sábado, 29 de abril de 2017

Santo do Dia - Santa Catarina de Sena, servia a Cristo e sua Igreja

Santa Catarina de Sena
Dotada de dons místicos, recebeu espiritualmente e realmente as chagas do Cristo

Neste dia, celebramos a vida de uma das mulheres que marcaram profundamente a história da Igreja: Santa Catarina de Sena. Reconhecida como Doutora da Igreja, era de uma enorme e pobre família de Sena, na Itália, onde nasceu em 1347.
Voltada à oração, ao silêncio e à penitência, não se consagrou em uma congregação, mas continuou, no seu cotidiano dos serviços domésticos, a servir a Cristo e Sua Igreja, já que tudo o que fazia, oferecia pela salvação das almas. Através de cartas às autoridades, embora analfabeta e de frágil constituição física, conseguia mover homens para a reconciliação e paz como um gigante.
Dotada de dons místicos, recebeu espiritualmente e realmente as chagas do Cristo; além de manter uma profunda comunhão com Deus Pai, por meio da qual teve origem sua obra: “O Diálogo”. Comungando também com a situação dos seus, ajudou-o em muito, socorrendo o povo italiano, que sofria com uma peste mortífera e com igual amor socorreu a Igreja que, com dois Papas, sofria cisão, até que Catarina, santamente, movimentou os céus e a terra, conseguindo banir toda confusão. Morreu no ano de 1380, repetindo: “Se morrer, sabeis que morro de paixão pela Igreja”.
Santa Catarina de Sena, rogai por nós!

Liturgia Diária - Santa Catarina de Sena - Sábado 29/04/2017

Primeira Leitura (At 6,1-7)
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
1Naqueles dias, o número dos discípulos tinha aumentado, e os fiéis de origem grega começaram a queixar-se dos fiéis de origem hebraica. Os de origem grega diziam que suas viúvas eram deixadas de lado no atendimento diário.
2Então os Doze Apóstolos reuniram a multidão dos discípulos e disseram: “Não está certo que nós deixemos a pregação da Palavra de Deus para servir às mesas. 3Irmãos, é melhor que escolhais entre vós sete homens de boa fama, repletos do Espírito e de sabedoria, e nós os encarregaremos dessa tarefa. 4Desse modo nós poderemos dedicar-nos inteiramente à oração e ao serviço da Palavra”.
5A proposta agradou a toda a multidão. Então escolheram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo; e também Filipe, Prócoro, Nicanor, Timon, Pármenas e Nicolau de Antioquia, um pagão que seguia a religião dos judeus. 6Eles foram apresentados aos apóstolos, que oraram e impuseram as mãos sobre eles.
7Entretanto, a Palavra do Senhor se espalhava. O número dos discípulos crescia muito em Jerusalém, e grande multidão de sacerdotes judeus aceitava a fé.

- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.

Salmo de Hoje (Sl 32)



— Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, da mesma forma que em vós nós esperamos!
— Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, da mesma forma que em vós nós esperamos!
— Ó justos, alegrai-vos no Senhor! Aos retos fica bem glorificá-lo. Dai graças ao Senhor ao som da harpa, na lira de dez cordas celebrai-o!
— Pois reta é a palavra do Senhor, e tudo o que ele faz merece fé. Deus ama o direito e a justiça, transborda em toda a terra a sua graça.
— O Senhor pousa o olhar sobre os que o temem, e que confiam esperando em seu amor, para da morte libertar as suas vidas e alimentá-los quando é tempo de penúria.

Compreendendo e Refletindo

O medo só nos faz ser cada vez mais vencidos e assim perdemos a direção e o norte da vida

“Mas Jesus disse: ‘Sou eu. Não tenhais medo’” (João 6, 20).
Os discípulos desceram ao mar e foram em direção a Cafarnaum. E o que encontraram no mar? Encontraram Jesus. Primeiro, veio um vento muito forte, o mar estava agitado, soprando na direção deles e Jesus estava com eles. Mas tiveram medo de Jesus, ficaram apavorados.
Eu poderia dizer tantas coisas desse Evangelho de hoje, rico, lindo e maravilhoso, sobre o medo, porque temos receio de muitas coisas. Temos medo do mar que se agita, das coisas que se agitam ao nosso lado, porque gostamos das coisas simplesmente paradas e estáticas. Quando qualquer coisa se move, mexe-se, é diferente do que estamos acostumados, ficamos preocupados, com medo.
A vida, no entanto, não é estática, ela se mexe, agita-se, e precisamos aprender a lidar com as mudanças, com as agitações, com os ventos contrários e as turbulências. Não de forma turbulenta, agitada, nervosa ou simplesmente medrosa, mas temos de aprender com a serenidade de Jesus. É sendo sereno diante de tantas mudanças que temos de enfrentar na vida, que teremos sabedoria e paz interior para saber lidar com todas essas realidades! Não vale a pena deixar o coração se agitar, porque, senão, seremos pessoas confusas, teremos medo de Deus e O confundiremos com fantasmas.
O problema não é o que estamos vivendo, o problema é o que está dentro de nós. O problema é o medo que aprisiona, que toma conta de nós e comanda as nossas emoções, os nossos afetos e sentimentos.
Jesus é aquele que nos acalma e diz: “Não dê voz ao medo, não dê a direção da sua vida a ele, não deixe que comande seus pensamentos, sentimentos e ações”. Não permitamos que o medo tome conta da nossa vida, por maior que sejam as tribulações e as situações desesperadoras e perigosas da vida.
O medo só nos faz ser cada vez mais vencidos, e assim perdemos a direção e o norte da vida. Deus poderá fazer muito mais em nós, por nós e conosco quando não deixarmos o medo tomar conta de nós, mas ouvirmos a voz do Senhor.
Não tiremos d’Ele o nosso olhar e nossa direção, porque é o Senhor quem cuida de nós!

Deus abençoe você!

Evangelho (Jo 6,16-21)

— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João.
— Glória a vós, Senhor.
16Ao cair da tarde, os discípulos desceram ao mar. 17Entraram na barca e foram em direção a Cafarnaum, do outro lado do mar. Já estava escuro, e Jesus ainda não tinha vindo ao encontro deles.
18Soprava um vento forte e o mar estava agitado. 19Os discípulos tinham remado mais ou menos cinco quilômetros, quando enxergaram Jesus, andando sobre as águas e aproximando-se da barca. E ficaram com medo.
20Mas Jesus disse: “Sou eu. Não tenhais medo”. 21Quiseram, então, recolher Jesus na barca, mas imediatamente a barca chegou à margem para onde estavam indo.

— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.

domingo, 16 de abril de 2017

Ressurreição de Jesus


A comunicação da ressurreição de Jesus não foi fácil. A nós também, hoje, não parece fácil transmitir essa grande convicção de nossa fé. Na primeira leitura do domingo da Páscoa(Cf. At 10,34a.37-43), as palavras que se mostram importantes  na transmissão desta mensagem são: Eles, Deus e Nós.
Eles o mataram, pendurando-o na cruz. Com estas palavras, São Pedro, diante das pessoas que o escutam, resume o martírio de Jesus. Esse foi o fim de um homem que passou por esta terra fazendo o bem e curando os oprimidos pelo pecado; de um homem a quem Deus havia ungido com a força de Espírito Santo, de um homem de quem se devia dizer: “Deus estava com Ele.” Mataram-no como o mais perverso dos seres humanos. A justiça do império, a justiça do povo judeu cometeu esse assassinato, a injustiça mais monstruosa de toda a história. Se foi possível esse “erro histórico”, podemos imaginar quantas injustiças continuarão ocorrendo em nosso mundo.
Deus Pai não se conteve, mas também não atuou brutalmente para restabelecer a justiça. Deus “o ressuscitou no terceiro dia”. Deus o constituiu juiz dos vivos e dos mortos. O condenado pela justiça humana é, agora, constituído Juiz do universo. É o grande paradoxo. Que sentirão os que o condenaram ao se apresentar diante do Juízo e descobrirem que o condenado agora é o Juiz?

Nós! São Pedro não personaliza a experiência. Fala em nome de um coletivo: a Igreja nascente! A recém-nascida Igreja é formada por um grupo de mulheres e homens “testemunhas”. Nisso consiste sua glória: não no que eles fizeram ou fazem, mas naquilo que lhes foi dado contemplar, viver! Foram testemunhas! Da mesma maneira que aqueles que foram testemunhas da queda das Torres Gêmeas de Nova York não influíram em nada na catástrofe, assim também, os que foram testemunhas da ressurreição de Jesus não influíram em nada no acontecimento. Mas cabe a eles a tarefa de comunicar sua experiência, de pregar a todos os ventos para que os povos da terra tomem conhecimento. São Pedro diz que eles são testemunhas por vontade de Deus.
O que Deus faz por nós? Ele nos ressuscitou! Deus Pai nos concedeu participar do acontecimento da Ressurreição de Jesus. Jesus ressuscitado é garantia de vidas ressuscitadas. Junto de Jesus, a morte não tem, em absoluto, a última palavra. Estar com Jesus é escutar a palavra da Vida, ser batizado na água da Vida, comer o pão da Vida e o vinho da nova e eterna Aliança.
O que nós precisamos fazer, visto que Deus já nos fez ressuscitar antecipadamente? Viver o futuro no presente. Aspirar aos bens dessa vida plena, viver a dignidade dos cidadãos da glória.
A esperança é uma força que nada nem ninguém pode vencer. Se ressuscitamos com Jesus, tenhamos, pois, semblantes de ressuscitados.
Fonte: Catequese Católica

Sair do túmulo

Dom José Alberto Moura
Arcebispo de Montes Claros (MG)    



É próprio de cada criatura viva preservar-se e defender-se de tudo o que a tente levar para a sepultura. No entanto, os mecanismos de morte acontecem se cada um de nós não trabalhar para a preservação da vida de todos. O solo terrestre, com tudo o que ele tem em baixo ou em cima da superfície, está sendo ameaçado, arruinado ou destruído. Não vale o “só cada um por si”! Enquanto todos não estiverem dispostos a se ajudarem para a superação da destruição e não tiverem o cuidado com a vida de cada um (solo, minas d’água, biomas, vegetação, animais e seres humanos), todos são prejudicados.
Jesus deu-se totalmente pela causa abraçada de mudar o rumo da história do planeta e do ser humano. Não reservou sequer a última gota d’agua e do sangue jorrados do alto da cruz. Mostrou o que devemos fazer para preservar e desenvolver a vida na terra. Sua ressurreição nos garante a certeza de que não seguimos simplesmente um fundador de religião humano a mais. Entregou a vida na natureza humana, mas a ressuscitou porque tem também a natureza divina. Com Ele somos capazes de também dar de nós pelo bem da natureza e da vida humana. Mesmo que tenhamos infelizmente caído no “sepulcro” de nossos egoísmos, injustiças, degradação da terra e das relações com o semelhante, há esperança de ressurreição. Podemos e devemos mudar a mentalidade da ganância, da busca do ter a todo custo,  da concentração das riquezas nas mãos de poucos e consequentes injustiças sociais, da monocultura em diversas regiões, da destruição de grande parte das matas ciliares, das mineradoras que destroem e poluem, da falta de políticas públicas que não levam em conta a preservação do meio ambiente e a promoção de benefícios sociais principalmente às classes mais prejudicadas...
A solidariedade é uma das virtudes que marcam a vida de quem comunga com a Páscoa de Jesus. É possível corrigir a corrupção que domina negativamente boa parte da política. Esta deve ressuscitar para a vida nova de serviço ao povo e não de busca desenfreada de benefícios para si e poucos, através da prática do ilícito em prejuízo para o povo. Ele é o mandatário e não deve ser o escravo, sendo sepultado em sua dignidade.
Precisamos muito de testemunhas qualificadas, como os Apóstolos de Jesus, para anunciar e garantir a todos que Ele ressuscitou. Quem quer viver com Ele a própria ressurreição, deve aceitar a missão de dar de si para a ressurreição das inter-relações humanas promotoras de vida de sentido e dignidade a todos. Como é importante fazer a Páscoa de Jesus acontecer para todos! Nosso esforço de promover a vida nos deve defendê-la desde a concepção até sua morte natural.  O aborto e todos os mecanismos de morte devem ser abolidos de nossa sociedade. Leis que os favoreçam devem ser rechaçadas por todos!
Pedro e João, avisados por Maria Madalena que Jesus não estava mais no túmulo, foram correndo para ver a sepultura e constataram que, de fato, o corpo do Mestre lá não estava mais. Eles acreditaram na ressurreição do Senhor (Cf. João 20,1-9), que apareceu depois a eles e aos demais discípulos. 

 Fonte: CNBB

Páscoa ecológica

Dom Reginaldo Andrietta
Bispo de Jales


A cultura mercantil da modernidade perverte até mesmo símbolos densamente religiosos, entre os quais a Páscoa. Para muitos, ela se reduz ao conto do coelhinho e aos ovos de chocolate, largamente comercializados, que cultivam fantasias vazias de sentido, sobretudo nas crianças. No entanto, muitas delas, educadas por adultos conscienciosos, não se deixam manipular. Gugu Gaiteiro e Carol, duas crianças brasileiras, em um belo vídeo que pode ser acessado na internet, são belos exemplos.
Assim cantam eles: “Não foi o coelhinho que morreu na cruz. Quem foi crucificado foi o meu Jesus. Na sexta ele morreu, mas morto não ficou; domingo de manhã ele ressuscitou. Na Páscoa comemoram a ressurreição, mas muita gente não se lembra disso, não. Existe muita gente que não dá valor ao grande sacrifício do meu Salvador”. 
A atitude responsável dos educadores dessas crianças, desafia-me a partilhar uma reflexão que visa ser também educativa, associando à Páscoa uma temática ecológica, proposta, novamente este ano, pela Campanha da Fraternidade da Igreja Católica. Esta reflexão é, em síntese, minha mensagem de Páscoa dirigida a todas as pessoas de boa vontade, dedicadas à construção de uma sociedade justa, fraterna e saudável, que as próprias crianças, em primeiro lugar, têm direito.
Ao celebrarmos a Páscoa de Nosso Senhor Jesus Cristo, reafirmamos que ele é vencedor do pecado e da morte, e assumimos com ele a condição de ressuscitados (cf. Cl 3,1). Nele nos tornamos novas criaturas, comprometidas em preservar a vida de toda a criação, na qual estamos inseridos e com a qual interagimos. Dependemos da vida de nossos ecossistemas. No entanto, muitos, em lugar de preservarem a natureza, exploram-na abusivamente, com intuito sobretudo mercantil.
Esse alerta feito pela Campanha da Fraternidade, denunciando a degradação de nossos Biomas, expressa nossa indignação diante de gestões públicas e particulares inadequadas, de nossos recursos naturais. Além de pouco ou nenhum investimento em educação ambiental, permite-se a ampla e acelerada devastação de florestas, e a intensa contaminação do solo, da água e do ar, por meio de dejetos não tratados, e agrotóxicos e poluentes químicos e gasosos extremamente nocivos.
Essa Campanha da Fraternidade, com o lema “Cultivar e guardar a criação” (Gn 2,15), sugere-nos uma profunda mudança de princípios e atitudes, bem como iniciativas corajosas que deem provas de conversão, propósito este da quaresma. Nossa Páscoa será autêntica se mudarmos nosso estilo de vida pessoal e social, libertando-nos dos mecanismos que degradam a vida humana e o planeta no seu todo. Pequenas mudanças são possíveis em função de grandes mudanças necessárias.
Valorizemos, divulguemos e apoiemos as muitas iniciativas de educação ambiental que estão sendo realizadas em diversas áreas da sociedade, sobretudo com as novas gerações. Crianças, adolescentes e jovens têm demonstrado um especial interesse e motivação por projetos e ações ecológicas. São louváveis as iniciativas de muitos trabalhadores e trabalhadoras do campo, especialmente jovens, de produzirem, organicamente, alimentos de qualidade e os comercializarem de modo cooperativo.
Transformemos, pois, nosso suposto desenvolvimento econômico destruidor do meio ambiente, concentrador de recursos, socialmente excludente e conflituoso, em desenvolvimento econômico ecologicamente sustentável, cooperativo, socialmente includente e harmonizador de relações. Nossa sociedade necessita fazer a passagem daquele a este sistema de vida. É para essa Páscoa que lutamos. É essa Páscoa que já festejamos, pois Cristo está vivo entre nós, garantindo-nos a vitória.



Fonte: CNBB

A esperança é mais forte do que sofrimento

Dom Edney Gouvêa Mattoso
Bispo de Nova Friburgo(RJ)


Caros amigos, a Semana Santa nos faz reviver os passos salvadores do Senhor Jesus e, de algum modo, recorda-nos muitos momentos de nossas vidas: dores, injustiças, traições, covardias, solidão, esperas, superações, vitórias. Todas as misérias e as conquistas humanas se levantam diante de Jesus Ressuscitado, juiz dos vivos e dos mortos. Ele as aceitou em Sua Encarnação e, agora, em Sua Paixão, Morte e Ressurreição, lhes dá pleno sentido.
Uma vida sem rumo é a maior dor do homem, pois a ausência de um porquê soma um tormento a mais à alma sofredora. Ao contrário, quando há um motivo para prosseguir, todos os caminhos se enchem de luz.
Nosso Senhor também enfrentou desafios, vencendo cada um deles com a lembrança bendita do amor do Pai, a compaixão pelo mundo e o perdão aos pecadores. Ele sabia que após Sua Paixão todos os temores humanos, até a mais dura certeza da morte e a insegurança pelo porvir, seriam transfigurados.
Assim exprimiu São João Paulo II: "Cristo, de fato, não responde diretamente e não responde de modo abstrato a esta pergunta humana sobre o sentido do sofrimento. O homem percebe a sua resposta salvífica à medida que se vai tornando ele próprio participante dos sofrimentos de Cristo. A resposta que lhe chega mediante essa participação, ao longo da caminhada de encontro interior com o Mestre, é, por sua vez, algo mais do que a simples resposta abstrata à pergunta sobre o sentido do sofrimento. Tal resposta é, sobretudo, um apelo. É uma vocação. Cristo não explica abstratamente as razões do sofrimento; mas, antes de mais nada, diz: ‘Segue-me!’. Vem! Participa com o teu sofrimento nesta obra da salvação do mundo, que se realiza por meio do meu próprio sofrimento!” (Salvifici Doloris, 26).
Louvo a Deus por ver este ensinamento tão compreendido pelos mais pequeninos! Quanta fé se acha entre os que mais sofrem e que extraordinária força podemos encontrar na contemplação de Cristo padecente. O próprio texto citado possui um fundamento mais sólido quando refletimos sobre a vida de São João Paulo II, autor do documento.
Convido a todos os cristãos para que nesta Semana Santa se esqueçam das divisões que enfraquecem nossa caridade e se reconheçam como irmãos vivendo no mesmo tempo, enfrentando as mesmas adversidades e capazes de experimentar a mesma força de ressurreição que vem da cruz de Cristo. Esta é a esperança que cura e supera toda dor, aliviando, sobretudo, os sofrimentos dos mais necessitados.

Fonte: CNBB

Bênção Urbi et Orbi: o Pastor ressuscitado está próximo dos sofredores

2017-04-16 Rádio Vaticana
Cidade do Vaticano (RV) – Após presidir a celebração da Ressurreição do Senhor na Praça São Pedro, o Papa Francisco dirigiu-se à sacada central da Basílica São Pedro para a tradicional Mensagem e Bênção  Urbi et Orbi. Eis a mensagem na íntegra:
“Queridos irmãos e irmãs,
Feliz Páscoa!
Hoje, em todo o mundo, a Igreja renova o anúncio maravilhoso dos primeiros discípulos: «Jesus ressuscitou!» - «Ressuscitou verdadeiramente, como havia predito!»
A antiga festa de Páscoa, memorial da libertação do povo hebreu da escravidão, alcança aqui o seu cumprimento: Jesus Cristo, com a sua ressurreição, libertou-nos da escravidão do pecado e da morte e abriu-nos a passagem para a vida eterna.
Todos nós, quando nos deixamos dominar pelo pecado, perdemos o caminho certo e vagamos como ovelhas perdidas. Mas o próprio Deus, o nosso Pastor, veio procurar-nos e, para nos salvar, abaixou-Se até à humilhação da cruz. E hoje podemos proclamar: «Ressuscitou o bom Pastor, que deu a vida pelas suas ovelhas e Se entregou à morte pelo seu rebanho. Aleluia!» (Missal Romano, IV Domingo de Páscoa, Antífona da Comunhão).
Através dos tempos, o Pastor ressuscitado não Se cansa de nos procurar, a nós seus irmãos extraviados nos desertos do mundo. E, com os sinais da Paixão – as feridas do seu amor misericordioso –, atrai-nos ao seu caminho, o caminho da vida. Também hoje Ele toma sobre os seus ombros muitos dos nossos irmãos e irmãs oprimidos pelo mal nas suas mais variadas formas.
O Pastor ressuscitado vai à procura de quem se extraviou nos labirintos da solidão e da marginalização; vai ao seu encontro através de irmãos e irmãs que sabem aproximar-se com respeito e ternura e fazer sentir àquelas pessoas a voz d’Ele, uma voz nunca esquecida, que as chama à amizade com Deus.
Cuida de quantos são vítimas de escravidões antigas e novas: trabalhos desumanos, tráficos ilícitos, exploração e discriminação, dependências graves. Cuida das crianças e adolescentes que se veem privados da sua vida despreocupada para ser explorados; e de quem tem o coração ferido pelas violências que sofre dentro das paredes da própria casa.
O Pastor ressuscitado faz-Se companheiro de viagem das pessoas que são forçadas a deixar a sua terra por causa de conflitos armados, ataques terroristas, carestias, regimes opressores. A estes migrantes forçados, Ele faz encontrar, sob cada ângulo do céu, irmãos que compartilham o pão e a esperança no caminho comum.
Nas vicissitudes complexas e por vezes dramáticas dos povos, que o Senhor ressuscitado guie os passos de quem procura a justiça e a paz; e dê aos responsáveis das nações a coragem de evitar a propagação dos conflitos e deter o tráfico das armas.
Concretamente nos tempos que correm, sustente os esforços de quantos trabalham ativamente para levar alívio e conforto à população civil na Síria, vítima duma guerra que não cessa de semear horrores e morte. Conceda paz a todo o Médio Oriente, a começar pela Terra Santa, bem como ao Iraque e ao Iémen.
Não falte a proximidade do Bom Pastor às populações do Sudão do Sul, do Sudão, da Somália e da República Democrática do Congo, que sofrem o perdurar de conflitos, agravados pela gravíssima carestia que está a afetar algumas regiões da África.
Jesus ressuscitado sustente os esforços de quantos estão empenhados, especialmente na América Latina, em garantir o bem comum das várias nações, por vezes marcadas por tensões políticas e sociais que, nalguns casos, desembocaram em violência. Que seja possível construir pontes de diálogo, perseverando na luta contra o flagelo da corrupção e na busca de soluções pacíficas viáveis para as controvérsias, para o progresso e a consolidação das instituições democráticas, no pleno respeito pelo estado de direito.
Que o Bom Pastor ajude ucraniana, atormentada ainda por um conflito sangrento, a reencontrar a concórdia, e acompanhe as iniciativas tendentes a aliviar os dramas de quantos sofrem as suas consequências.
O Senhor ressuscitado, que não cessa de cumular o continente europeu com a sua bênção, dê esperança a quantos atravessam momentos de crise e dificuldade, nomeadamente por causa da grande falta de emprego, sobretudo para os jovens.
Queridos irmãos e irmãs, este ano, nós, os crentes de todas as denominações cristãos, celebramos juntos a Páscoa. Assim ressoa, a uma só voz, em todas as partes da terra, o mais belo anúncio: «O Senhor ressuscitou verdadeiramente, como havia predito!» Ele, que venceu as trevas do pecado e da morte, conceda paz aos nossos dias. Feliz Páscoa!”
Ao final de sua mensagem, o Santo Padre concedeu a todos a sua Bênção Apostólica, pedindo "não esqueçam de rezar por mim".  Feliz Páscoa!
Fonte: News.VA

Papa: Jesus quer ressurgir nos rostos que sepultaram a esperança e os sonhos

2017-04-16 Rádio Vaticana

Cidade do Vaticano (RV) – O Senhor “está vivo e quer ressurgir em tantos rostos que sepultaram a esperança, sepultaram os sonhos, sepultaram a dignidade. E, se não somos capazes de deixar que o Espírito nos conduza por esta estrada, então não somos cristãos. Vamos e deixemo-nos surpreender por esta alvorada diferente, deixemo-nos surpreender pela novidade que só Cristo pode dar”.
Na noite do Sábado Santo o Papa Francisco presidiu a celebração da Vigília Pascal na Basílica de São Pedro. Eis sua homilia na íntegra:
“«Terminado o sábado, ao romper do primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram visitar o sepulcro» (Mt 28, 1). Podemos imaginar aqueles passos: o passo típico de quem vai ao cemitério, passo cansado da confusão, passo debilitado de quem não se convence que tudo tenha acabado assim. Podemos imaginar os seus rostos pálidos, banhados pelas lágrimas. E a pergunta: Como é possível que o Amor tenha morrido?
Ao contrário dos discípulos, elas ali vão, como já acompanharam o último respiro do Mestre na cruz e, depois, a sepultura que Lhe deu José de Arimateia; duas mulheres capazes de não fugir, capazes de resistir, de enfrentar a vida tal como se apresenta e suportar o sabor amargo das injustiças. Ei-las chegar diante do sepulcro, divididas entre a tristeza e a incapacidade de se resignarem, de aceitarem que tudo tenha sempre de acabar assim.
E, se fizermos um esforço de imaginação, no rosto destas mulheres podemos encontrar os rostos de tantas mães e avós, os rostos de crianças e jovens que suportam o peso e o sofrimento de tanta desumana injustiça. Nos seus rostos, vemos refletidos os rostos de todos aqueles que, caminhando pela cidade, sentem a tribulação da miséria, a tribulação causada pela exploração e o tráfico humano. Neles, vemos também os rostos daqueles que experimentam o desprezo, porque são imigrantes, órfãos de pátria, de casa, de família; os rostos daqueles cujo olhar revela solidão e abandono, porque têm mãos com demasiadas rugas.
Refletem o rosto de mulheres, de mães que choram ao ver que a vida dos seus filhos fica sepultada sob o peso da corrupção que subtrai direitos e quebra tantas aspirações, sob o egoísmo diário que crucifica e sepulta a esperança de muitos, sob a burocracia paralisadora e estéril que não permite que as coisas mudem. Na sua tristeza, elas têm o rosto de todos aqueles que, ao caminhar pela cidade, vêem a dignidade crucificada.
No rosto destas mulheres, há muitos rostos; talvez encontremos o teu rosto e o meu. Como elas, podemos sentir-nos impelidos a caminhar, não nos resignando com o facto de que as coisas devem acabar assim. É verdade que trazemos dentro uma promessa e a certeza da fidelidade de Deus. Mas também os nossos rostos falam de feridas, falam de muitas infidelidades – nossas e dos outros –, falam de tentativas e de batalhas perdidas. O nosso coração sabe que as coisas podem ser diferentes; mas, quase sem nos apercebermos, podemos habituar-nos a conviver com o sepulcro, a conviver com a frustração. Mais ainda, podemos chegar a convencer-nos de que esta seja a lei da vida anestesiando-nos com evasões que nada mais fazem que apagar a esperança colocada por Deus nas nossas mãos. Muitas vezes, são assim os nossos passos, é assim o nosso caminhar, como o destas mulheres, um caminhar por entre o desejo de Deus e uma triste resignação. Não morre só o Mestre; com Ele, morre a nossa esperança.
«Nisto, houve um grande terremoto» (Mt 28, 2). De improviso, aquelas mulheres receberam um forte tremor, algo e alguém fez tremer o solo sob os seus pés. Mais uma vez, alguém vem ao encontro delas dizendo: «Não tenhais medo», mas desta vez acrescentando: «Ressuscitou, como tinha dito». E tal é o anúncio com que nos presenteia, de geração em geração, esta Noite Santa: Não tenhamos medo, irmãos! Ressuscitou como tinha dito. A vida arrancada, destruída, aniquilada na cruz despertou e volta a palpitar de novo (cf. R. GUARDINI, Il Signore, Milão 1984, 501). O palpitar do Ressuscitado é-nos oferecido como dom, como presente, como horizonte. O palpitar do Ressuscitado é aquilo que nos foi dado, sendo-nos pedido para, por nossa vez, o darmos como força transformadora, como fermento de nova humanidade. Com a Ressurreição, Cristo não deitou por terra apenas a pedra do sepulcro, mas quer fazer saltar também todas as barreiras que nos fecham nos nossos pessimismos estéreis, nos nossos mundos conceptuais bem calculados que nos afastam da vida, nas nossas obcecadas buscas de segurança e nas ambições desmesuradas capazes de jogar com a dignidade alheia.
Quando o sumo sacerdote, os chefes religiosos em conivência com os romanos pensaram poder calcular tudo, quando pensaram que estava dita a última palavra e que competia a eles estabelecê-la, irrompe Deus para transtornar todos os critérios e, assim, oferecer uma nova oportunidade. Uma vez mais, Deus vem ao nosso encontro para estabelecer e consolidar um tempo novo: o tempo da misericórdia. Esta é a promessa desde sempre reservada, esta é a surpresa de Deus para o seu povo fiel: alegra-te, porque a tua vida esconde um germe de ressurreição, uma oferta de vida que aguarda o despertar.
Eis o que esta noite nos chama a anunciar: o palpitar do Ressuscitado, Cristo vive! E foi isto que mudou o passo de Maria de Magdala e da outra Maria: é o que as faz regressar às pressas e correr para dar a notícia (Mt 28, 8); é o que as faz voltar sobre os seus passos e sobre os seus olhares; regressam à cidade para se encontrar com os outros.
Como entramos com elas no sepulcro, assim vos convido a irmos também com elas, a regressarmos à cidade, a voltarmos sobre os nossos passos, sobre os nossos olhares. Vamos com elas comunicar a notícia, vamos…  a todos aqueles lugares onde pareça que o sepulcro tenha a última palavra e onde pareça que a morte tenha sido a única solução. Vamos anunciar, partilhar, revelar que é verdade: o Senhor está Vivo. Está vivo e quer ressurgir em tantos rostos que sepultaram a esperança, sepultaram os sonhos, sepultaram a dignidade. E, se não somos capazes de deixar que o Espírito nos conduza por esta estrada, então não somos cristãos.
Vamos e deixemo-nos surpreender por esta alvorada diferente, deixemo-nos surpreender pela novidade que só Cristo pode dar. Deixemos que a sua ternura e o seu amor movam os nossos passos, deixemos que o pulsar do seu coração transforme o nosso ténue palpitar”.


(from Vatican Radio)

Fonte: News.VA

Papa na Missa de Páscoa: A Igreja não cessa de proclamar: Cristo ressuscitou!

2017-04-16 Rádio Vaticana
Cidade do Vaticano (RV) –  A certeza na ressurreição, mesmo diante das dores, das tragédias, daquilo que não entendemos. Na Missa presidida na Praça São Pedro neste Domingo de Páscoa, o Papa Francisco exortou os fiéis a repetirem em casa: “Cristo ressuscitou!”, mesmo diante das vicissitudes da vida.
 
“O caminho em direção ao sepulcro é a derrota, é o caminho da derrota”, disse o Papa, falando de forma espontânea. E remetendo-se à cena de Pedro, João e as mulheres diante do sepulcro vazio, observou que “foram com o coração fechado pela tristeza, a tristeza de uma derrota, o Mestre, o seu Mestre, aquele que tanto amavam, foi derrotado”.
“Mas o Anjo diz a eles: “Não está aqui, ressuscitou!”. É o primeiro anúncio, ressuscitou! E depois a confusão, o coração fechado, as aparições”, completou Francisco.
E diante de nossas derrotas, de nossos corações amedrontados, fechados, a Igreja não cessa de repetir: “Pare! O Senhor ressuscitou!”.
“Mas se o Senhor ressuscitou, como acontecem estas coisas? – questiona-se Francisco. Como acontecem  tantas desgraças doenças, tráfico de pessoas, guerras, destruições, mutilações, vinganças,  ódio? Onde está o Senhor?”.
O Papa ilustra esta dúvida que percorre o coração de tantos de nós em meios às vicissitudes da vida, contando o telefonema a um jovem italiano na tarde de sábado, acometido de uma doença grave, para dar um sinal de fé:
“Um jovem culto, um engenheiro.  Disse a ele: “Mas, não existem explicações para aquilo que acontece contigo. Olhe para Jesus na Cruz. Deus fez isto com o seu Filho e não existe outra explicação!”. E ele me respondeu: “Sim! Mas perguntou ao Filho e o Filho disse que sim. Mas eu não fui perguntado se eu desejava isto!”.
“Isto nos comove – disse Francisco. A ninguém de nós é perguntado: “Mas, estás contente com aquilo que acontece no mundo?  Estás disposto a carregar esta Cruz?”. E esta Cruz acompanha. E a fé em Jesus se arrefece”!
“Mas hoje – reitera o Pontífice - a Igreja continua a dizer: “Pare! Jesus Ressuscitou!” E isto não é uma fantasia, a Ressurreição de Cristo não é uma festa com muitas flores. Isto é bonito, mas não é só, é mais do que isto. É o mistério da pedra descartada que torna-se o alicerce da nossa existência. Cristo Ressuscitou, este é o significado”.
“Nesta cultura do descarte, onde o que não serve segue pelo caminho do “usa e joga fora”, onde o que não serve é descartado, aquela pedra  descartada torna-se fonte de vida”:
“E nós, também nós, pedrinhas por terra, nesta terra de dor, tragédias, com a fé em Cristo Ressuscitado, temos um sentido, em meio à tanta calamidade. O sentido de olhar além, o sentido de dizer: “Olha, não existe uma parede; existe um horizonte, existe  a vida,  existe a alegria, existe a Cruz com esta ambivalência. Olha em frente. Não se feche! Tu, pedrinha, tens um sentido na vida porque és uma pedrinha junto àquela pedra, aquela pedra que a maldade do pecado descartou”.
“O que nos diz a Igreja hoje diante de tanta tragédia?  Simplesmente isto. A pedra descartada não resulta descartada. As pedrinhas que creem e que se apegam àquela pedra não são descartados, tem um sentido, e com este sentimento a Igreja repete, mas de dentro do coração: “Cristo ressuscitou!”.
Ao concluir, o Papa Francisco pediu a cada um de nós:
“Pensemos um pouco, cada um de nós, nos problemas cotidianos, nas doenças que temos e que alguns de nossos parentes têm, nas guerras, nas tragédias humanas. E simplesmente, com voz humilde, sem flores, sozinhos, diante de nós mesmos:  “Não sei como vai acabar isto, mas estou certo de que Cristo Ressuscitou. Eu aposto nisto! Irmãos e irmãs, isto é o que me vem de dizer para vocês. Em casa hoje, repitam no coração de vocês, Cristo ressuscitou!”. (JE)
(from Vatican Radio)
Fonte:News.VA

Cantalamessa: a cruz dá sentido a todo sofrimento, a vitória é dos que sofrem

2017-04-14 Rádio Vaticana
Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco presidiu na tarde desta Sexta-feira Santa, na Basílica de São Pedro, a celebração da Paixão do Senhor. A homilia da cerimônia, intitulada “A cruz, única esperança do mundo”, esteve a cargo do Pregador da casa Pontifícia Frei Raniero Cantalamessa ofmcap. 
 

“Escutamos a narrativa da Paixão de Cristo. Trata-se, essencialmente, do relato de uma morte violenta. Notícias de mortes, e mortes violentas, quase nunca faltam nos noticiários vespertinos. Também nestes últimos dias, temos escutado tais notícias, como a dos 38 cristãos coptas assassinados no Egito no Domingo de Ramos. Estas notícias se sucedem com tal rapidez, que nos fazem esquecer, a cada noite, as do dia anterior. Por que, então, após 2000 anos, o mundo ainda recorda, como se tivesse acontecido ontem, a morte de Cristo? É que esta morte mudou para sempre o rosto da morte; ela deu um novo sentido à morte de cada ser humano”, disse Frei Cantalamessa. 
"Chegando, porém, a Jesus, como o vissem já morto, não lhe quebraram as pernas, mas um dos soldados abriu-lhe o lado com uma lança e, imediatamente, saiu sangue e água" (Jo 19, 33-34). 
“Penetremos no epicentro da fonte deste “rio de água viva” no coração trespassado de Cristo. Existe agora, dentro da Trindade e dentro do mundo, um coração humano que bate, não só metaforicamente, mas realmente. É um coração trespassado, mas vivente; eternamente trespassado, precisamente porque eternamente vivente”, frisou o frei capuchinho.
Há uma expressão que foi criada justamente para descrever a profundidade da maldade que pode aglutinar-se no seio da humanidade: “coração de trevas”. Depois do sacrifício de Cristo, mais profundo do que o coração de trevas, palpita no mundo um coração de luz. Cristo, de fato, subindo ao céu, não abandonou a terra, assim como, encarnando-se, não tinha abandonado a Trindade.
A cruz não "está", portanto, contra o mundo, mas pelo mundo: para dar um sentido a todo o sofrimento que houve, que há e que haverá na história humana. "Deus não enviou o Filho ao mundo para condenar o mundo – diz Jesus a Nicodemos –, mas para que o mundo seja salvo por Ele" (Jo 3, 17). A cruz é a proclamação viva de que a vitória final não é de quem triunfa sobre os outros, mas de quem triunfa sobre si mesmo; não daqueles que causam sofrimento, mas daqueles que sofrem.
“Tornaríamos vã, no entanto, esta liturgia da Paixão, se ficássemos, como os sociólogos, na análise da sociedade em que vivemos. Cristo não veio para explicar as coisas, mas para mudar as pessoas. O coração de trevas não é apenas aquele de algum malvado escondido no fundo da selva, e nem mesmo aquele da nação e da sociedade que o produziu. Em diferente medida está dentro de cada um de nós”, disse Frei Cantalamessa que acrescentou:
A Bíblia o chama de coração de pedra, "Tirarei do vosso peito o coração de pedra – diz Deus ao profeta Ezequiel – vos darei um coração de carne". Coração de Pedra é o coração fechado à vontade de Deus e ao sofrimento dos irmãos, o coração de quem acumula quantidades ilimitadas de dinheiro e permanece indiferente ao desespero de quem não tem um copo de água para dar ao próprio filho; é também o coração de quem se deixa completamente dominar pela paixão impura, pronto para matar ou a levar uma vida dupla. Para não ficarmos com o olhar sempre dirigido para o exterior, para os demais, digamos mais concretamente: é o nosso coração de ministros de Deus e de cristãos praticantes se vivemos ainda, basicamente, “para nós mesmos” e não “para o Senhor”.
O coração de carne, prometido por Deus nos profetas, já está presente no mundo: é o Coração de Cristo trespassado na cruz, aquele que veneramos como “o Sagrado Coração”. Ao receber a Eucaristia, acreditamos firmemente que aquele coração vem bater também dentro de nós. Olhando para a cruz daqui a pouco digamos do profundo do coração, como o publicano no templo: "Meu Deus, tem piedade de mim, pecador!”, e também nós, como ele, voltaremos para casa “justificados”.
Traduçao de Thácio Siqueira
(from Vatican Radio)

Fonte:News.VA

Francisco felicita Bento XVI pela Páscoa e pelos 90 anos

2017-04-13 Rádio Vaticana

Cidade do Vaticano (RV) - Na tarde de ontem, quarta-feira, o Papa Francisco foi ao Mosteiro Mater Ecclesiae, nos Jardins Vaticanos, para felicitar o Papa emérito Bento XVI pela Festa da Páscoa e pelo transcurso de seu 90º aniversário, a ser celebrado no próximo domingo, 16 de abril.
(from Vatican Radio)

Fonte: News.VA

Santo do Dia : São Benedito José Labre, enriqueceu a Igreja com sua pobreza

São Benedito José Labre, oferecia tudo pela conversão dos pecadores

O santo de hoje enriqueceu a Igreja com sua pobreza. Nasceu na França, em 1748. Despertado muito cedo pela graça divina a uma entrega total, Benedito quis ser monge. Bateu em vários mosteiros, mas devido sua frágil saúde, não foi aceito.
Os ‘nãos’ recebidos o fizeram descobrir um modo específico de viver a vocação à santidade. Tornou-se então um peregrino, um mendigo de Deus. Foi muito humilhado, mas foi peregrinando pelos santuários da Europa, oferecendo tudo pela conversão dos pecadores.
Benedito viveu da Divina Providência. Com 35 anos, consumido pela vida de oração e meditação, entrou na glória de Deus.
São Benedito José Labre, rogai por nós!