sábado, 27 de dezembro de 2014

Santo do dia - São João Evangelista

São João Evangelista
O nome deste evangelista significa: “Deus é misericordioso”: uma profecia que foi se cumprindo na vida do mais jovem dos apóstolos. Filho de Zebedeu e de Salomé, irmão de Tiago Maior, ele também era pescador, como Pedro e André; nasceu em Betsaida e ocupou um lugar de primeiro plano entre os apóstolos.

Jesus teve tal predileção por João que este assinalava-se como “o discípulo que Jesus amava”. O apóstolo São João foi quem, na Santa Ceia, reclinou a cabeça sobre o peito do Mestre e, foi também a João, que se encontrava ao pé da Cruz ao lado da Virgem Santíssima, que Jesus disse: “Filho, eis aí a tua mãe” e, olhando para Maria disse: “Mulher, eis aí o teu filho”. (Jo 19,26s).
Quando Jesus se transfigurou, foi João, juntamente com Pedro e Tiago, que estava lá. João é sempre o homem da elevação espiritual, mas não era fantasioso e delicado, tanto que Jesus chamou a ele e a seu irmão Tiago deBoanerges, que significa “filho do trovão”.
João esteve desterrado em Patmos, por ter dado testemunho de Jesus. Deve ter isto acontecido durante a perseguição de Domiciano (81-96 dC). O sucessor deste, o benigno e já quase ancião Nerva (96-98), concedeu anistia geral; em virtude dela pôde João voltar a Éfeso (centro de sua atividade apostólica durante muito tempo, conhecida atualmente como Turquia). Lá o coloca a tradição cristã da primeiríssima hora, cujo valor histórico é irrecusável.
O Apocalipse e as três cartas de João testemunham igualmente que o autor vivia na Ásia e lá gozava de extraordinária autoridade. E não era para menos. Em nenhuma outra parte do mundo, nem sequer em Roma, havia já apóstolos que sobrevivessem. E é de imaginar a veneração que tinham os cristãos dos fins do século I por aquele ancião, que tinha ouvido falar o Senhor Jesus, e O tinha visto com os próprios olhos, e Lhe tinha tocado com as próprias mãos, e O tinha contemplado na sua vida terrena e depois de ressuscitado, e presenciara a sua Ascensão aos céus. Por isso, o valor dos seus ensinamentos e o peso de das suas afirmações não podiam deixar de ser excepcionais e mesmo únicos.
Dele dependem (na sua doutrina, na sua espiritualidade e na suave unção cristocêntrica dos escritos) os Santos Padres daquela primeira geração pós-apostólica que com ele trataram pessoalmente ou se formaram na fé cristã com os que tinham vivido com ele, como S. Pápias de Hierápole, S. Policarpo de Esmirna, Santo Inácio de Antioquia e Santo Ireneu de Lião. E são estas precisamente as fontes donde vêm as melhores informações que a Tradição nos transmitiu acerca desta última etapa da vida do apóstolo.
São João, já como um ancião, depara-se com uma terrível situação para a Igreja, Esposa de Cristo: perseguições individuais por parte de Nero e perseguições para toda a Igreja por parte de seu sucessor, o Imperador Domiciano.
Além destas perseguições, ainda havia o cúmulo de heresias que desentranhava o movimento religioso gnóstico, nascido e propagado fora e dentro da Igreja, procurando corroer a essência mesma do Cristianismo.
Nesta situação, Deus concede ao único sobrevivente dos que conviveram com o Mestre, a missão de ser o pilar básico da sua Igreja naquela hora terrível. E assim o foi. Para aquela hora, e para as gerações futuras também. Com a sua pregação e os seus escritos ficava assegurado o porvir glorioso da Igreja, entrevisto por ele nas suas visões de Patmos e cantado em seguida no Apocalipse.
Completada a sua obra, o santo evangelista morreu quase centenário, sem que nós saibamos a data exata. Foi no fim do primeiro século ou, quando muito, nos princípios do segundo, em tempo de Trajano (98-117 dC).
Três são as obras saídas da sua pena incluídas no cânone do Novo Testamento: o quarto Evangelho, o Apocalipse e as três cartas que têm o seu nome.
São João Evangelista, rogai por nós!

Sábado 27/12/2014 - Liturgia Diária

Primeira Leitura (1Jo 1,1-4)
Leitura da Primeira Carta de São João.
1Caríssimos, o que era desde o princípio, o que nós ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e as nossas mãos tocaram da Palavra da Vida – 2de fato, a Vida manifestou-se e nós a vimos, e somos testemunhas, e a vós anunciamos a Vida eterna, que estava junto do Pai e que se tornou visível para nós –;3isso que vimos e ouvimos, nós vos anunciamos, para que estejais em comunhão conosco. E a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo. 4Nós vos escrevemos estas coisas para que a nossa alegria fique completa.

- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.

Salmo de Hoje (Sl 96)

— Ó justos, alegrai-vos no Senhor!
— Ó justos, alegrai-vos no Senhor!                          -      1- Deus é Rei! Exulte a terra de alegria, e as ilhas numerosas rejubilem! Treva e nuvem o rodeiam no seu trono, que se apoia na justiça e no direito. R
2- As montanhas se derretem como cera ante a face do Senhor de toda a terra; e assim proclama o céu sua justiça, todos os povos podem ver a sua glória. R
3- Uma luz já se levanta para os justos, e a alegria, para os retos corações. Homens justos, alegrai-vos no Senhor, celebrai e bendizei seu Santo nome! R

Compreendendo e Refletindo

O amor de Deus cura todas as feridas do nosso coração, porque nem sempre provamos um amor puro, verdadeiro e sincero.
A Vida manifestou-se e nós a vimos, e somos testemunhas, e a vós anunciamos a Vida eterna, que estava junto do Pai e que se tornou visível para nós” (João 1,2 ).
Ainda na alegria do Natal de Jesus nós celebramos São João Evangelista, apóstolo e seguidor de Nosso Senhor Jesus Cristo. São João nos deu o quarto Evangelho, nos deu as Cartas nas quais ele testemunha o amor de Deus para conosco e nos deu o Livro do Apocalipse também. Mas, acima de tudo, ele nos deu o testemunho da grandeza do amor de Deus.
Primeiramente, ele provou de perto, como ele mesmo diz, a graça de ser o discípulo amado, de experimentar o amor e a ternura de Deus na pessoa de Jesus. Ele mesmo testemunha que o amor de Deus é manifestado aos homens e quando São João diz isso não é porque ele escreve um Evangelho poético, bonito. Não, é muito mais do que isso! É porque ele provou na sua carne e no seu coração este amor divino do Senhor. E por isso, por onde João foi e em tudo aquilo que escreveu, ele testemunha, ele ratifica, ele mostra a grandeza do amor desse Deus para conosco.
Sabem, meus irmãos, assim como São João foi totalmente envolvido por este amor divino e este foi moldando, tocando, transformando, renovando e refazendo o seu coração, nós somos chamados, neste tempo da graça, que é o tempo do Natal, a ser refeitos pelo amor de Deus.
O amor de Deus, quando entra em nós, faz toda a diferença! Nós somos carentes de amor, porque, muitas vezes, não provamos um amor puro, um amor sincero. Muitas vezes, nós nos machucamos quando queremos amar alguém, quando queremos expressar o amor verdadeiro.
Por quantas experiências dolorosas nós já passamos, nesta vida, nas diversas esferas do amor; seja o amor do homem para com a mulher, seja o amor entre filhos, seja o amor de amigos! O verdadeiro amor deixa em nós a marca sublime daquele sentimento mais gostoso que há; mas o amor não vivido na sua intensidade também nos machuca muito e nos deixa marcas difíceis de ser superadas.
Só um amor é capaz de curar os amores da nossa vida, só um amor é capaz de restaurar os amores que nos machucaram nessa vida! É deste amor que João, o evangelista, nos fala, o amor que iluminou e deu sentido à sua vida, é o amor que quer iluminar e dar sentido à nossa vida! Que hoje, na celebração do dia do apóstolo São João, nas Oitavas do Natal de Jesus, o amor divino cubra todo o nosso coração e cure todas as feridas.
Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo-Canção Nova  

Evangelho (Jo 20,2-8)


— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João.
— Glória a vós, Senhor.
No primeiro dia da semana, 2Maria Madalena saiu correndo e foi encontrar Simão Pedro e o outro discípulo, aquele que Jesus amava, e lhes disse: “Tiraram o Senhor do túmulo, e não sabemos onde o colocaram”.3Saíram, então, Pedro e o outro discípulo e foram ao túmulo. 4Os dois corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais depressa que Pedro e chegou primeiro ao túmulo. 5Olhando para dentro, viu as faixas de linho no chão, mas não entrou. 6Chegou também Simão Pedro, que vinha correndo atrás, e entrou no túmulo. Viu as faixas de linho deitadas no chão 7e o pano que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, não posto com as faixas, mas enrolado num lugar à parte. 8Então entrou também o outro discípulo, que tinha chegado primeiro ao túmulo. Ele viu e acreditou.

— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Noite de Natal no Vaticano: "Jesus é mais forte que as trevas"


Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco convidou os católicos a enfrentar com ternura as circunstâncias mais difíceis da vida, a mostrar humildade em qualquer conflito e a deixar-se querer por Deus para poder ver a luz em um mundo de trevas.
Tecnologia
Esta foi a mensagem transmitida por Jorge Bergoglio na homilia proferida durante a celebração da Missa do Galo na Basílica de São Pedro, no Vaticano. A cerimônia começou às 21h30 (horário local), e participaram cerca de 10 mil pessoas, dentro da Basílica e na Praça São Pedro. Transmitida ao vivo por rádio, TV e ‘streaming’ para vários países do mundo, pela primeira vez, algumas emissoras passaram o evento em 3 dimensões (3D).
A cerimônia
A missa teve início com a procissão do Pontífice até o altar-mor, ao som da Kalenda, o tradicional canto grego que recapitula o período desde a Criação até o nascimento de Jesus. Naquele  momento, os sinos de São Pedro ressoaram para anunciar a natividade.
Em sua homilia, o Papa afirmou que a chegada de Jesus ao mundo foi uma grande luz que iluminou os povos e dissipou a escuridão que inundava a Terra desde o primeiro crime da humanidade, quando a mão de Caim, cegado pela inveja, feriu de morte seu irmão Abel.
Discernimento
“Nesta Santa Noite, ao contemplar o Menino Jesus nascido e colocado numa manjedoura, somos convidados a refletir: Como acolhemos a ternura de Deus? Deixo-me aproximar dele, deixo-me abraçar por ele ou impeço que Ele se aproxime?”, questionou.
“Temos a coragem de acolher com ternura as situações difíceis e os problemas de quem está ao nosso lado, ou preferimos soluções impessoais, talvez eficazes, mas sem o calor do Evangelho?”, prosseguiu Francisco. “Quanta necessidade de ternura o mundo tem hoje!”. 
O Papa pediu a graça da ternura nas circunstâncias mais duras da vida: “Senhor, conceda-me a graça da ternura nas circunstâncias mais duras da vida; dê-me a graça da proximidade frente a toda necessidade; da doçura, não importa qual seja o conflito”.   
Francisco exortou ainda os fiéis a abandonarem ‘atitudes de impasse’, assim como ‘a arrogância’ e a ‘soberba’, limitações que admitiu encontrar, inclusive, entre seus colaboradores no governo da Igreja.
No final da cerimônia, o Bispo de Roma carregou o Menino Jesus entre seus braços e o depositou em uma manjedoura instalada na Basílica Vaticana.
(CM)
Fonte: News.VA

Angelus: Papa pede "coerência cristã" e reza por todos os discriminados pelo testemunho a Cristo

2014-12-26 Rádio Vaticana

Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco recordou no Angelus deste 26 de dezembro, dia em que a Igreja festeja o seu primeiro mártir, que "Santo Estêvão nos mostra como viver em plenitude o mistério do Natal". Francisco exortou os fiéis à "coerência cristã" e conclamou para que seja reconhecida e assegurada a liberdade religiosa, “como direito inalienável de cada pessoa humana”. De modo particular, o Santo Padre rezou por todos aqueles "que são discriminados pelo testemunho dado a Cristo”:
“Hoje, irmãos e irmãos, gostaria que rezássemos em modo particular por aqueles que são discriminados, perseguidos e mortos pelo testemunho dado a Cristo. Gostarida de dizer a cada um deles: se vocês carregam esta cruz com amor, vocês entraram no mistério do Natal, vocês estão no coração de Cristo e da Igreja”.
Partindo das palavras de Mateus: “Sereis odiados por todos por causa do meu nome. Mas quem perseverar até o fim será salvo”, o Santo Padre observou que “estas palavras do Senhor não perturbam a celebração de Natal, mas a despojam daquele falso revestimento adocicado que não lhe pertence”:
“Nos fazem compreender que nas provas aceitas por causa da fé, a violência é derrotada pelo amor, a morte pela vida. Para acolher verdadeiramente Jesus na nossa existência e prolongar a alegria da Noite Santa, o caminho é justamente o indicado por este Evangelho, isto é, dar testemunho de Jesus na humildade, no serviço silencioso, sem medo de ir contra-a-corrente e de pagar pessoalmente por isto”.
O Papa observa, que “se nem todos são chamados, como Santo Estêvão, a derramar o próprio sangue”, é pedido a cada cristão “a coerência com a fé que professa, em todas as circunstâncias”:
"É a coerência cristã. É uma graça que devemos pedir ao Senhor. Ser coerentes, viver como cristão e não dizer ser cristão e viver como pagão. A coerência é uma graça para pedir hoje. Seguir o Evangelho, certamente é um caminho exigente, mas belo, belíssimo, e quem o percorre com fidelidade e coragem, recebe o dom prometido pelo Senhor aos homens e às mulheres de boa vontade. Como cantavam os anjos no dia de Natal: Paz! Paz!”.
Esta paz doada por Deus – acrescentou o Santo Padre -  “é capaz de curar as consciências daqueles que, através as provas da vida, sabem acolher as palavras de Deus e se esforçam em observá-la com perseverança até o fim”.
Ao recordar o sacrifício dos mártires de hoje "que são tantos, tantíssimos", Francisco pede "que se reforce em todas as partes do mundo o compromisso para reconhecer e assegurar concretamente a liberdade religiosa, que é um direito inalienável de toda pessoa humana".
“Que Santo Estêvão, diácono e proto-mártir – concluiu o Papa -  nos sustente no caminho cotidiano, que esperamos seja coroado, no final, na festiva assembleia dos santos no Paraíso”.
Após recitar a oração do Angelus, Francisco renovou os votos de paz a todos, agradecendo de maneira especial as felicitações recebidas de todas as partes do mundo:
“Nestas semanas recebi tantas mensagens de felicitações de Roma, da Itália e de todas as partes do mundo. Não sendo possível para mim responder a cada uma, expresso hoje a todos os meus mais sinceros agradecimentos, especialmente pelo dom da oração. Obrigado de coração! O Senhor vos recompense com a sua generosidade. E, não esqueçam: coerência cristã, isto é, pensar, sentir e viver como cristão e não pensar como cristão e viver como pagão. isto não. peçamos hoje a Santo Estêvão a graça da coerência cristã ”. (JE)
 Fonte: News.VA

Natal: crianças, refugiados e idosos na Mensagem do Papa

2014-12-25 Rádio Vaticana
Cidade do Vaticano (RV) – “Jesus, o Filho de Deus, o Salvador do mundo, nasceu para nós. Sim, irmãos, Jesus é a salvação para cada pessoa e para cada povo!”. 
Estas foram as palavras iniciais da Mensagem de Natal de 2014 proferida pelo Pontífice na sacada central da Basílica de São Pedro, antes da tradicional Bênção Urbi et Orbi (à cidade e ao mundo). Mais de 80 mil pessoas estavam na Praça ouvindo a reflexão de Francisco.
As dramáticas realidades no mundo
Também nesta ocasião, o Papa chamou a atenção para a condição dos “nossos irmãos e irmãs do Iraque e da Síria, que há tanto tempo sofrem os efeitos do conflito em curso e, juntamente com os membros de outros grupos étnicos e religiosos, padecem uma perseguição brutal”. 
O Papa disse esperar que o Natal lhes dê esperança, assim como aos inúmeros desalojados, deslocados e refugiados, crianças, adultos e idosos, daquela região e do mundo inteiro; mude a indiferença em proximidade e a rejeição em acolhimento, para que todos aqueles que agora estão na provação possam receber a ajuda humanitária necessária para sobreviver à rigidez do inverno, retornar aos seus países e viver com dignidade. 
Oriente Médio e África
“Que o Senhor abra os corações à confiança e dê a sua paz a todo o Oriente Médio, a começar pela Terra abençoada do seu nascimento, sustentando os esforços daqueles que estão ativamente empenhados no diálogo entre israelenses e palestinos”. 
O Pontífice também se referiu a quantos sofrem na Ucrânia e pediu ao Cristo Salvador que dê paz à Nigéria, onde “mais sangue foi derramado e muitas pessoas se encontram injustamente subtraídas aos seus entes queridos e mantidas reféns ou massacradas”. 
Em seguida, invocou a paz também para outras partes do continente africano, como a Líbia, o Sudão do Sul, a República Centro-Africana e várias regiões da República Democrática do Congo; pedindo aos que têm responsabilidades políticas que se comprometam, através do diálogo, a superar os contrastes e construir uma convivência fraterna duradoura. 
Crianças como principais vítimas
Como sempre, o pensamento do Papa se dirigiu às “inúmeras crianças vítimas de violência, objeto de comércio ilícito e tráfico de pessoas, ou forçadas a tornar-se soldados, crianças abusadas, muitas crianças abusadas”.
“Meu pensamento hoje se concentra nas crianças assassinadas ou maltratadas, naquelas mortas antes de ver a luz, carentes do amor generoso de seus pais e soterradas pelo egoísmo de uma cultura que não ama a vida; também naquelas crianças desabrigadas por causa de guerras e perseguições, abusadas e exploradas sob os nossos olhos e o nosso silêncio cúmplice; e nas crianças massacradas por bombardeamentos, inclusive no lugar onde o Filho de Deus nasceu. Sobre o seu sangue, entrevemos hoje a sombra de Herodes”. 
Francisco pediu que o Senhor dê conforto também às famílias das crianças que foram assassinadas na semana passada, no Paquistão; e que acompanhe todos os que sofrem pelas doenças, especialmente as vítimas da epidemia de ebola, sobretudo na Libéria, Serra Leoa e Guiné. 
Neste sentido, Francisco também agradeceu todos os que estão trabalhando corajosamente para assistir os doentes e os seus familiares, renovando o apelo para que sejam garantidas a assistência e as terapias necessárias. 
E no final, constatou, que “realmente, há tantas lágrimas neste Natal juntamente com as lágrimas do Menino Jesus”.  Antes de conceder a bênção, Francisco fez o pedido:
“Que o poder de Cristo, que é libertação e serviço, se faça sentir a tantos corações que sofrem guerras, perseguições, escravidão. Que este poder divino tire, com a sua mansidão, a dureza dos corações de tantos homens e mulheres imersos no mundanismo e na indiferença, na globalização da indiferença. Que a força redentora transforme as armas em arados, a destruição em criatividade, o ódio em amor e ternura”.  
Indulgência e bênção
Na sacada, para a bênção Urbi et Orbi e a concessão da indulgência plenária, o Papa teve a seu lado os dois Cardeais diáconos Franc Rodé (Prefeito emérito da Congregação para os Institutos da Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica) e Gerhard Ludwig Müller (Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé).  
(CM)
MENSAGEM «URBI ET ORBI»

DO PAPA FRANCISCO

NATAL DE 2014
Quinta-feira, 25 de Dezembro de 2014
Queridos irmãos e irmãs, bom Natal!
Jesus, o Filho de Deus, o Salvador do mundo, nasceu para nós. Nasceu em Belém de uma virgem, dando cumprimento às profecias antigas. A virgem chama-se Maria; o seu esposo, José.
São as pessoas humildes, cheias de esperança na bondade de Deus, que acolhem Jesus e O reconhecem. Assim o Espírito Santo iluminou os pastores de Belém, que acorreram à gruta e adoraram o Menino. E mais tarde o Espírito guiou até ao templo de Jerusalém Simeão e Ana, humildes anciãos, e eles reconheceram em Jesus o Messias. «Meus olhos viram a salvação – exclama Simeão – que ofereceste a todos os povos» ( Lc 2, 30-31).
Sim, irmãos, Jesus é a salvação para cada pessoa e para cada povo!
A Ele, Salvador do mundo, peço hoje que olhe para os nossos irmãos e irmãs do Iraque e da Síria que há tanto tempo sofrem os efeitos do conflito em curso e, juntamente com os membros de outros grupos étnicos e religiosos, padecem uma perseguição brutal. Que o Natal lhes dê esperança, como aos inúmeros desalojados, deslocados e refugiados, crianças, adultos e idosos, da Região e do mundo inteiro; mude a indiferença em proximidade e a rejeição em acolhimento, para que todos aqueles que agora estão na provação possam receber a ajuda humanitária necessária para sobreviver à rigidez do inverno, retornar aos seus países e viver com dignidade. Que o Senhor abra os corações à confiança e dê a sua paz a todo o Médio Oriente, a começar pela Terra abençoada do seu nascimento, sustentando os esforços daqueles que estão activamente empenhados no diálogo entre Israelitas e Palestinianos.
Jesus, Salvador do mundo, olhe para quantos sofrem na Ucrânia e conceda àquela amada terra a graça de superar as tensões, vencer o ódio e a violência e embocar um caminho novo de fraternidade e reconciliação.
Cristo Salvador dê paz à Nigéria, onde – mesmo nestas horas – mais sangue foi derramado e muitas pessoas se encontram injustamente subtraídas aos seus entes queridos e mantidas reféns ou massacradas. Invoco paz também para outras partes do continente africano. Penso de modo particular na Líbia, no Sudão do Sul, na República Centro-Africana e nas várias regiões da República Democrática do Congo; e peço a quantos têm responsabilidades políticas que se empenhem, através do diálogo, a superar os contrastes e construir uma convivência fraterna duradoura.
Jesus salve as inúmeras crianças vítimas de violência, feitas objecto de comércio ilícito e tráfico de pessoas, ou forçadas a tornar-se soldados; crianças, tantas crianças vítimas de abuso. Dê conforto às famílias das crianças que, na semana passada, foram assassinadas no Paquistão. Acompanhe todos os que sofrem pelas doenças, especialmente as vítimas da epidemia de ébola, sobretudo na Libéria, Serra Leoa e Guiné. Ao mesmo tempo que do íntimo do coração agradeço àqueles que estão trabalhando corajosamente para assistir os doentes e os seus familiares, renovo um premente apelo a que sejam garantidas a assistência e as terapias necessárias.
Jesus Menino. Penso em todas as crianças assassinadas e maltratadas hoje, seja naquelas que o são antes de ver a luz, privadas do amor generoso dos seus pais e sepultadas no egoísmo duma cultura que não ama a vida; seja nas crianças desalojadas devido às guerras e perseguições, abusadas e exploradas sob os nossos olhos e o nosso silêncio cúmplice; seja ainda nas crianças massacradas nos bombardeamentos, inclusive onde o Filho de Deus nasceu. Ainda hoje o seu silêncio impotente grita sob a espada de tantos Herodes. Sobre o seu sangue, estende-se hoje a sombra dos Herodes do nosso tempo. Verdadeiramente há tantas lágrimas neste Natal que se juntam às lágrimas de Jesus Menino!
Queridos irmãos e irmãs, que hoje o Espírito Santo ilumine os nossos corações, para podermos reconhecer no Menino Jesus, nascido em Belém da Virgem Maria, a salvação oferecida por Deus a cada um de nós, a todo o ser humano e a todos os povos da terra. Que o poder de Cristo, que é libertação e serviço, se faça sentir a tantos corações que sofrem guerras, perseguições, escravidão. Que este poder divino tire, com a sua mansidão, a dureza dos corações de tantos homens e mulheres imersos no mundanismo e na indiferença, na globalização da indiferença. Que a sua força redentora transforme as armas em arados, a destruição em criatividade, o ódio em amor e ternura. Assim poderemos dizer com alegria: «Os nossos olhos viram a vossa salvação».
Com estes pensamentos, a todos bom Natal!
Fonte: News.VA

O mundo necessita de ternura – o Papa na Missa da Noite de Natal

2014-12-25 Rádio Vaticana
O Papa Francisco celebrou na noite de dia 24 de dezembro a Missa da Vigília de Natal na Basílica de S. Pedro. Na sua homilia o Santo Padre afirmou que o mundo tem hoje necessidade de ternura e começou por sublinhar duas frases das leituras da liturgia. Uma de Isaías e outra de Lucas:
“O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; habitavam numa terra de sombras, mas uma luz brilhou sobre eles” (Is 9, 1).
“Um anjo do Senhor apareceu [aos pastores], e a glória do Senhor refulgiu em volta deles” (Lc 2, 9).
“É assim que a Liturgia desta santa noite de Natal nos apresenta o nascimento do Salvador” – continuou o Papa Francisco – “como luz que penetra e dissolve a mais densa escuridão.”
Segundo o Santo Padre também nós vamos à casa de Deus atravessando as trevas que envolvem a terra, mas guiados pela luz da fé que ilumina os nossos passos e animados pela esperança de encontrar a “grande luz” que é o milagre daquele “menino-sol” que é Jesus que veio ao mundo para iluminar as trevas – afirmou o Papa Francisco:
“A origem das trevas que envolvem o mundo perde-se na noite dos tempos. Pensemos no obscuro momento em que foi cometido o primeiro crime da humanidade, quando a mão de Caim, cego pela inveja, feriu de morte o irmão Abel (cf. Gn 4, 8). Assim, o curso dos séculos tem sido marcado por violências, guerras, ódio, prepotência.”
Mas Deus continuou a esperar pacientemente face à corrupção de homens e povo – observou o Santo Padre – tal como o pai da parábola do filho pródigo, à espera de vislumbrar ao longe o regresso do filho perdido.”
O Papa Francisco afirmou assim que “a mensagem que todos esperavam, que todos procuravam nas profundezas da própria alma, mais não era do que a ternura de Deus: Deus que nos fixa com olhos cheios de afeto, que aceita a nossa miséria, Deus enamorado da nossa pequenez.”
O Santo Padre declarou então que o Menino Jesus convida-nos a refletir: “Como acolhemos a ternura de Deus? Deixo-me alcançar por Ele, deixo-me abraçar, ou impeço-Lhe de aproximar-Se?”
“… temos a coragem de acolher, com ternura, as situações difíceis e os problemas de quem vive ao nosso lado, ou preferimos as soluções impessoais, talvez eficientes mas desprovidas do calor do Evangelho? Quão grande é a necessidade que o mundo tem hoje de ternura!”
A vida deve ser enfrentada com bondade, com mansidão – advertiu o Santo Padre – quando nos damos conta de que Deus Se enamorou da nossa pequenez, de que Ele mesmo Se faz pequeno para melhor nos encontrar, não podemos deixar de Lhe abrir o nosso coração – afirmou ainda o Papa Francisco que concluiu a sua homilia dizendo que a grande luz do presépio foi vista pelas “pessoas simples, dispostas a acolher o dom de Deus” e não pelos “arrogantes, os soberbos, aqueles que estabelecem as leis segundo os próprios critérios pessoais, aqueles que assumem atitudes de fechamento.”
O Santo Padre terminou a sua homilia dizendo: “Olhemos o presépio e façamos este pedido à Virgem Mãe: Ó Maria, mostrai-nos Jesus!” (RS)
Fonte: News.VA

Papa na Missa do Galo: o mundo necessita de ternura - Homilia do Papa Francisco

2014-12-24 Rádio Vaticana
Cidade do Vaticano (RV) – Confira abaixo a homilia que o Papa Francisco pronunciou na Missa do Galo, na Basílica Vaticana.
Homilia do Papa Francisco, 24 de dezembro de 2014
«O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; habitavam numa terra de sombras, mas uma luz brilhou sobre eles» (Is 9, 1). «Um anjo do Senhor apareceu [aos pastores], e a glória do Senhor refulgiu em volta deles» (Lc 2, 9). É assim que a Liturgia desta santa noite de Natal nos apresenta o nascimento do Salvador: como luz que penetra e dissolve a mais densa escuridão. A presença do Senhor no meio do seu povo cancela o peso da derrota e a tristeza da escravidão e restabelece o júbilo e a alegria.
Também nós, nesta noite abençoada, viemos à casa de Deus atravessando as trevas que envolvem a terra, mas guiados pela chama da fé que ilumina os nossos passos e animados pela esperança de encontrar a «grande luz». Abrindo o nosso coração, temos, também nós, a possibilidade de contemplar o milagre daquele menino-sol que, surgindo do alto, ilumina o horizonte.
A origem das trevas
A origem das trevas que envolvem o mundo perde-se na noite dos tempos. Pensemos no obscuro momento em que foi cometido o primeiro crime da humanidade, quando a mão de Caim, cego pela inveja, feriu de morte o irmão Abel (cf. Gn 4, 8). Assim, o curso dos séculos tem sido marcado por violências, guerras, ódio, prepotência. Mas Deus, que havia posto suas expectativas no homem feito à sua imagem e semelhança, esperava. O tempo de espera fez-se tão longo que a certo momento, quiçá, deveria renunciar; mas Ele não podia renunciar, não podia negar-Se a Si mesmo (cf. 2 Tm 2, 13). Por isso, continuou a esperar pacientemente face à corrupção de homens e povos.
A luz
Ao longo do caminho da história, a luz que rasga a escuridão revela-nos que Deus é Pai e que a sua paciente fidelidade é mais forte do que as trevas e do que a corrupção. Nisto consiste o anúncio da noite de Natal. Deus não conhece a explosão de ira nem a impaciência; permanece lá, como o pai da parábola do filho pródigo, à espera de vislumbrar ao longe o regresso do filho perdido.
O sinal de Deus
A profecia de Isaías anuncia a aurora duma luz imensa que rasga a escuridão. Ela nasce em Belém e é acolhida pelas mãos amorosas de Maria, pelo afecto de José, pela maravilha dos pastores. Quando os anjos anunciaram aos pastores o nascimento do Redentor, fizeram-no com estas palavras: «Isto vos servirá de sinal: encontrareis um menino envolto em panos e deitado numa manjedoura» (Lc 2, 12). O «sinal» é a humildade de Deus levada ao extremo; é o amor com que Ele, naquela noite, assumiu a nossa fragilidade, o nosso sofrimento, as nossas angústias, os nossos desejos e as nossas limitações. A mensagem que todos esperavam, que todos procuravam nas profundezas da própria alma, mais não era que a ternura de Deus: Deus que nos fixa com olhos cheios de afecto, que aceita a nossa miséria, Deus enamorado da nossa pequenez.
Ternura
Nesta noite santa, ao mesmo tempo que contemplamos o Menino Jesus recém-nascido e reclinado numa manjedoura, somos convidados a reflectir. Como acolhemos a ternura de Deus? Deixo-me alcançar por Ele, deixo-me abraçar, ou impeço-Lhe de aproximar-Se? «Oh não, eu procuro o Senhor!» – poderíamos replicar. Porém a coisa mais importante não é procurá-Lo, mas deixar que seja Ele a encontrar-me e cobrir-me amorosamente das suas carícias. Esta é a pergunta que o Menino nos coloca com a sua mera presença: permito a Deus que me queira bem?
E ainda: temos a coragem de acolher, com ternura, as situações difíceis e os problemas de quem vive ao nosso lado, ou preferimos as soluções impessoais, talvez eficientes mas desprovidas do calor do Evangelho? Quão grande é a necessidade que o mundo tem hoje de ternura!
A resposta do cristão não pode ser diferente da que Deus dá à nossa pequenez. A vida deve ser enfrentada com bondade, com mansidão. Quando nos damos conta de que Deus Se enamorou da nossa pequenez, de que Ele mesmo Se faz pequeno para melhor nos encontrar, não podemos deixar de Lhe abrir o nosso coração pedindo-Lhe: «Senhor, ajudai-me a ser como Vós, concedei-me a graça da ternura nas circunstâncias mais duras da vida, dai-me a graça de me aproximar ao ver qualquer necessidade, a graça da mansidão em qualquer conflito».
Presépio
Queridos irmãos e irmãs, nesta noite santa, contemplamos o presépio: nele, «o povo que andava nas trevas viu uma grande luz» (Is 9, 1). Viram-na as pessoas simples, dispostas a acolher o dom de Deus. Pelo contrário, não a viram os arrogantes, os soberbos, aqueles que estabelecem as leis segundo os próprios critérios pessoais, aqueles que assumem atitudes de fechamento. Olhemos o presépio e façamos este pedido à Virgem Mãe: «Ó Maria, mostrai-nos Jesus!»
Fonte: News.VA