segunda-feira, 30 de abril de 2018

O poder da caridade


A caridade, amor em obras, tem um poder imenso de transformação. Como é forte o coração que ama, que não mede esforços para ajudar.
A caridade brota do coração do próprio Deus, da consciência, sacrário da criatura humana, e jorra pelas mãos solidárias e comprometidas do discípulo de Cristo Jesus. Brota de Deus, por que Ele é o próprio amor! Criou-nos por amor, não precisava nos criar.
Não acrescentamos nada a Deus, Ele é Deus conosco e sem nós. Nossa existência, orações, atitudes… Não aumentam ou diminuem a Deus. Pelo contrário nós é que somos beneficiados quando oramos, ou agimos em Deus. Contudo, Ele quis nos criar e, “num excesso de amor”, nos criou à sua imagem e semelhança.
Quis precisar de nós, aguardou o Sim de Abraão, Moisés, dos Profetas, de Maria. Pede permissão para entrar na sua casa, no seu coração. “E para aquele que abrir a porta, Ele entrará … “( Ap3,20). Você pode ser um missionário da caridade, um Apóstolo… mas antes deverá ser Discípulo! Conhecer a verdade é condição para o exercício do amor sincero, pois a verdade ilumina os gestos. Jesus é a verdade, e Ele a revela em suas palavras ungidas, na simplicidade de seu comportamento, na coerência de sua vida, na compaixão e na alteridade.
Tudo o que fizermos não terá sentido sem o amor. Por isso tantas vidas são vazias e fúteis. São João da Cruz, grande místico já dizia: “Advirtam, pois aos que são muito ativos, que pensam abarcar o mundo com suas pregações e obras exteriores, que fariam muito bem e agradariam muito mais a Deus, sem falar no bom exemplo que dariam, se gastassem ao menos a metade deste tempo em estar com Deus em oração… Com isso fariam mais, e com menos trabalho, com uma só obra de que com mil, alcançando merecimento de sua oração e recobrando forças espirituais com ela; do contrário, tudo não passa de agitação, de fazer pouco mais que nada e, às vezes, nada e, outras vezes, dano”.
O ativismo não é sinônimo de realização. Sabemos da velocidade das informações, da era tecnológica que vivemos, contudo, devemos nos lembrar que ainda somos humanos e temos por missão convivermos e apoiarmos uns aos outros na trajetória, na grande travessia.
E que no final das contas, valerá a partilha que fizemos entre nós, da experiência do amor. Corremos o risco de no ativismo, aumentarmos a distância e a incoerência entre o que fazemos e falamos. Uma das expressões do ativismo é a falta de renovação na vida pessoal. Estudo, oração, descanso. O ativista dá a impressão de que é necessário, como estilo de vida, um grande volume de trabalho externo. E pode ser uma fuga dos problemas e de suas soluções.
Pode também ser atacado pela impaciência e o desânimo, que são gêmeos. Ambos são filhos do orgulho, da auto-suficiência, do esquecer que “tanto o que planta como o que rega, não são nada, e sim Deus que faz crescer”(1Cor3,7).
Que o poder da caridade vença a força da destruição e do vazio que vai se instalando no coração de tantos seres insensíveis, produzidos por uma geração que enaltece o provisório, o descartável e a felicidade comprada.
A única força capaz de gerar uma pessoa melhor, uma família com mais harmonia, um clima melhor no trabalho, uma religião que atinja seus objetivos e uma sociedade mais solidária, virá de dentro de cada um de nós, depois de bebermos na única fonte: o Sagrado Coração de Jesus.
Cônego Vonilton Augusto Ferreira
Fonte: Catequese Católica

Amar a Igreja


Amar a Igreja (1º de 3)
Vejo, com profunda tristeza, surgirem, aqui e ali, nas redes sociais, palavras pesadas, injúrias, calúnias, habilmente forjadas, contra a Igreja Católica e contra a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, CNBB.
Tais fatos brotam ou de inimigos da Igreja de Jesus Cristo ou de pessoas católicas, menos avisadas, que acolhem, inocentemente, informações deturpadas – fake News – e que se deixam impressionar e se influenciar por aqueles que, profissionalmente, são hábeis na mentira e inimigos da Igreja.
Quanto aos primeiros, deles não se pode esperar flores ou aplausos. Aliás a Igreja não precisa disso nem pode se interessar por isso. Ela tem uma missão a cumprir, recebida do  próprio Jesus. Aquelas pessoas fazem o que sabem fazer.
Quanto aos católicos, que participam assiduamente dos sacramentos e da vida da Igreja, e que conservam,  no coração, o amor à Igreja que aprenderam de seus pais, esses, penso, sofrem na sua carne tais ofensas, calúnias e ficam a se questionar quanto à verdade das mesmas.
Há ainda os católicos que, sem culpa e por circunstâncias diversas, não tiveram a oportunidade de conhecer melhor a Palavra de Deus na Bíblia, nem de conhecer a Igreja, seus ensinamentos e participar com frequência de suas celebrações. Esses se deixam levar mais facilmente por tais notícias e até se permitem agredir a Igreja que os acolheu e pela qual nunca fizeram o menor sacrifício, nem com Ela se comprometeram. O bom filho não fala mal de sua Mãe, mesmo quando imagina estar ela equivocada.
Há, ainda, felizmente, os católicos que amam, de fato, a Igreja e que percebem possíveis falhas em alguns de seus dirigentes. Assim como os sinais do semáforo não perdem seu valor pelos defeitos do poste que os sustenta, também o sacerdote não perde o dom de ser portador da graça de Deus por causa de suas fraquezas.
A natureza humana do sacerdote pode estar prejudicada naquilo que ele deveria ser como sacerdote de Jesus Cristo, mas o sacerdócio de Jesus Cristo, que está presente nele, continua exercendo a sua força de santificação.
Quando isso vem a acontecer, o caminho para o cristão seria o de procurar o seu sacerdote e, com humildade, caridade e serenidade, apresentar-lhe o que não está correto, mostrando-lhe uma sugestão de melhoria. Se, por acaso, ele não o escutar, deve procurar outro sacerdote que possa ajudar aquele irmão Padre em suas dificuldades. Se necessário, depois, deve, então, procurar um contato com seu Bispo Diocesano, que sempre deve estar pronto a ajudar o seu sacerdote. É o que Jesus nos ensina em Mateus 18, 15 a respeito da correção fraterna.
Dirijo minhas palavras a todos os bons filhos de Deus. Quero ajudá-los, tranquilizá-los e conservá-los no amor afetuoso à única Igreja de Jesus Cristo, a Igreja Católica.
Georges Bernanos, em sua obra premiada pela Academia Francesa de Letras – “Diário de um Pároco de Aldeia” –, referindo-se aos padres diocesanoscoloca nos lábios do Pároco de Torcy estas palavras: “[…] multidão venerável de sacerdotes zelosos, irrepreensíveis, que consagram suas forças às esmagadoras tarefas do ministério”[1].  Disse-me o Cardeal Dario Castrillon, então Prefeito da Congregação para o Clero: “Os padres são o grande e maravilhoso exército que carrega a Igreja nas costas!” Cada sacerdote  age segundo seus dons e segundo a missão que recebeu.
Não faltam, sem dúvida, em nossas paróquias, leigos comprometidos e empenhados e que dão, com generosidade, sacrifício e perseverança, o melhor de si para a catequese, para as pastorais e para os diversos ministérios que sustentam a vida paroquial. Sob a orientação de seu Bispo e em união com ele, o Padre é, contudo, o coração, a cabeça e a alma da Paróquia! Ele se santifica e santifica seu povo. Ele anima os fracos, consola e alivia os que sofrem, alegra os tristes, incentiva os lentos, equilibra os apressados, orienta os duvidosos e inseguros, anunciando a todos Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida (Jo 14,6).
O que sustenta o coração de um sacerdote, o que dá o brilho de alegria a seus olhos no exercício do seu ministério é seu amor a Cristo e à Igreja. O sacerdote não corre, nem pode correr atrás de aplausos.
Amar a Igreja
Perguntei, certa vez, a uma pessoa: “o que significa amar a Igreja?”
Ela me respondeu:
Amo a Igreja porque, na Igreja, recebo o Batismo, que é a fonte de minha vida espiritual. Tenho, também, na Igreja, os demais sacramentos que são alimento dessa vida: na Igreja, encontro o perdão de meus pecados; a grande força da Eucaristia que me sustenta nas dificuldades e desafios da vida; pelo sacramento da Crisma, recebo da Igreja os dons do Divino Espírito Santo; pela Igreja, o meu amor matrimonial, que é humano, é transformado, é vivificado e fortalecido pelo Amor Divino; e, pelo sacramento da Unção dos Enfermos, encontro a força espiritual e o remédio na doença.
Amo também a Igreja, porque, na catequese, na pregação dos sacerdotes, nos ensinamentos dos Bispos e dos Papas, tenho a segurança de estar recebendo com autenticidade os ensinamentos de Jesus.
Amo ainda a Igreja pelo manancial de temas de espiritualidade e de doutrina, acumulados na sua história, desde os primeiros séculos do cristianismo, quer nos livros dos Santos Padres, quer nos escritos de tantos santos que nos ajudam no aperfeiçoamento de nossa vida cristã.
A Igreja oferece, também, o testemunho desses santos, que viveram as dificuldades de sua época e que foram fiéis aos ensinamentos de Jesus. Eles são como um espelho em que encontro as forças para dar, hoje, o meu testemunho de vida cristã.
Eu fiquei pensando: a resposta é bonita, mas isso não é AMAR A IGREJA!
Tudo o que a pessoa respondeu é verdade, mas devo fazer aqui uma consideração importante: essa pessoa não ama a Igreja, ela gosta da Igreja; ela busca a Igreja para levar suas vantagens – vantagens boas e, até santas, mas vantagens!…
Gostar é possuir, é querer ter as coisas em proveito próprio. “Gostar” é uma palavra que, corretamente, só pode ser aplicada às coisas, às plantas, aos animais. As crianças gostam do sorvete, do picolé, do chocolate. E, porque gostam, os destroem em benefício próprio. Os adultos gostam do churrasco, da cerveja, do vinho e, porque gostam, os destroem.
Posso, também, gostar de uma roupa que me dá conforto, de um carro ou de uma casa. Posso, ainda, gostar de uma cidade enquanto desfruto em meu benefício o que ela pode oferecer para a minha realização pessoal, para o meu conforto, para o meu deleite ou prazer, ou para o bem de minha família.
Assim, também, poderia até gostar da Igreja ou da Paróquia, pelos benefícios ou vantagens que delas posso receber. Poderia, também, erroneamente, gostar de uma pessoa pelas vantagens que sua amizade me ofereceria.
Mas, de fato, não posso gostar de uma pessoa. Ela é filha de Deus e, enquanto tal, não pode ser possuída nem instrumentalizada em favor de outrem. Eu não posso usá-la e, pior ainda, destruí-la em meu proveito. Não posso, também, gostar de uma realidade ou de um ser espiritual-divino, pois não posso colocar tal entidade espiritual-divina a meu serviço ou a serviço de meus interesses e prazeres. A Igreja é uma realidade transcendente, espiritual, divina. A Igreja só pode ser amada por quem se sente seu filho. Outras pessoas, que não são seus filhos (de outras religiões), podem até gostar dela[2].
Como católico, não posso nem devo dizer que “gosto da Igreja”!
João Bosco Óliver de Faria
Arcebispo Emérito de Diamantina
Fonte: Catequese Católica

Dia do trabalho e Dia de São José Operário


Dia do trabalho e Dia de São José Operário
“A palavra trabalho deriva do latim tripalium ou tripalus, uma ferramenta de três pernas que imobilizava cavalos e bois para serem ferrados. Curiosamente era também o nome de um instrumento de tortura usado contra escravos e presos, que originou o verbo tripaliare cujo primeiro significado era “torturar” [2] [3]. Os gregos e os latinos diferenciavam o trabalho criativo (dos artistas e elites) do trabalho braçal ou penoso (escravos)”.
Já no Antigo Império Egípcio o trabalho pesado, como a construção das pirâmides, era exigido dos prisioneiros de guerra, transformados em escravos. Isso se repetiu em Babilônia e mais tarde em Roma. O pesado era dado aos escravos.
Na colonização do Brasil ficou a mancha terrível da escravidão da população negra arrancada da África. Estraçalhavam as famílias: os pais eram aprisionados e os filhos abandonados. Transportados nos navios negreiros, como animais, muitos morriam na viagem. Sobreviviam os mais fortes. Soube de uma historiadora, que o tempo médio de vida de um escravo, no Brasil, era de cinco anos. Morriam ou de tuberculose ou de pneumonia. Era mais barato comprar um outro escravo que  tratá-lo em sua saúde. Havia, ainda, o açoite, o pelourinho. Leia-se Euclides da Cunha em “Os Sertões”, com informações mais tristes.
Hoje, em todas as minhas Missas e na oração do Santo Terço, rezo pelas almas dos escravos negros que morreram em nosso País.
Esses fatos deixaram uma herança triste no pensamento da sociedade brasileira: “trabalho é coisa de escravo”. Quantas vezes ouvi: “Eu não sou escravo para trabalhar!” E o sonho de muitos: aposentar-se cedo e parar de trabalhar.
Quando era jovem sacerdote, estudante em Roma, jantei, uma vez, com um senhor alemão, pai de família. Na guerra ele era desativador de minas, o que lhe fez perder as duas mãos. Ele tinha mãos mecânicas e jantava, com elegância, usando faca e garfo. Tinha sua aposentadoria de guerra. Mas fez questão de ter seu trabalho profissional, como expressão de seus valores humanos e para não se sentir de peso à sociedade. Entendera, muito bem, que o trabalho dignifica a pessoa.
Jesus ao assumir nossa natureza humana, ele resgata o homem do pecado e resgata a dignidade do trabalho. Seu pai, São José, era carpinteiro. E Ele, naturalmente ajudava Seu pai em sua oficina, até iniciar aos trinta anos Sua missão de anunciar o Evangelho. Suas mãos deveriam ter sido bem calosas.
O Papa São João Paulo II, com sua Encíclica: “Exercendo o Trabalho”, faz uma reviravolta na Doutrina Social da Igreja. O foco não é mais a propriedade privada, mas o trabalho com as relações capital e trabalho, condições dignas de trabalho, etc.  Apresenta o trabalho como a chave da questão social. O trabalho é feito para o homem e não o homem para o trabalho. Mostra como o trabalho é uma das expressões da dignidade da pessoa. A pessoa se realiza pelo trabalho.
Em nossa convivência social, quando nos apresentamos a alguém, com o nosso nome, dizemos, ou nos é perguntado, a profissão ou o trabalho que exercemos. As senhoras, ao mostrarem seus trabalhos de crochê ou tricô às amigas, sempre ficam felizes ao serem elogiadas pelos pontos apertados e bem feitos. Os pintores e escultores assinam suas obras, os compositores assinam suas músicas, os escritores assinam os seus livros e artigos. O homem se realiza pelo trabalho.
Trabalhar não é uma vergonha, mas uma honra.
Quando vou cumprimentar um pedreiro, servente ou mecânico que tem a mão marcada pelo seu trabalho e me apresenta o pulso para cumprimentar,  sempre respondo: “Trabalho não suja mão. Nem sempre as mãos `limpas´ são `limpas´”. Eles sorriem e estendem a mão.
É muito triste não ter um trabalho digno para garantir o sustento da própria vida e família. O Brasil vive um tempo muito triste. Nem mesmo o diploma de faculdade garante um emprego. Penso que há mais diplomados desempregados que os sem diploma…
Não podemos resolver todos os problemas do nosso País. Mas podemos ficar atentos e ajudar a arranjar trabalho para quem não o tem. Conheço uma pessoa humilde que tem essa habilidade.
Depois de entregar o governo da Arquidiocese de Diamantina, MG, por limite de idade, iniciei um outro trabalho em favor da sociedade como Provedor da Irmandade da Santa Casa de Curitiba, PN, aonde estou doando meu trabalho e o melhor de minha idade para levar saúde e curar os corações dos doentes e marginalizados.
Que São José que sofreu a falta de trabalho quando chegou ao Egito com sua família, ilumine nossos governantes na solução desse grave problema e ilumine o povo, neste ano eleitoral, a escolher melhor seus governantes e representantes.
São José, Rogai por nós!
João Bosco Oliver de Faria

Santo do Dia : São José Benedito Cottolengo, sacerdote dos desprotegidos

São José Benedito Cottolengo, acolhia as pessoas carentes de amor

Hoje, lembramos São José Benedito Cottolengo que nasceu em Bra, na Itália, onde desde de pequeno demonstrou-se inclinado à caridade. Com o passar do tempo e trabalho com sua vocação, tornou-se um sacerdote dos desprotegidos na diocese de Turim.
Quando teve que atender uma senhora grávida, que devido à falta de assistência social, morreu em seus braços; espantado, retirou-se em oração e nisso Deus fez desabrochar no seu coração a necessidade da criação de uma casa de abrigo que, mesmo em meio às dificuldades, foi seguida por outras. Esse grande homem de Deus acolhia pobres, doentes mentais, físicos, ou seja, todo tipo de pessoas carentes de amor, assistência material, físico e espiritual.
Confiando somente nos cuidados do Pai do Céu, estas casas desde a primeira até a verdadeira cidade da caridade que surgiu, chamou-se “Pequena Casa da Divina Providência”. Diante do Santíssimo Sacramento, José Cottolengo e outros cristãos, que se uniram a ele nesta experiência de Deus, buscavam ali forças para bem servir aos necessitados, pois já dizia ele: “Se soubesses quem são os pobres, os servirias de joelhos!”.
Entrou no Céu com 56 anos.
São José Benedito Cottolengo, rogai por nós!

Liturgia Diária : 5ª Semana da Páscoa - Segunda-feira

Primeira Leitura (At 14,5-18)
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
Naqueles dias, em Icônio, 5pagãos e judeus, tendo à frente seus chefes, estavam dispostos a ultrajar e apedrejar Paulo e Barnabé. 6Ao saberem disso, Paulo e Barnabé fugiram e foram para Listra e Derbe, cidades da Licaônia, e seus arredores.
7Aí começaram a anunciar o Evangelho. 8Em Listra, havia um homem paralítico das pernas, que era coxo de nascença e nunca fora capaz de andar.9Ele escutava o discurso de Paulo. E este, fixando nele o olhar e notando que tinha fé para ser curado, 10disse em alta voz: “Levanta-te direito sobre os teus pés”. O homem deu um salto e começou a caminhar.
11Vendo o que Paulo acabara de fazer, a multidão exclamou em dialeto licaônico: “Os deuses desceram entre nós em forma de gente!” 12Chamavam a Barnabé Júpiter e a Paulo Mercúrio, porque era Paulo quem falava. 13Os sacerdotes de Júpiter, cujo templo ficava defronte à cidade, levaram à porta touros ornados de grinaldas e queriam, com a multidão, oferecer sacrifícios.
14Ao saberem disso, os apóstolos Barnabé e Paulo rasgaram as vestes e foram para o meio da multidão, gritando: 15“Homens, que estais fazendo? Nós também somos homens mortais como vós, e vos estamos anunciando que precisais deixar esses ídolos inúteis para vos converterdes ao Deus vivo, que fez o céu, a terra, o mar e tudo o que neles existe. 16Nas gerações passadas, Deus permitiu que todas as nações seguissem o próprio caminho. 17No entanto, ele não deixou de dar testemunho de si mesmo através de seus benefícios, mandando do céu chuvas e colheitas, dando alimento e alegrando vossos corações”. 18E assim falando, com muito custo, conseguiram que a multidão desistisse de lhes oferecer um sacrifício.
- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.

Salmo de Hoje : Responsório (Sl 113b)


— Não a nós, ó Senhor, não a nós, ao vosso nome, porém, seja a glória.
— Não a nós, ó Senhor, não a nós, ao vosso nome, porém, seja a glória.
— Não a nós, ó Senhor, não a nós, ao vosso nome, porém, seja a glória, porque sois todo amor e verdade! Por que hão de dizer os pagãos: “Onde está o seu Deus, onde está?”
— É nos céus que está o nosso Deus, ele faz tudo aquilo que quer. São os deuses pagãos ouro e prata, todos eles são obras humanas.
— Abençoados sejais do Senhor, do Senhor que criou céu e terra! Os céus são os céus do Senhor, mas a terra ele deu para os homens.

Compreendendo e Refletindo

Jesus vem com o Pai e o Espírito fazer em nós lugar da morada de Deus

“Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e o meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada” (João 14,23.
Que declaração de amor maravilhosa! Jesus está dizendo que Ele e o Pai fazem morada em nós se Os amarmos. Não é um “amor sentimento” ou um “amor palavra”, porque a afirmação d’Ele é muito clara: “Quem me ama guarda os meus mandamentos”. Queremos que Deus faça a Sua moradia em nós.
Vamos à igreja, ao templo, porque sabemos que lá é a morada de Deus. Entramos numa igreja para nos encontrar com Ele. Alimentamo-nos de Jesus vivo na Eucaristia, portanto, alimentamo-nos da Palavra de Deus.
A Palavra quer entrar e permanecer em nós. Assim como o Senhor está na igreja, Ele quer permanecer em nós, morar em nós. Guardemos Suas Palavras, Seus mandamentos, façamos do nosso coração lugar da morada de Deus.
Estamos deixando muitas coisas morar dentro de nós, estamos guardando tantas coisas velhas, “tranqueiras”; e, muitas vezes, preferindo que aquilo que nos destrói, que nos deixa amargos e nos ilude, esteja crescendo dentro de nós.
Diga “não” aos maus pensamentos, aos ressentimentos, às mágoas e às coisas velhas que estão há tanto tempo remoendo e remexendo dentro de nós. Que a Palavra permaneça em nós, more em nós, porque é guardando essa Palavra que Jesus vem com o Pai e o Espírito para morar em nós e fazer em nós lugar da morada de Deus.
Deus abençoe você!


Padre Roger Araújo: Canção Nova

Evangelho (Jo 14,21-26)

— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 21“Quem acolheu os meus mandamentos e os observa, esse me ama. Ora, quem me ama será amado por meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele”. 22Judas – não o Iscariotes – disse-lhe: “Senhor, como se explica que te manifestarás a nós e não ao mundo?” 23Jesus respondeu-lhe: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e o meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada. 24Quem não me ama não guarda a minha palavra. E a palavra que escutais não é minha, mas do Pai que me enviou. 25Isso é o que vos disse enquanto estava convosco. 26Mas o Defensor, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos tenho dito”.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.

sexta-feira, 27 de abril de 2018

O que é o céu? Papa Francisco responde

Vaticano, 27 Abr. 18 / 10:00 am (ACI).- Na Missa celebrada na manhã de hoje na Casa Santa Marta, o Papa Francisco dedicou a sua homilia à primeira leitura do dia e explicou o que é o céu.
A leitura é dos Atos dos Apóstolos e narra o discurso de Paulo na sinagoga de Antioquia, quando o apóstolo fala de Cristo morto e ressuscitado.
“Também nós estamos em caminho: nós estamos em caminho. Estamos em caminho… e quando fazemos esta pergunta – ‘Sim, em caminho: mas em caminho para onde?’ – ‘Sim, para o céu!’ – ‘E o que é o céu?’. E ali começamos a escorregar nas respostas, não sabemos bem como dizer ‘o que é o céu’. E muitas vezes pensamos num céu abstrato, um céu distante, um céu… sim, ‘Ali se está bem’. Alguns pensam: ‘Mas será um pouco entediante estar ali toda a eternidade?’. Não: o céu não é isso. Nós caminhamos rumo a um encontro: o encontro definitivo com Jesus. O céu é o encontro com Jesus”.
Mas por enquanto, “qual é o trabalho de Jesus? A intercessão. A oração de intercessão”, explicou o Papa.
“Jesus reza por mim, por cada um de nós. Mas isso devemos repetir para nos convencer: Ele é fiel e Ele reza por mim. Neste momento”.
“E cada um de nós deve dizer: ‘Jesus está rezando por mim’, está trabalhando, está preparando aquele lugar. E Ele é fiel; Ele é fiel: o fará porque prometeu”.
Francisco concluiu: “O céu será este encontro, um encontro com o Senhor que foi ali preparar o lugar, o encontro com cada um de nós. E isso nos dá confiança, faz crescer a confiança”.
“Que o Senhor nos dê esta consciência de estar em caminho com esta promessa. O Senhor nos dê esta graça: de olhar para o alto e pensar: ‘O Senhor está rezando por mim’”.
Fonte: Acidigital

Em busca da alegria

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo  de Belo Horizonte (MG)

A busca da alegria é a meta essencial que rege o mais recôndito do coração humano. Essa essencialidade se configura como o maior e mais exigente desafio da existência. Requer sabedoria própria para não resvalar o caminho em direções equivocadas, produzindo um tecido sociocultural descartável e ancorado em experiências efêmeras, que aprofundam o vazio existencial. Empurram o ser humano rumo a desejos desarvorados, a práticas de despersonalização, ao gosto pelo exótico e ao distanciamento da vida vivida com simplicidade.
Ninguém consegue viver sem experimentar a alegria. Mas a felicidade autêntica só pode ser alcançada quando a vida se desabrocha como dom de Deus. Isso significa que cada pessoa precisa encontrar o sentido de viver, fazendo da própria existência oportunidade para servir, ajudar, contribuir. Nessa perspectiva, há uma tarefa inadiável, que é de todos: compor – social e culturalmente – tudo que fortaleça as diferentes formas de solidariedade. São urgentes os programas e projetos capazes de dar novas feições aos degradantes cenários sociais e políticos, que desfiguram o rosto da humanidade neste terceiro milênio, mas a efetivação da solidariedade como fundamento social depende da articulação de elementos variados.
Basta pensar que a busca da alegria, vetor que determina condutas individuais, envolve interesses diversos, múltiplos sentimentos, visões de mundo, práticas e posturas. Por isso, é muito necessária uma sabedoria experiencial que se fundamente na espiritualidade e no gosto por uma vida simples. Sem essas referências, mesmo que a pessoa alcance conquistas profissionais e acadêmicas, ou lugares de destaque na sociedade, não consegue experimentar felicidade duradoura, pois a verdadeira alegria é substituída por fugacidades, interesses mesquinhos, idolatria do dinheiro, satisfações passageiras. As instituições empobrecem e tornam-se mais fracas. E a mediocridade, que anda de braços dados com a busca de uma alegria superficial, toma conta de tudo.
Todos precisam reconhecer, e com clareza: para conquistar a felicidade duradoura não é suficiente a cada pessoa voltar-se apenas para si, desconsiderando o outro e a realidade. Viver a vida como dom, buscando sempre servir, é o único modo de contribuir para que a humanidade não se aprisione, cada vez mais, nas escolhas suicidas. Nesse sentido, há de ser ouvida a inspiradora palavra do Papa Francisco, na sua Exortação Apostólica intitulada “Alegrai-vos e Exultai”, referência bíblica ao Sermão da Montanha, no Evangelho de Mateus. O Papa destaca o que deve ser meta de cada pessoa: viver a santidade no mundo atual – caminho para encontrar a verdadeira alegria.
Sabe-se que a alegria duradoura não está nas coisas materiais. O Papa Francisco, no capítulo 4 da Exortação Apostólica, aponta características da santidade no mundo atual, que são verdadeiros itinerários para se conquistar a alegria. Afinal, felicidade autêntica e santidade – o que se relaciona a uma vida honesta, fraterna, solidária – têm tudo a ver. A Exortação Apostólica, então, detalha grandes manifestações do amor a Deus e ao próximo, fonte de alegria, remédios para curar enfermidades próprias da cultura contemporânea – negativismos, tristezas, acomodação, ansiedade agressiva, egoísmo, consumismo, individualismo, formas falsas de espiritualidade e tantas outras moléstias.
Nesse itinerário para se conquistar a felicidade, delineado pelo Papa Francisco, está o desenvolvimento da capacidade de suportar situações, de ter paciência e de praticar a mansidão, remédios contra as exacerbações e os radicalismos. Além disso, essas atitudes produzem sabedoria e, consequentemente, a alegria que dá sentido à vida. A partir do caminho indicado pelo Papa, fomentam-se o ardor e a ousadia que curam o ser humano das mediocridades. A alma revigora-se para lutar pelo bem e pela justiça. E cada oferta pessoal que se faz, na busca por um mundo melhor, passa a ser reconhecida como um grande ganho de cada dia.
Que todos possam compreender: a busca por felicidade exige fazer da vida um verdadeiro dom, que pressupõe a dedicação aos outros, irmãos em Cristo. Trata-se de um exercício existencial e humano de relevância inquestionável, particularmente na atualidade, quando há urgente necessidade de se construir um tempo diferente, com relações mais equilibradas, livres da mesquinhez, sem os abismos entre os ricos e os que sobrevivem na miséria. Viver a santidade é o único itinerário para quem está em busca da alegria.

O Pastor e os pastores

Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo (SP)

O 4º Domingo da Páscoa é conhecido como o “Domingo do Bom Pastor”. Todos os anos, a Liturgia apresenta um trecho do “Evangelho do Bom Pastor”, no capítulo 10º do Evangelho de São João, além de outros textos alusivos a essa imagem bíblico tão significativa para compreender quem é Jesus Cristo para nós e para a humanidade inteira.
Na Escritura, o binômio “pastor-ovelhas” aparece em muitas passagens. O povo é comparado ao rebanho, ou às ovelhas ao redor do pastor, ou a “ovelhas que não têm pastor” (cf Is 40,11; Nm 27,17; 1Rs 22,17; Ez 34,5; Zc 10,2). Numerosas são as referências aos “maus pastores”, que descuidam do rebanho ou procuram apenas seu proveito próprio (Is 56,11; Jr 10,21; 23,1; Ez 34,2; Jr 23,1; Ez 34,5). Com frequência, o próprio Deus é apresentado como o pastor bom, que toma conta do seu rebanho (Sl 23,1; 80,1; Is,40,11; Ez,34,23).
Jesus identificou-se com a figura do pastor bom, que veio em nome de Deus para tomar conta do rebanho, cuidar, defender, procurar, reunir e conduzir o rebanho de Deus. Conhece as ovelhas pelo nome e é por elas reconhecido e seguido. Jesus também se refere aos maus pastores, que são mercenários e não cuidam bem do rebanho, abandonam as ovelhas no perigo e pensam apenas em si mesmos. Jesus identifica-se com o pastor bom, que ama as ovelhas até ao ponto de dar a vida por elas; e não se importa apenas com as que já estão próximas dele, mas também com as que andam dispersas ou ainda não conhecem a sua voz. Ele deseja que todas possam ouvir a sua voz e reunir-se ao único rebanho e no único redil, para terem vida assegurada (cf J 10,11-18).
Na celebração da Páscoa, a Igreja reconhece e proclama: Jesus Cristo é o bom pastor, que entregou sua vida sobre a cruz em resgate por toda ovelha. Ao mesmo tempo, Ele também é o cordeiro imolado, cujo sangue selou a nova e eterna aliança entre Deus e os homens. E proclama que Jesus ressuscitado é o pastor bom, que nos dá a vida nova no Espírito Santo. Pelo Batismo, lembrado de maneira tão eloquente na Páscoa, recebemos o Espírito da vida nova do Ressuscitado e passamos a ter parte, desde agora, na vida de Filho de Deus, que se dignou a tomar parte em nossa vida humana.
No contexto das celebrações pascais, a imagem do Bom Pastor não é apenas poética e ilustrativa, mas fala do significado profundo da nossa relação com Jesus Cristo mediante a fé cristã recebida no Batismo. Jesus Cristo é o Salvador, aquele que em seu sangue nos redimiu para Deus. Conforme o querigma anunciado por Pedro, após a cura do paralítico, “em nenhum outro há salvação, pois não existe debaixo do céu outro nome pelo qual possamos ser salvos” (At 4,12). É por Ele que temos salvação e vida eterna. Por ele também temos o acesso a Deus, não como estranhos e distantes, mas como filhos muito queridos e amados (cf 1Jo 3,102).
A figura do pastor bom foi de grande valia para os primeiros cristãos compreenderem o motivo pelo qual Jesus entregou sua vida livremente pela humanidade e aceitou morrer na cruz: Ele o fez por um amor infinito pela humanidade e por toda pessoa. Esse amor o levou a enfrentar os piores sofrimentos para ir ao encontro da ovelha perdida e lhe estender a mão. Mas A ovelha perdida é cada um de nós. Ele não quer que ninguém se perca, mas todos cheguem ao conhecimento da verdade e tenham a vida por meio dele. Na defesa das ovelhas e na sua dedicação a elas, ele foi morto, mas ressuscitou para continuar a dar mais vida ainda às ovelhas.
A consequência disso para a vida dos cristãos não pode ser outra: ser boas ovelhas do rebanho do Senhor; permanecer unidos a ele e ao seu rebanho, que é a Igreja; não dar ouvidos a falsos pastores, mas somente à voz do pastor bom e obedecer-lhe; não pegar caminhos errados, que levam para longe do pastor bom, pois esses caminhos podem levar ao perigo do abismo, da fera brava e do ladrão… Quem deseja ter “vida abundante”, sem passar fome e sede espiritual, nem incorrer no risco de perder a vida eterna, deve manter-se unido a Ele e confiar nele.
A alegoria do pastor bom fala também da missão da Igreja. Nela, Jesus continua a ser o Bom Pastor através daqueles que foram chamados a desempenhar o ministério pastoral. Não pode a Igreja ficar sem pastores e estes devem espelhar-se continuamente no exemplo do pastor bom, vivido pessoalmente por Jesus. Mas a própria comunidade dos batizados não é apenas o “rebanho do Bom Pastor”, mas um “povo de pastores”, que participa do amor pastoral de Jesus pela humanidade. Por isso, através do envolvimento nas muitas “pastorais” da Igreja, todos também devem colaborar com a missão do Bom Pastor, “para que todos tenham vida em abundância”.
 Fonte: CNBB