sexta-feira, 30 de setembro de 2016

O direito de nascer

Dom Fernando Arêas Rifan
Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney


Por determinação da 43ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, em 2005, celebra-se, em todo o Brasil, de 1 a 7 de outubro, a Semana Nacional da Vida e no dia 8 de outubro o Dia do Nascituro, ou seja, o Dia pelo direito de nascer. “A Semana Nacional da Vida e o Dia do Nascituro são ocasiões para que toda a Igreja continue afirmando sua posição favorável à vida desde o seio materno até o seu fim natural, bem como a dignidade da mulher e a proteção das crianças” (Dom Leonardo Ulrich Steiner, secretário geral da CNBB). Uma data esquecida, mas que vale a pena recordar. Nascituro, o que está para nascer, é o que todos fomos um dia, no útero de nossa mãe, onde teve início nossa existência, graças a Deus.
Foi escolhido o dia 8 de outubro, por ser próximo ao dia em que se celebra a Padroeira do Brasil (12 de outubro), cujo título, ao evocar a concepção, lembra o fruto correspondente: Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Mãe de Deus que se fez homem, Jesus Cristo, nascituro em seu seio, que faz João Batista exultar de alegria no ventre de Isabel (Lc 1,39-45).
A propósito, diante da atual banalização da vida e de opiniões favoráveis ao aborto, defendido por inúmeras pessoas influentes, é importante lembrar que a Igreja compreende as situações difíceis que levam mães a abortar, mas, por uma questão de princípios, defende com firmeza a vida do nascituro, como bem nos ensina S. João Paulo II na Carta Encíclica "Evangelium Vitae" (Sobre Valor e a Inviolabilidade da Vida Humana): “É verdade que, muitas vezes, a opção de abortar reveste para a mãe um caráter dramático e doloroso: a decisão de se desfazer do fruto concebido não é tomada por razões puramente egoístas ou de comodidade, mas porque se quereriam salvaguardar alguns bens importantes como a própria saúde ou um nível de vida digno para os outros membros da família. Às vezes, temem-se para o nascituro condições de existência tais que levam a pensar que seria melhor para ele não nascer. Mas essas e outras razões semelhantes, por mais graves e dramáticas que sejam, nunca podem justificar a supressão deliberada de um ser humano inocente” (n. 58). E, usando da prerrogativa da infalibilidade, o Papa define: “Com a autoridade que Cristo conferiu a Pedro e aos seus sucessores, em comunhão com os Bispos – que de várias e repetidas formas condenaram o aborto e que... apesar de dispersos pelo mundo, afirmaram unânime consenso sobre esta doutrina - declaro que o aborto direto, isto é, querido como fim ou como meio, constitui sempre uma desordem moral grave, enquanto morte deliberada de um ser humano inocente. Tal doutrina está fundada sobre a lei natural e sobre a Palavra de Deus escrita, é transmitida pela tradição da Igreja e ensinada pelo Magistério ordinário e universal” (n. 62). 
Agradeçamos ao Criador pelo dom da vida que nos deu, e renovemos o nosso compromisso de lutar pela vida daqueles que, como nós fomos também, ainda não têm voz, mas que são chamados a um dia agradecerem a Deus por tão grande dom. Lutemos pela vida, contra o aborto.
Fonte: CNBB

Bíblia

Dom Jaime Spengler
Arcebispo de Porto Alegre


A palavra “bíblia” significa um conjunto de livros. A Bíblia é uma pequena biblioteca. Ela contém livros de caráter narrativo, sapiencial, poético, profético, litúrgico, jurídico, epistolar e exortativo.
A Bíblia foi escrita em um arco de tempo de mais ou menos mil anos, embora conserve tradições ainda mais antigas. 
Ela é fruto da tradição de um povo e espelha sua identidade. Recolhe a história desse povo. Contém sua memória. Auxilia esse mesmo povo a se autocompreender e a se orientar nos caminhos da história. 
Os protagonistas desta ‘pequena biblioteca’ são Deus e o ser humano: Deus de quem o ser humano é imagem e semelhança e o ser humano com sua insaciável sede de liberdade e justiça, de vida e verdade, desejoso de felicidade! Os diversos personagens que vão surgindo, ao longo da trama, são expressão das diversas faces do coração humano, com suas virtudes e misérias. 
A Bíblia é uma obra clássica. Tornou-se o código cultural do Ocidente. Ela influenciou o campo das artes, da filosofia, da literatura, do direito, da vida religiosa e civil. Os princípios de fraternidade, igualdade e liberdade, como também os conceitos de pessoa, responsabilidade, justiça, solidariedade, história e escatologia, além da declaração dos direitos humanos, surgiram no âmbito da cultura judaico-cristã, portanto bíblica.
A Bíblia pode ser lida em três níveis.
a) O primeiro nível de leitura é aquele da curiosidade cultural. Trata-se de um conjunto de livros que gozam de notoriedade. Um texto ‘clássico’ suscita curiosidade. Qualquer pessoa que ouve falar de um livro importante manifesta desejo de conhecê-lo!
b) O segundo nível de leitura é aquele no qual a pessoa se deixa envolver pela narrativa e, assim, torna-se participante de sua trama. Um texto começa a falar ao leitor, na medida em que colabora para desvelar seu íntimo. Quando o texto suscita interesse, promovendo a identificação com os distintos personagens apresentados, o leitor  torna-se participante da experiência narrada.
c) O terceiro nível de leitura conduz o leitor a experimentar aquilo que leu. Neste nível, a palavra lida é acolhida e torna-se vida. Ela concede ao leitor um novo modo de ser, proporciona-lhe uma mudança de vida!
Quando alguém se deixa atingir pelo terceiro nível de leitura da Bíblia, é possível experimentar a abertura de um novo horizonte, capaz de a tudo dar sentido. O modo de viver se transforma, pois os olhos e o coração atingem uma compreensão mais profunda e originária da realidade. 
Nos primeiros séculos da era cristã, havia o costume de proporcionar aos que desejassem se aprofundar na fé uma catequese narrativa. Os grandes comentários bíblicos, que surgiram nos primeiros séculos da Igreja, nada mais eram que catequese em favor do povo. 
A narração da relação de Deus com o ser humano – e vice-versa – é um modo de se falar de Deus e do ser humano. Ter no centro do processo catequético a Bíblia, compreendida como uma grande catequese narrativa, a qual chegou até os dias atuais por meio da tradição viva da comunidade de fé que a testemunha, é possibilidade de transformação da vida dos catequizandos e de promoção da vida das comunidades. 
O processo catequético é uma terapia do coração. Na terapia psicológica, por exemplo, o método utilizado é aquele de reviver a experiência através da narrativa desta mesma experiência. O valor da catequese narrativo-bíblica está em que a narração permite reviver a experiência. 
A experiência que perpassa toda a narração bíblica é aquela de um Deus-amor, o qual assume a carne humana, para que o ser humano possa participar de sua vida. 
Em um mundo fragmentado e sedento de Deus, uma catequese narrativo-bíblica ou de inspiração bíblica favorece o encontro com o mais íntimo do ser humano!
Fonte: CNBB

Mensagem para as eleições

Dom Aloísio A. Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul


Caros Irmãos e Irmãs. Estamos próximos das eleições. É hora de decidirmos, como eleitores e cidadãos, quem vai cuidar do Bem comum, em nossos Municípios. É importante estarmos atentos a tudo o que envolve as eleições. Para ajudar-nos nesta reflexão, a presidência da CNBB emitiu uma nota, da qual apresentamos alguns trechos.
Neste ano de eleições municipais, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB dirige ao povo brasileiro uma mensagem de esperança, ânimo e coragem. Os cristãos católicos, de maneira especial, são chamados a dar a razão de sua esperança (cf. 1Pd 3,15) nesse tempo de profunda crise pela qual passa o Brasil.
Sonhamos e nos comprometemos com um país próspero, democrático, sem corrupção, socialmente igualitário, economicamente justo, ecologicamente sustentável, sem violência, discriminação e mentiras; e com oportunidades iguais para todos. Só com participação cidadã de todos os brasileiros e brasileiras é possível a realização desse sonho. Esta participação democrática começa no município onde cada pessoa mora e constrói sua rede de relações. Se quisermos transformar o Brasil, comecemos por transformar os municípios...
As eleições municipais têm uma atração e uma força próprias pela proximidade dos candidatos com os eleitores. Se, por um lado, isso desperta mais interesse e facilita as relações, por outro, pode levar a práticas condenáveis como a compra e venda de votos, a divisão de famílias e da comunidade. Na política, é fundamental respeitar as diferenças e não fazer delas motivo para inimizades ou animosidades que desemboquem em violência de qualquer ordem.
Para escolher e votar bem é imprescindível conhecer, além dos programas dos partidos, os candidatos e sua proposta de trabalho, sabendo distinguir claramente as funções para as quais se candidatam...  É fundamental considerar o passado do candidato, sua conduta moral e ética e, se já exerce algum cargo político, conhecer sua atuação na apresentação e votação de matérias e leis a favor do bem comum...
A Igreja Católica não assume nenhuma candidatura, mas incentiva os cristãos leigos e leigas, que têm vocação para a militância político-partidária, a se lançarem candidatos. No discernimento dos melhores candidatos, tenha-se em conta seu compromisso com a vida, com a justiça, com a ética, com a transparência, com o fim da corrupção, além de seu testemunho na comunidade de fé...
Após as eleições, é importante a comunidade se organizar para acompanhar os mandatos dos eleitos. Os cristãos leigos e leigas, inspirados na fé que vem do Evangelho, devem se preparar para assumir, de acordo com sua vocação, competência e capacitação, serviços nos Conselhos de participação popular, como o da Educação, Saúde, Criança e Adolescente, Juventude, Assistência Social, etc.. 
Confiamos que nossas comunidades saberão se organizar para tornar as eleições municipais ocasião de fortalecimento da democracia que deve ser cada vez mais participativa. Nosso horizonte seja sempre a construção do bem comum.


Fonte: CNBB

Geórgia: o país que o Papa visita

2016-09-30 Rádio Vaticana
Cidade do Vaticano (RV) – Mas que país é hoje a Geórgia, ex-república soviética independente desde 1991? E sobretudo, como as autoridades veem a chegada de um segundo Pontífice depois de São João Paulo II em 1999? A Rádio Vaticano conversou com Marilisa Lorusso, pesquisadora e perita da área do Observatório Bálcãs e Cáucaso:
R. – Certamente é um país que cresceu: viveu um período inicial muito turbulento, com duas guerras de secessão, uma guerra civil, grandes lacunas de capacidade de soberania e um colapso econômico completo, devido, como muitos outros países pós-soviéticos, à crise da estrutura econômica da URSS. Sobre os índices de crescimento que tinham superado 8% ao ano, agora estamos em 3% em relação ao PIB. Portanto, é um país que, com grande dificuldade, está procurando propor-se como um agente econômico, de explorar a sua posição seja do ponto de vista do turismo, seja da diferenciação da produção, seja industrial que agrícola, em um contexto que não é fácil. De fato, existem tensões entre os países vizinhos que geram dificuldades de transporte e comunicação; entre outras coisas, toda a Região do Mar Negro está sofrendo, e ainda mais por causa da crise na Ucrânia. Então, entre mil dificuldades, a Geórgia está procurando uma estabilização seja econômica, seja política.
P. O Papa chega a poucos dias das eleições: o que o país, e o povo também, esperam dessas eleições? O que as pessoas pedem?
R. - O que se espera segundo as pesquisas é que o governo atual seja bem ou mal confirmado. Existe um verdadeiro debate político: não temos mais o poder esmagador de um partido, por isso são eleições realmente discutidas e debatidas. No que concerne às questões reais que interessam ao povo, em primeiro lugar está o desemprego. Se esta estabilização política continuar, poderá incentivar os investidores estrangeiros a expandirem sua presença no país. Por isso, é muito provável que não se registrem grandes mudanças nas estratégias econômicas; assim é improvável que estas eleições tragam mudanças do ponto de vista de orientação, não só na política interna, mas também naquela exterior. A Geórgia parece bastante atrelada a um caminho euro-atlantista. O reconhecimento pela Rússia das suas duas repúblicas separatistas depois de 2008 - Abcásia e da Ossétia - na verdade, criou uma profunda divisão em relação à Rússia, que ainda não foi normalizada do ponto de vista diplomático, entregando assim a Geórgia a uma orientação pró-ocidental, já no pensamento do país desde a independência.
P. Como os políticos georgianos olham para a visita do Papa? Recordamos que quando São João Paulo II visitou o país estava ali o seu amigo Shevardnadze: portanto a situação era diferente…
R. - Certamente a visita do Papa é uma reafirmação da identidade europeia para a Geórgia. Depois, há planos relativos à política interna georgiana: acolher o representante de outra religião cristã no seu próprio território é também, em certo sentido, um ato de superação de formas de nacionalismo que tendem então, eventualmente, a minar a coesão social. Isto aplica-se não só às minorias cristãs, mas também àquelas muçulmanas. Há também a questão das relações bilaterais: esta será, entre outras coisas, a primeira visita do Papa depois que a Geórgia reconheceu a presença de outras Igrejas no seu território, não como associações, mas como "Igrejas"; então certamente este é um dado importante. E, em geral - em nível internacional - a visita a um país que tem uma forte ligação entre a Igreja nacional e o Estado de um líder estrangeiro, é um desejo de reiterar o caminho de paz e de diálogo inter-religioso, que no Cáucaso é mais do que nunca necessário, em um momento em que toda a área é abalada pela onda do conflito sírio. (SP)
(from Vatican Radio)
Fonte: News.VA

Papa Francisco chega à Geórgia

2016-09-30 Rádio Vaticana
Tbilisi (RV) – O Papa chegou à Geórgia dando início à segunda etapa de sua visita à região do Cáucaso (a primeira foi em junho com a visita à Armênia). É a 16ª Viagem Apostólica internacional do Pontificado de Francisco.A visita será de três dias, incluindo etapa no Azerbaijão no domingo.
O A321 da Alitália aterrissou no Aeroporto de Tbilisi pouco antes das 15 horas locais (8 horas em Brasília). 
Durante o voo, o Santo Padre dirigiu algumas palavras de boas-vindas e de agradecimento aos jornalistas e ao séquito papal, sublinhando também que esta é a primeira viagem do novo Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Geg Burke.
“Esta viagem será breve, graças a Deus. Em três dias retornaremos para casa”, brincou o Pontífice, antes de saudar um a um, todos os 70 jornalistas presentes no voo.
Ao descer do avião que o levou à capital da Geórgia, o Papa foi saudado no aeroporto pelo Presidente da República Georgi Margvelashvili.
A seguir, aproximou-se do Patriarca de toda a Geórgia, Primaz da Igreja Apostólica Ortodoxa georgiana, Ilia II, abraçando-o duas vezes e trocando algumas palavras. (A Igreja Ortodoxa da Geórgia é uma das mais rígidas da ortodoxia e, pela primeira vez, uma delegação ortodoxa (não o Patriarca) participará da missa com o Papa). Ainda nesta sexta-feira o Papa irá à sede do Patriarcado para um novo e mais prolongado encontro com Ilia II.
A cerimônia de boas vindas foi breve, com a apresentação dos hinos nacionais e as honras militares. Logo a seguir o Pontífice transferiu-se ao Palácio Presidencial para a visita de cortesia ao Chefe de Estado e para o encontro com as autoridades e a sociedade civil.
(je/agências)
(from Vatican Radio)
Fonte: News.VA

Paz e diálogo: Papa rumo à Geórgia e ao Azerbaijão

2016-09-30 Rádio Vaticana
Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco deixou o Vaticano na manhã desta sexta-feira (30/09) para realizar sua 16ª viagem apostólica internacional.
Trata-se de sua segunda etapa no Cáucaso. Depois de visitar a Armênia em junho passado, agora é a vez de Geórgia e Azerbaijão. “Acompanhem-me com suas orações para semear juntos paz, unidade e reconciliação”, pediu o Pontífice a seus seguidores no Twitter esta manhã.
Ao chegar à capital georgiana, Tbilisi, quatro eventos aguardam o Papa ainda esta sexta-feira:  a visita de cortesia ao Presidente da República, Giorgi Margvelashvili; o encontro com as autoridades, a sociedade civil e o corpo diplomático; o encontro com Sua Beatitude Elias II, Catholicos e Patriarca de toda a Geórgia e, por fim, a oração pela paz com a comunidade assírio-caldeia. Todos esses eventos serão transmitidos ao vivo pela Rádio Vaticano, com comentários em português.
“Pax Vobis” (a paz esteja convosco) é o lema da viagem à Geórgia, marcada pelo ecumenismo. A Igreja ortodoxa georgiana, com a qual a Santa Sé mantém boas relações, é uma das poucas que não reconhecem a validez do batismo administrado pelos católicos. O Papa Francisco e o Patriarca Elias II se abraçarão, mas não rezarão juntos. O Patriarca e Catholicos dos ortodoxos georgianos não participará pessoalmente da missa celebrada pelo Pontífice no sábado, 1° de outubro, mas decidiu enviar uma delegação.
Raízes cristãs
A peregrinação à Geórgia é uma viagem às raízes cristãs da Europa: o cristianismo foi declarado religião de Estado em 337 d.C. e a Igreja georgiana se proclamou autocéfala, tornando-se autônoma do Patriarcado de Antioquia já no século V.
A viagem na fronteira entre Europa e Ásia se insere na tipologia de visitas que Francisco instituiu no Velho Continente: países pequenos, ainda feridos por conflitos,  onde o Papa espera encorajar percursos de reconciliação e de paz. Países onde os católicos são um “pequeno rebanho”, mas nos quais convivem com outras confissões cristãs e com outras religiões. Além disso, o Pontífice terá a oportunidade de aprofundar o drama dos refugiados que fogem da Síria e do Iraque, reunindo-se com a comunidade assírio-caldeia, e dos refugiados do conflito com a Federação Russa em 2008.
Caminho da paz
Em junho passado, o Papa assim explicou a decisão de conhecer essas três nações do Cáucaso: “Acolhi o convite a visitar esses países por dois motivos: de um lado, valorizar as antigas raízes cristãs presentes naquelas terras – sempre em espírito de diálogo com as outras religiões e culturas – e, de outro, encorajar esperanças e sendas de paz. A história nos ensina que o caminho da paz requer uma grande tenacidade e passos contínuos.”
(from Vatican Radio)
Fonte: News.VA

Santo do Dia - São Jerônimo, presbítero e doutor da Igreja

São JerônimoA Igreja declarou-o padroeiro de todos os que se dedicam ao estudo da Bíblia e fixou o “Dia da Bíblia” no mês do seu aniversário de morte
Neste último dia do mês da Bíblia, celebramos a memória do grande “tradutor e exegeta das Sagradas Escrituras”: São Jerônimo, presbítero e doutor da Igreja. Ele nasceu na Dalmácia em 340, e ficou conhecido como escritor, filósofo, teólogo, retórico, gramático, dialético, historiador, exegeta e doutor da Igreja. É de São Jerônimo a célebre frase:“Ignorar as Escrituras é ignorar a Cristo”.
Com posse da herança dos pais, foi realizar sua vocação de ardoroso estudioso em Roma. Estando na “Cidade Eterna”, Jerônimo aproveitou para visitar as Catacumbas, onde contemplava as capelas e se esforçava para decifrar os escritos nos túmulos dos mártires. Nessa cidade, ele teve um sonho que foi determinante para sua conversão: neste sonho, ele se apresentava como cristão e era repreendido pelo próprio Cristo por estar faltando com a verdade (pois ainda não havia abraçado as Sagradas Escrituras, mas somente escritos pagãos). No fim da permanência em Roma, ele foi batizado.
Após isso, iniciou os estudos teológicos e decidiu lançar-se numa peregrinação à Terra Santa, mas uma prolongada doença obrigou-o a permanecer em Antioquia. Enfastiado do mundo e desejoso de quietude e penitência, retirou-se para o deserto de Cálcida, com o propósito de seguir na vida eremítica. Ordenado sacerdote em 379, retirou-se para estudar, a fim de responder com a ajuda da literatura às necessidades da época. Tendo estudado as línguas originais para melhor compreender as Escrituras, Jerônimo pôde, a pedido do Papa Dâmaso, traduzir com precisão a Bíblia para o latim (língua oficial da Igreja na época). Esta tradução recebeu o nome de Vulgata. Assim, com alegria, dedicação sem igual e prazer se empenhou para enriquecer a Igreja universal.
Saiu de Roma e foi viver definitivamente em Belém no ano de 386, onde permaneceu como monge penitente e estudioso, continuando as traduções bíblicas, até falecer em 420, aos 30 de setembro com, praticamente, 80 anos de idade. A Igreja declarou-o padroeiro de todos os que se dedicam ao estudo da Bíblia e fixou o “Dia da Bíblia” no mês do seu aniversário de morte, ou ainda, dia da posse da grande promessa bíblica: a Vida Eterna.
São Jerônimo, rogai por nós!

Liturgia Diária -26ª Semana Comum - Sexta-feira 30/09/2016

Primeira Leitura (Jó 38,1.12-21; 40,3-5)
Leitura do Livro de Jó.
1O Senhor respondeu a Jó, do meio da tempestade, e disse: 12 “Alguma vez na vida deste ordens à manhã, ou indicaste à aurora o seu lugar, 13 para que ela apanhe a terra pelos quatro cantos, e sejam delas sacudidos os malfeitores? 14 A terra torna a argila compacta, e tudo se apresenta em trajes de gala, 15 mas recusa-se a luz dos malfeitores e quebra-se o braço rebelde. 16Chegaste perto das nascentes do Mar, ou pousaste no fundo do Oceano? 17 Foram-te franqueadas as portas da Morte, ou viste os portais das Sombras? 18 Examinaste a extensão da Terra? Conta-me, se sabes tudo isso! 19 Qual é o caminho para a morada da luz, e onde fica o lugar das trevas? 20 Poderia alcançá-las em seu domínio e reconhecer o acesso à sua morada? 21 Deveriassabê-lo, pois já tinhas nascido e grande é o número dos teus anos!” 40,3 Jó respondeu ao Senhor, dizendo: 4“Fui precipitado. Que te posso responder? Porei minha mão sobre a boca. 5 Falei uma vez, não replicarei; uma segunda vez, mas não falarei mais”.

- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.

Salmo de Hoje (Sl 138)


— Conduzi-me no caminho para a vida, ó Senhor!
R-Conduzi-me no caminho para a vida, ó Senhor!
— Senhor, vós me sondais e conheceis, sabeis quando me sento ou me levanto; de longe penetrais meus pensamentos, percebeis quando me deito e quando eu ando, os meus caminhos vos são todos conhecidos.
— Em que lugar me ocultarei de vosso espírito? E para onde fugirei de vossa face? Se eu subir até os céus, ali estais; se eu descer até o abismo, estais presente.
— Se a aurora me emprestar as suas asas, para eu voar e habitar no fim dos mares; mesmo lá vai me guiar a vossa mão e segurar-me com firmeza a vossa destra.
— Fostes vós que me formastes as entranhas, e no seio de minha mãe vós me tecestes. Eu vos louvo e vos dou graças, ó Senhor, porque de modo admirável me formastes! Que prodígio e maravilha as vossas obras!

Compreendendo e Refletindo

A penitência é o modo de sacrificarmos nosso coração com atitudes, para que encontremos a luz de Deus e nossa vida mude de rumo

Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque se em Tiro e Sidônia tivessem sido realizados os milagres que foram feitos no vosso meio, há muito tempo teriam feito penitência, vestindo-se de cilício e sentando-se sobre cinzas”(Lucas 10, 13).
Jesus está chamando a atenção dessas cidades que não ouviram nem deram atenção a Sua Palavra, não se aplicaram em viver a conversão, a mudança de vida, sobretudo, a penitência do coração.
Quando digo que essas cidades não ouviram, quero dizer que há uma grande diferença entre escutar uma coisa, assimilar e aderir aquilo que, de fato, você está ouvindo. Quantas coisas já escutamos por um ouvido e saiu pelo outro! Ou quantas coisas nem passaram por nossos ouvidos!
Estamos, muitas vezes, ouvindo a Palavra de Deus, mas simplesmente fazemos corpo mole, comportamo-nos com indiferença e até concordamos: “Nossa, que bom! É Deus falando a mim, ao meu coração!”. Mas não damos a devida importância a essa Palavra ou permitimos que ela  venha, de fato, transformar, converter e mudar o nosso coração.
Ai de nós, que temos a graça e a oportunidade de ouvirmos Deus falar tanto ao nosso coração! Ai de nós, que nos enchemos tanto de conhecimento, enchemo-nos tanto disso e daquilo de Deus, mas o coração fica indiferente e não se importa de deixar que Ele nos converta!
Toda conversão passa pelo caminho da penitência, algo importantíssimo em nossa vida. E o que é penitenciar-se? É deixar de fazer aquilo que não nos faz bem para procurarmos o caminho que será o melhor para nós. Não quer dizer que ‘penitência’ é só deixar de fazer coisa errada, mas é o modo de encontrarmos o caminho para direcionarmos nossa vida. A penitência é o modo de sacrificarmos nosso coração com atos, atitudes, para que encontremos a luz de Deus, para que a nossa vida mude de rumo.
Há penitências de palavras, há penitências no coração, penitências físicas e corporais. Enfim, precisamos, muitas vezes ou todos os dias, encontrarmos um meio de penitenciarmos a nossa vida. Primeiro, pelos nossos pecados. Segundo, pelos pecados da humanidade, sobretudo, para que a cada dia nossa conversão seja verdadeira, autêntica, e não sejamos simplesmente ouvintes da Palavra de Deus. Temos de ser, de fato, aqueles que escutam a Palavra do Senhor e se deixam por ela convencer e converter!
Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo- Cancão Nova

Evangelho (Lc 10,13-16)

 O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, disse Jesus: 13“Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque se em Tiro e Sidônia tivessem sido realizados os milagres que foram feitos no vosso meio, há muito tempo teriam feito penitência, vestindo-se de cilício e sentando-se sobre cinzas. 14Pois bem: no dia do julgamento, Tiro e Sidônia terão uma sentença menos dura do que vós. 15Ai de ti, Carfanaum! Serás elevada até o céu? Não, tu serás atirada no inferno. 16Quem vos escuta a mim escuta; e quem vos rejeita a mim despreza; mas quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou”.

— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Apelos convergentes

Dom Luiz Demétrio Valentini
Bispo emérito de Jales


De setembro para outubro, passamos do mês da Bíblia, para o mês das Missões. O calendário civil é colocado a serviço das motivações pastorais, que ressaltam dimensões importantes da vida e da missão da Igreja.
A festa de São Jerônimo, o santo que dedicou sua vida à tradução da Bíblia, serve de pretexto para carimbar setembro como mês da Bíblia, a partir do seu último dia.  Ao passo que para outubro, a Igreja se vale do seu primeiro dia, dedicado a Santa Teresinha, padroeira das missões, para assinalar sua dimensão missionária.
Mas em nosso tempo vem se firmando a tradição de valorizar os anos para motivar aspectos importantes da missão da Igreja. Certamente a celebração que mereceu maior destaque foi a passagem do milênio, com toda a carga de expectativas suscitadas pelo ano dois mil.
A passagem do milênio inspirou outras iniciativas, que assumiram o quadro de referência de um ano para o seu desdobramento. Assim é que vivemos, recentemente, o “Ano da Fé”.  E ainda estamos envolvidos pelos insistentes apelos do Papa Francisco que propôs um “Ano da Misericórdia”, que vai se prolongar até o Domingo de Cristo Rei, no próximo mês de novembro.
Mas antes que termine este “Ano da Misericórdia”, teremos outra iniciativa, certamente com incidências muito fortes na caminhada da Igreja no Brasil. Trata-se do “Ano Mariano”, a começar oficialmente no próximo dia 12 de outubro, para ressaltar a celebração dos trezentos anos do encontro da imagem de Aparecida nas águas do Rio Paraíba.   
Temos pela frente, portanto, uma ampla proposta pastoral, que poderá desenvolver os ricos desdobramentos da mensagem de Aparecida, já assinalada com muita lucidez pelo próprio Papa Francisco em sua visita ao Santuário de Aparecida, ainda dentro do primeiro ano do seu pontificado.  A história de Aparecida se tornou uma rica parábola, carregada de valores evangélicos, que certamente serão ressaltados ao longo do “Ano Mariano” que será lançado oficialmente no dia 12 do mês de outubro deste ano de 2016. 
Mas além do “Ano Mariano”, somos chamados a integrar outras dimensões, também assinaladas por iniciativas de anos especiais, já em andamento. Enquanto ainda continua o “Ano da Misericórdia”, em nossa Diocese foi lançado, na Romaria, o “Ano Vocacional”, com as motivações concretas que ele suscita.
Estes três enfoques anuais acabam compondo um quadro de referência que deveria ser normal de termos presente, pois na verdade, assinalam três dimensões de nossa vida de Igreja: a dimensão universal, assinalada pelo “Ano da Misericórdia”, a dimensão nacional, assinada pelo “Ano Mariano”, e a dimensão diocesana, pelo “Ano Vocacional”. 
No “hoje” de cada dia, integramos as diversas dimensões que os anos apresentam.
Fonte: CNBB

Viver para servir

Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém do Pará


Jesus, que veio para servir e não para ser servido (Cf. Mc 10, 45), formou seus discípulos de todos os tempos na escola do serviço mútuo. Desde sempre, mesmo com o mistério do pecado, que provoca escândalos, divisão e todos os seus frutos (Cf. Lc 17, 1-4), o Senhor se faz presente, proclamando a misericórdia, espalhando o perdão, edificando a reconciliação e a paz. Até hoje, o serviço prestado pela Igreja, quando vivido com autenticidade, tem o rosto da caridade.
Só que os discípulos, desde tempos idos, devem ser continuamente formados e corrigidos. O Evangelho de São Lucas (Cf. Lc 17, 1-10) reflete os caminhos para solucionar problemas vividos pelas primeiras gerações de cristãos, além de anunciar a Palavra de Jesus. Dali colhemos ensinamentos para nossa vida pessoal e nas Comunidades cristãs. Começa dos pequenos, os mais simples, a serem respeitados, que não podem ser escandalizados e devem estar no coração da comunidade cristã (Cf. Lc 17, 1-2). Com eles, ganham destaque (Cf. Lc 17, 3-4) os mais fracos e pecadores, com os quais, "sete vezes", isto é, sempre, há que se perdoar!
Certamente a proposta de Jesus causa até hoje reações, parecendo impossível vivê-la integralmente. Só com a fé e a confiança total em Deus! (Cf. Lc 17, 5-6). Com a fé, podemos tornar-nos  capazes de destruir a montanha de preconceitos existentes no relacionamento entre as pessoas, para jogá-la ao mar e tornar-nos livres e irmãos de verdade. Assim se pode compreender o que o Senhor pede, quando exige que os cristãos se sintam quais servos inúteis! Trata-se de servir aos outros sem buscar retribuição, apoio ou elogio. Mais adiante, a gratidão e a simplicidade, que não vão atrás da propaganda enganosa (Cf. Lc 17, 11-21), completam este pequeno manual de vida cristã em Comunidade! E ele pode ampliar seu alcance para a sociedade!
Justamente neste final de semana, o Brasil inteiro vai às urnas, para eleger as pessoas que deverão estar à frente dos poderes executivo e legislativo dos municípios de nosso país, chamados a servir e não ser servidos! Podemos imaginar a dificuldade para qualquer candidato acolher a provocante proposta de Jesus: "Assim também vós: quando tiverdes feito tudo o que vos mandaram, dizei: 'Somos simples servos; fizemos o que devíamos fazer'" (Lc 17, 10). 
Embora não tenha nenhum partido político nem faça campanha partidária, a Igreja pode e deve orientar os seus fiéis sobre a importância de seu voto consciente e correto. “A Igreja não pode nem deve tomar nas suas próprias mãos a batalha política, não pode nem deve se colocar no lugar do Estado. Mas também não pode nem deve ficar à margem na luta pela justiça. Deve inserir-se nela pela via da argumentação racional e deve despertar as forças espirituais, sem as quais a justiça... não poderá firmar-se nem prosperar” (Bento XVI, Deus Caritas Est, n. 28).
Na Doutrina Social da Igreja, "política" é "uma prudente solicitude pelo bem comum" (João Paulo II, Laborem exercens, 20). "Os fiéis leigos não podem de maneira nenhuma abdicar de participar na 'política', ou seja, na multíplice e variada ação econômica, social, legislativa, administrativa e cultural, destinada a promover de forma orgânica e institucional o bem comum” (João Paulo II, Christifideles laici, 42).
Infelizmente, a corrupção eleitoral ainda é um problema enraizado na mentalidade do nosso povo. Muitos acham natural a troca do voto por algum favor do candidato. É preciso instalar uma nova consciência política e mudar a situação com o nosso voto. Voto não se vende. "Voto não tem preço, tem consequências". Não se deve votar apenas levados pela propaganda, pela maioria, pelo interesse financeiro pessoal ou por pressão. Cada um é responsável pelo seu voto e suas consequências. O voto para escolher o Prefeito e Vereadores é importante. Depende de cada um de nós que o município seja governado por pessoas que desejam o bem de todos. Quem não cuida honestamente de seus negócios pessoais ou empresas não tem condições de representar o povo na Prefeitura nem na Câmara de Vereadores. Cabe-nos escolher candidatos que não trocam seu voto por tijolos, bolsas de alimentos, remédios, promessas ilusórias para melhorar seu bairro, candidatos que respeitam e valorizam a família, candidatos com ficha limpa, que não aumentem seus bens pela corrupção. 
É necessário campear no meio do imenso leque dos homens e mulheres que se apresentam como candidatos, para ver quem valoriza a educação das crianças, adolescentes e jovens, o ensino religioso nas escolas e o atendimento melhor à saúde, quem respeita a vida em todas as idades e é contra o aborto. Especialmente em nosso ambiente, verificar quem respeita o equilíbrio da natureza - florestas, rios-, promove o saneamento básico e a construção de moradia em lugares sem risco. Em quem apresenta projetos práticos por transporte digno para a população. Em quem se compromete com uma organização eficaz para a segurança e paz da sociedade (Cf. Dom Fernando Rifan, Eleições 2012).
Um dos princípios basilares do Ensinamento Social da Igreja, a busca do Bem Comum, pode ser um critério adequado para o exercício da cidadania nas eleições municipais. E este é uma das fragilidades da prática política em nosso país. Grupos ideológicos ou setoriais visam em primeiro lugar seus interesses corporativos, ao invés de compreender a política, que, em si é uma alta forma de caridade, como o caminho para se buscar o bem de todos, considerando como privilegiados os mais frágeis da sociedade, os pobres e excluídos, que clamam por justiça!
Enfim, podemos olhar para Jesus, o Filho de Deus, condenado à morte por um conluio político-religioso no tempo da ocupação romana na Palestina. Por causa de sua confiança no Pai, acolheu a todos como irmãos, interpelou o sistema político vigente, que mantinha marginalizadas tantas pessoas. Conduzido à morte no Calvário, diante de seus algozes, do alto do trono da Cruz, aquele que veio para servir e não para ser servido, é capaz de dizer "Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem!" (Lc 23, 34). É ousadia, mas o perdão, a reconciliação, a capacidade para olhar os adversários na política e na sociedade como irmãos, tudo isso pode ser o caminho para o dia seguinte às eleições!
Fonte: CNBB

Missão de votar

Dom José Alberto Moura
Arcebispo de Montes Claros (MG)


Quando encaramos e assumimos a vida como missão dada pelo Criador, preocupamo-nos com o bem comum a ponto de usarmos nossas capacidades e carismas para fazer o bem. É claro que devemos nos preocupar conosco mesmos. Porém, se não convivermos fazendo o bem aos outros, temos, como contrapartida, os efeitos nocivos para nós mesmos. Ao invés de só pensarmos em fazer muros altos, concertinas, cercas elétricas e câmeras de segurança, precisamos  formar a consciência cidadã e o desarmamento dos ânimos e de todo tipo de arma para a segurança de todos. A educação com os valores do altruísmo, da ética e da moral nos ajuda a sermos mais solidários com todos. Jesus é o maior Mestre que faz e dá lição de amor a ser vivido por todos.
Muitos vão às urnas votar displicentemente e dar seu apoio por retribuição de algum favor recebido ou por ignorar ou não usar do discernimento anterior para conhecer o verdadeiro perfil ético, honesto e de competência da pessoa escolhida para governar ou legislar em benefício do bem comum. Outros têm consciência de sua real missão de votar com responsabilidade em quem sabe ser o melhor para exercer o importante cargo público para legislar ou administrar a coisa pública. A corrupção eleitoral é o modo mais deletério de exercer a política, que deveria ser um nobre exercício de trabalhar em proveito da sociedade.
Vários Pontífices já alertaram sobre o bom exercício da política, como a melhor maneira de se fazer caridade. De fato, o político eleito para o cargo público, tem em mãos os meios para promoverem a boa saúde, a educação, a segurança e todos os outros instrumentos para irem ao encontro dos benefícios em relação às necessidades do povo, principalmente e a partir dos que mais são carentes. Se for pessoa honesta e com capacidade de legislar e administrar adequadamente a coisa pública, com pouco faz muito. Ao contrário, há os que, com muito fazem nada. Vemos muito disso no Brasil e no mundo.
Iniciamos o mês das missões com a grande missão de ajudarmos os municípios a terem mais gente de caráter e capacidade humana, ética e cristã, eleitas para realmente servirem bem o povo. Ajudar o coronelismo político inescrupuloso é o avesso da cidadania. O eleitor que se preze,  dá o voto bem preparado, pensado e responsável para eleger quem realmente tem competência moral para servir o povo no cargo a que for eleito. A Palavra de Deus orienta nossa ação missionária de tornarmos nossa caminha humana com mais acerto na direção da promoção da justiça, da verdade, da misericórdia e do bem de todos.
Nossa oração suba a Deus pedindo luzes aos eleitores e aos que forem eleitos para se unirem na grande missão de tornarmos a caminhada existencial mais humana e cheia de amor a Deus e de uns para com os outros.
 Um profeta  nos questiona em relação à realidade social, para ajudarmos a reverter essa situação: “Violência!, sem me socorreres? Por que me fazes ver iniqüidades quando tu mesmo vês a maldade? Destruições e prepotência estão à minha frente; reina a discussão, surge a discórdia... Quem não é correto vai morrer, mas o justo viverá por sua fé” (Habacuc 1,2-3;2,4).

 Fonte: CNBB