da lei?». E por fim: «Será que tenho esperança nas promessas de Deus, como teve o nosso pai Abraão, que saiu da sua terra sem saber para onde ia, somente porque esperava em Deus?».
Fonte: News.VA

Crianças do mundo unam-se às da Síria em oração pela Paz - Papa no Angelus


2016-05-29 Rádio Vaticana
No final da Missa, nas palavras proferidas antes da oração do Angelus, o Papa Francisco saudou de forma especial os “Caros Diáconos, vindos da Itália e de diversos Países”, agradecendo-lhe pela “sua presença hoje, mas sobretudo na Igreja”.
Depois, saudou os peregrinos, mencionando de modo particular a Associação europeia dos “Schutzen”, organismo nascido há cerca de um século e meio na Alemanha e que anima a vida católica nas aldeias.
O Papa citou também os participantes no “Caminho do Perdão” promovido pelo Movimento Celestiano; a Associação nacional italiana para a “Tutela das Energias Renováveis” empenhada em acções de educação à preservação do Ambiente.
Recordou ainda que hoje se celebra o Dia Nacional italiano do Alívio, que tem por objectivo ajudar as pessoas a viver bem a fase final da existência terrena; assim como a tradicional peregrinação que se realiza neste domingo na Polónia, junto do Santuário mariano de Piekary e pediu à Mãe da Misericórdia para que apoie as famílias e os jovens em direcção à Jornada Mundial da Juventude em Cracóvia.
E no aproximar-se do Dia Internacional da Criança, Francisco disse:
Quarta-feira próxima, 1 de Junho, por ocasião da Jornada Internacional da Criança, as comunidades cristãs da Síria, tanto católicas como ortodoxas, viverão juntas uma oração especial para a paz, que terá como protagonistas a própria criança. As crianças sírias convidam as crianças do mundo inteiro a unirem-se com elas em oração pela paz”.
E o Papa concluiu invocando por estas intenções todas a intercepção de Nossa Senhora, confiando-lhe ao mesmo tempo a vida e o ministério dos Diáconos do mundo. 
(DA)
(from Vatican Radio)
Fonte: News.Va

9º Domingo do Tempo Comum – C

Homilia A cura do servo


"Olhai para mim Senhor, e tende piedade, pois vivo sozinho e infeliz. Vede minha miséria e minha dor e perdoai todos os meus pecados"(Sl 24,16.18).
No encantamento do tempo comum, das coisas cotidianas, depois de termos celebrado as festas da Santíssima Trindade e de “Corpus Christi” os domingos se revestem da beleza do dia a dia e Nosso Senhor Jesus nos é apresentado pela Mãe Igreja como o único mediador da salvação.
Meus queridos irmãos,
Na Primeira Leitura(cf 1Rs 8,41-43) o rei Salomão reza para que Deus atenda os estrangeiros. Na grande oração da Dedicação do Templo de Jerusalém, Salomão não reza apenas pela casa de Davi e o povo de Israel, mas, também, pelos estrangeiros que aí virão adorar ao Deus de Israel e do Universo. E o templo será a casa de oração para todas as nações. Deus quer ficar acessível às necessidades de todos os homens. A única condição indicada na leitura do primeiro livro dos Reis para se poder praticar o culto é crer no nome de Deus(cf. Ex 12,48), isto é, em Deus por uma fé que se baseia em sua ação salvífica na história.
Em sua oração, o rei Salomão exalta o templo como o centro gravitacional de todos os povos. Apesar de confessar que nem “os céus dos céus podem conter Deus” (8,27), é para o templo de Jerusalém que os estrangeiros poderão acorrer para reconhecer “a grandeza do vosso nome, a força de vossa mão e o poder do vosso braço”, conforme expressa o texto deste domingo. Ainda mais, é a partir desse lugar que “todos os povos da terra conhecerão o vosso nome, vos temerão como o vosso povo de Israel e saberão que o vosso nome é invocado sobre esta casa que edifiquei”.
A fé é universal, conforme nos ensina a bela oração de Salomão na ocasião da Dedicação do Templo. O Rei Salomão pede a Deus também pelos que acorrem de longe para rezarem no Templo de Jerusalém.
Caríssimos fiéis,
O Evangelho de São Lucas(Lc 7,1-10) apresenta hoje a fé de um pagão, um oficial romano, que morava em Cafarnaum. O centurião de Cafarnaum é um pagão, porém, envergonha os representantes da sinagoga por sua fé em Jesus, “o Senhor”(cf. Lc 7,6), e na força salvífica de sua palavra. São Lucas descreve o centurião como um homem que teme a Deus, um pagão que serve de exemplo para os judeus. O Evangelista Lucas revela-se aqui como o evangelista “ecumênico”, descobrindo os valores “pré-cristãos” em todo o mundo.  Claro aqui está a emocionante fé do Centurião. Vejamos, novamente, que o centurião é cidadão romano. O centurião é pagão, mas estima muito o judaísmo. Fica evidente que o Centurião se acha indigno de fazer um pedido direto a Jesus para que cure o seu funcionário. O Centurião manda os anciãos de Cafarnaum pedir a cura de seu empregado a Jesus, e estes anciãos não tinham como negar o pedido do Centurião, porque ele próprio havia ajudado na edificação de uma Sinagoga na cidade de Cafarnaum. Com a insistência dos anciãos para que Jesus vá ao encontro do Centurião ele caminha com eles na direção da casa do cidadão romano. Ainda no caminho o centurião romano lhes corre ao encontro e proclama: “Não, Senhor, não entre em minha casa. Eu não sou digno. Mas fale uma só palavra, que meu servo fica bom. Pois eu sei o que uma palavra é capaz de fazer quando a gente tem poder de mandar, sou militar!” E, Jesus, cura o servo, à distância.
Aqui o que está em evidência é a grande fé do homem romano, estrangeiro e pagão, que não colocou pré-condições, mas acreditou: “Eu sei o que é mandar – mande, Senhor!”. Uma fé profunda, que passou primeiro pela mediação dos anciãos da cidade, e que, depois, ele mesmo corre ao encontro do Senhor. Isso levou o próprio Senhor Jesus a dizer: “Eu vos declaro que nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé”(cf. Lc. 7, 9).
Esta fé, que procede do sentimento da própria inteligência e indignidade diante dos benefícios de Deus, foi motivo da salvação na casa do centurião. O centurião sabe que para obter os benefícios de Deus, ele precisa passar através dos judeus e parece que assim também pensam os judeus, insistindo em que Jesus faça uma exceção: “Ele é digno”. Mas com a vinda de Jesus as coisas mudam: a salvação é para todos os que têm fé e só para esses(cf. Rm 3,22).
Prezados irmãos,
As comunidades cristãs, organizadas após a morte e a ressurreição de Jesus, alimentam-se essencialmente da Palavra. “Dize somente uma palavra e meu servo será curado”. As comunidades de fé e de amor são o novo templo, o lugar da presença libertadora de Jesus. Nelas não pode haver discriminação de pessoas. Judeus e estrangeiros são igualmente portadores da boa notícia da vida em plenitude. É missão dos cristãos difundir o Evangelho pelo mundo afora. Lucas vai dedicar-se, no livro de Atos dos Apóstolos, a mostrar a trajetória da Palavra “de Jerusalém aos confins do mundo” (At 1,8). A Palavra que liberta não tem fronteiras. Não é um sistema religioso nem os laços de sangue que determinam a pertença ao Reino de Deus, e sim a prática da justiça, como vai expressar o apóstolo Pedro na casa de outro centurião, chamado Cornélio: “De fato, estou compreendendo que Deus não faz discriminação entre as pessoas. Pelo contrário, ele aceita quem o teme e pratica a justiça, qualquer que seja a nação a que pertença” (At 10,34-35).
Caros irmãos,
A Segunda Leitura desta liturgia(cf. Gl 1,1-2,6-10) nos apresenta o Evangelho de Paulo. São Paulo mesmo operou a primeira evangelização da Galácia, país subdesenvolvido, muito exposto a qualquer novidade. Agora vieram outros missionários, confundindo as jovens nascentes comunidades, impondo costumes judaicos – como a circuncisão – também aos cristãos de origem pagã. Estes missionários consideravam o cristianismo apenas como uma variante do Judaísmo. São Paulo, então, escreveu a carta de hoje com intensa preocupação. Não se trata de uma pessoa, mas da pureza de seu Evangelho. A garantia desta pureza é que Deus, que ressuscitou o Cristo dos mortos, também chamou a São Paulo.
A segunda leitura nos oferece a saber qual é o critério para reconhecer, independentemente dos pregadores, qual é o verdadeiro Evangelho? Os cristãos devem saber que existe uma norma objetiva da pregação e da fé(cf. 1Cor 15,3-4) contra a qual ninguém pode ir,  nem Paulo nem um colaborador dele, nem um anjo. A norma é esta: Cristo é o único mediador da salvação. Se alguma doutrina procura modificar esta verdade, não pode ser evangelho.
A que Evangelho Paulo se refere? No conjunto da carta, constata-se que se refere ao “Evangelho da liberdade”, que se baseia na certeza de que a salvação é obra gratuita de Deus por Jesus Cristo. Já não tem sentido a obrigatoriedade da circuncisão nem do legalismo. Já não têm sentido as barreiras entre povos. Agora todos fazem parte do corpo de Cristo: “Não há mais diferença entre judeu e grego, entre pessoa escrava e livre, entre homem e mulher, pois todos vocês são um só em Jesus Cristo” (3,28). Cristo uniu a todos numa única família e concedeu a todos a verdadeira liberdade: “É para sermos livres que Cristo nos libertou. Portanto, fiquem firmes e não se submetam de novo ao jugo da escravidão” (5,1). Para São Paulo, é fundamental compreender e assumir esse Evangelho, que torna as pessoas maduras, convictas, responsáveis e já não dependentes de normas externas. É uma vida pautada segundo o Espírito de Deus. Não há outro Evangelho. Caso contrário, coloca-se a perder o significado da vida, da morte e da ressurreição de Jesus Cristo.
A lei fica sempre exterior ao homem e não pode, de modo algum, mudar o homem; ainda que possa observar todas as leis, o homem não mudará. Se o homem não fosse pecador interiormente, não teria necessidade de ser mudado. Mas o homem, todo homem, é pecador, e só Deus pode transformá-lo; a lei não pode. É Cristo que opera tudo isso no homem. São Paulo convida os gálatas a escolher entre a lei e Cristo.
Queridos irmãos,
É no amor que o homem se realiza, na comunhão com Deus e com os outros. E isto só é possível em Cristo. Ele á a aliança entre Deus e a pessoa humana, a comunhão realizada de modo perfeito, porque verdadeiro homem e verdadeiro Deus. Por isso, é só se unindo vitalmente em Cristo que o homem se salva como homem.
Prezados fiéis,
Devemos, neste dia, relembrar o que nos ensina o Concílio Vaticano II: “Finalmente, aqueles que ainda não receberam o Evangelho, estão de uma forma ou outra orientados para o Povo de Deus (32). Em primeiro lugar, aquele povo que recebeu a aliança e as promessas, e do qual nasceu Cristo segundo a carne (cfr. Rom. 9, 4-5), povo que segundo a eleição é muito amado, por causa dos Patriarcas, já que os dons e o chamamento de Deus são irrevogáveis (cfr. Rom. 11, 28-29). Mas o desígnio da salvação estende-se também àqueles que reconhecem o Criador, entre os quais vêm em primeiro lugar os muçulmanos, que professam seguir a fé de Abraão, e conosco adoram o Deus único e misericordioso, que há-de julgar os homens no último dia. E o mesmo Senhor nem sequer está longe daqueles que buscam, na sombra e em imagens, o Deus que ainda desconhecem; já que é Ele quem a todos dá vida, respiração e tudo o mais (cfr. Act. 17, 25-28) e, como Salvador, quer que todos os homens se salvem (cfr. 1 Tim. 2,4). Com efeito, aqueles que, ignorando sem culpa o Evangelho de Cristo, e a Sua Igreja, procuram, contudo, a Deus com coração sincero, e se esforçam, sob o influxo da graça, por cumprir a Sua vontade, manifestada pelo ditame da consciência, também eles podem alcançar a salvação eterna (33). Nem a divina Providência nega os auxílios necessários à salvação àqueles que, sem culpa, não chegaram ainda ao conhecimento explícito de Deus e se esforçam, não sem o auxílio da graça, por levar uma vida reta. Tudo o que de bom e verdadeiro neles há, é considerado pela Igreja como preparação para receberem o Evangelho (34), dado por Aquele que ilumina todos os homens, para que possuam finalmente a vida. Mas, muitas vezes, os homens, enganados pelo demônio, desorientam-se em seus pensamentos e trocam a verdade de Deus pela mentira, servindo a criatura de preferência ao Criador (cfr. Rom. 1,21 e 25), ou então, vivendo e morrendo sem Deus neste mundo, se expõem à desesperação final. Por isso, para promover a glória de Deus e a salvação de todos estes, a Igreja, lembrada do mandato do Senhor: «pregai o Evangelho a toda a criatura» (Mc. 16,16), procura zelosamente impulsionar as missões”(Cf. LG 16).
Os bispos, na Conferência de Aparecida, disseram: “Neste momento, com incertezas no coração, perguntamo-nos com Tomé: “Como vamos saber o caminho?” (Jo 14,5). Jesus nos responde com uma proposta provocadora: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14,6). Ele é o verdadeiro caminho para o Pai., quem tanto amou ao mundo que deu a seu Filho único, para que todo aquele que nele creia tenha a vida eterna (cf. Jo 3,16). Esta é a vida eterna: “que te conheçam a ti o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo teu enviado” (Jo 17,3). A fé em Jesus como o Filho do Pai é a porta de entrada para a Vida. Como discípulos de Jesus, confessamos nossa fé com as palavras de Pedro: “Tuas palavras dão vida eterna” (Jo 6,68); “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo” (Mt 16,16)” (DAp 101).
Homilia dominical por: Padre Wagner Augusto Portugal

A nossa felicidade está em fazer o bem


Queremos ser felizes? Façamos o bem em todos os momentos


 
As palavras para reflexão estão em Romanos 12,17-21:

"A ninguém pagueis o mal com o mal. Empenhai-vos em fazer o bem diante de todos. Na medida do possível e enquanto depender de vós, vivei em paz com todos. Caríssimos, não vos vingueis de ninguém, mas cedei o passo à ira de Deus, porquanto está escrito: 'A mim pertence a vingança, eu retribuirei, diz o Senhor'. Pelo contrário, se teu inimigo estiver com fome, dá-lhe de comer; se estiver com sede, dá-lhe de beber. Agindo assim, estarás amontoando brasas sobre sua cabeça. Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal pelo bem."

Peçamos a Deus a graça de nos libertarmos da inveja, pois ela nos leva a cometer atos terríveis. Se quisermos ser felizes, não há outro caminho que não seja o bem. Quem precisa nos mover é o Espírito Santo!

Façamos o bem e escolhamos viver em paz com nós mesmos e com nossos irmãos. A infelicidade toma conta de nós quando permitimos que coisas ruins entrem em nosso coração.

A felicidade não está nos bens materiais, no sucesso, num cargo ou no reconhecimento das pessoas, mas sim em nosso interior. Somos nós quem escolhemos o que habita dentro de nós. Qual é a nossa escolha: perdão ou amargura?

Quando nosso coração está no processo de cura interior, é porque estamos dando passos para construir nossa felicidade. Buscamos cura? Empenhemo-nos em fazer o bem e amar ao próximo.

Na medida do possível e enquanto depender de nós, vivamos em paz com todos. O Senhor não nos condena, mesmo que mereçamos; então, não cabe a nós julgarmos nossos irmãos. Somente Deus conhece a real intenção do nosso coração.

Culpar os outros e ter prazer em ouvir comentários negativos é um vício que destrói a nossa alma. O fraco sempre maquina em seu coração o mal. Peçamos ao Senhor a graça da fortaleza e a libertação dos sentimentos que nos levam a pecar.

Tenhamos um coração cheio de amor. É uma grande dificuldade amar quem não gostamos. Ser de Cristo é amar quem não merece. Quem acredita em Jesus ama quem não merece.

Colocando amor, sempre encontraremos amor. Amando, seremos amados. O mal se vence com o bem. Por isso, amemos e façamos sempre o bem.

Márcio Mendes
Missionário da Comunidade Canção Nova

Liturgia Diária - 9ª Semana Comum - Segunda-feira 30/05/2016

Primeira Leitura (2Pd 1,2-7) 
Leitura da Segunda Carta de São Pedro.
Caríssimos, 2graça e paz vos sejam concedidas abundantemente, porque conheceis Deus e Jesus, nosso Senhor. 3O seu divino poder nos deu tudo o que contribui para a vida e para a piedade, mediante o conhecimento daquele que, pela sua própria glória e virtude, nos chamou. 4Por meio de tudo isso nos foram dadas as preciosas promessas, as maiores que há, a fim de que vos tornásseis participantes da natureza divina, depois de libertos da corrupção, da concupiscência no mundo. 5Por isso mesmo, dedicai todo o esforço em juntar à vossa fé a virtude, à virtude o conhecimento, 6ao conhecimento o autodomínio, ao autodomínio a perseverança, à perseverança a piedade, 7à piedade o amor fraterno e ao amor fraterno, a caridade.

- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.

Salmo de Hoje (Sl 90)

— Vós sois meu Deus, no qual confio inteiramente.
R- Vós sois meu Deus, no qual confio inteiramente.
— Quem habita ao abrigo do Altíssimo e vive à sombra do Senhor onipotente, diz ao Senhor: “Sois meu refúgio e proteção, sois meu Deus, no qual confio inteiramente”.
— “Porque a mim se confiou, hei de livrá-lo e protegê-lo, pois meu nome ele conhece. Ao invocar-me hei de ouvi-lo e atendê-lo, a seu lado eu estarei em suas dores.
— Hei de livrá-lo e de glória coroá-lo, vou conceder-lhe vida longa e dias plenos, e vou mostrar-lhe minha graça e salvação”.

Compreendendo e Refletindo


Precisamos pedir um coração acolhedor, sábio, sensível às coisas divinas para não desprezarmos o que é de Deus

“Então agarraram o filho, o mataram, e o jogaram fora da vinha” (Marcos 12, 8).

Na parábola que escutamos no Evangelho de hoje, aconteceu um fato muito triste e dramático ao mesmo tempo. Veja bem: o homem plantou sua vinha, cuidou dela com muito amor e carinho, mas arrendou sua vinha para alguns agricultores, porque precisou viajar para longe. Mesmo distante, mandou que seu empregado fosse aos agricultores para saber como estava a sua vinha.
Os agricultores que estavam apenas cuidando da vinha daquele homem bateram e insultaram o empregado enviado, mandaram-no de volta e não o acolheram. O dono da vinha repetiu o mesmo, mandou um outro empregado ao encontro dos agricultores, que também foi rejeitado por eles, de modo que o mataram. Assim, tantos outros que foram ao encontro dos agricultores saber como estava a vinha.
Para tomar uma satisfação completa, para tomar posse da sua vinha, o agricultor mandou seu próprio filho ao encontro deles. Porém, nem o próprio filho respeitaram; agarram, mataram e jogaram-no para fora da vinha.
A parábola pode nos dizer tantas coisas, mas, no fundo, ela representa, na história da humanidade, todos os enviados que vieram pregar em nome do Senhor, mas não foram aceitos nem acolhidos; foram rejeitados, desprezados e jogados para fora.
O caso, por excelência, é o próprio Filho de Deus, Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, que não foi acolhido nem aceito, mas morto numa cruz como o “desprezado”.
Sabe, meus irmãos, ouvindo a Palavra de Deus que vem hoje ao nosso encontro, precisamos pedir ao Senhor a graça de não desprezarmos as profecias, os ensinamentos divinos nem os enviados d’Ele. Peçamos a Deus um coração aberto para as Suas manifestações em nossa vida!
Alguns podem dizer: “Ah, eu não desprezo ninguém!”. Muitas vezes, Deus fala conosco nas pequenas coisas e situações, mas nos falta uma atitude de acolhida, falta-nos dar atenção à Palavra de Deus a cada dia, à Eucaristia, que é a presença por excelência de Deus no meio de nós.
Precisamos pedir um coração acolhedor, sábio, sensível às coisas divinas para não desprezarmos o que é de Deus! E aí algo muito importante: não permita que o ressentimento e a mágoa apaguem a graça enviada ao seu coração. Não permita que decepções com situações mal vividas e mal resolvidas na casa de Deus apaguem o dom da graça do Senhor!
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo- Canção Nova

Evangelho (Mc 12,1-12)

— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Marcos
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 1Jesus começou a falar aos sumos sacerdotes, mestres da Lei e anciãos, usando parábolas: “Um homem plan­tou uma vinha, cercou-a, fez um lagar e construiu uma torre de guarda. Depois arrendou a vinha a alguns agricultores, e viajou para longe. 2Na época da colheita, ele mandou um empregado aos agricultores para receber a sua parte dos frutos da vinha.
3Mas os agricultores pegaram no empregado, bateram nele, e o mandaram de volta sem nada. 4Então o dono da vinha mandou de novo mais um empregado. Os agricultores bateram na cabeça dele e o insultaram.5Então o dono mandou ainda mais outro, e eles o mataram. Trataram da mesma maneira muitos outros, batendo em uns e matando outros. 6Restava-lhe ainda alguém: seu filho querido. Por último, ele mandou o filho até aos agricul­tores, pensando: ‘Eles respeitarão meu filho’. 7Mas aqueles agri­cultores disseram uns aos outros: ‘Esse é o herdeiro. Vamos matá-lo, e a herança será nossa. 8Então agarraram o filho, o mataram, e o jogaram fora da vinha. 9Que fará o dono da vinha? Ele virá, destruirá os agricultores, e entregará a vinha a outros. 10Por aca­so, não lestes na Escritura: ‘A pedra que os construtores deixa­ram de lado, tornou-se a pedra mais importante; 11isso foi feito pelo Senhor e é admirável aos nossos olhos?'”
12Então os chefes dos judeus procuraram prender Jesus, pois compreenderam que havia contado a parábola para eles. Po­rém, ficaram com medo da multidão e, por isso, deixaram Je­sus e foram-se embora.

— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.