terça-feira, 31 de março de 2015

Aleluia

Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém do Pará (PA)

Os evangelhos foram escritos “de trás para frente”, pois a primeira notícia que correu o mundo é a da Ressurreição do Senhor e à luz do acontecimento pascal é que todas as outras narrativas evangélicas foram feitas. Proclamar que Jesus Cristo morreu e ressuscitou, ele é o Senhor e há de voltar para julgar os vivos e os mortos é suficiente para abrir os corações das pessoas e acender neles a certeza da vida verdadeira. Repete-se de diversas formas o diálogo de Pedro com a multidão, na manhã gloriosa de Pentecostes, quando a Igreja saiu à vida pública: “Que todo o povo de Israel reconheça com plena certeza: Deus constituiu Senhor e Cristo a este Jesus que vós crucificastes”. Quando ouviram isso, ficaram com o coração compungido e perguntaram a Pedro e aos outros apóstolos: ‘Irmãos, que devemos fazer?’ Pedro respondeu: ‘Convertei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para o perdão dos vossos pecados. E recebereis o dom do Espírito Santo’” (At 2, 36-38). E assim acontecerá em cada recanto onde chegar a Boa Nova. É verdade!

Na mesma luz os acontecimentos da história do mundo e da vida das pessoas encontram no Senhor Jesus morto e ressuscitado a resposta às suas grandes interrogações e se vislumbra seu sentido mais profundo. Em primeiro lugar a própria vida, quando tocada pela pergunta fundamental a respeito da existência de cada um de nós neste mundo. Fomos pensados por Deus desde toda a eternidade, para participar da vida plena que nos é dada em Jesus Cristo, por quem tudo foi criado. Vale a pena vir a este mundo e nele permanecer, vale a pena percorrer todas as etapas da própria história como uma estrada da felicidade que não terá fim. É verdade!
Consequência é a certeza da vida eterna, que os cristãos professam quando rezam o Credo. E Jesus Cristo no-la promete e dá a garantia, “para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 16). A quantos foram a Ele com perguntas sobre a eternidade, respondeu com precisão e lhes indicou as sendas a serem percorridas. Um doutor da lei, que desejava experimentar Jesus, é conduzido ao coração da própria lei, no amor a Deus e ao próximo, quando provocado pelo diálogo com o Senhor, que lhe diz com precisão: “Respondeste corretamente. Faze isso e viverás”. Mas como vida eterna e vida quotidiana lhe pareciam distantes, pergunta mais ainda e recebe como resposta para si e para a humanidade a parábola do bom samaritano. Ao final, parece ressoar um refrão: Então Jesus lhe disse: “Vai e faze tu a mesma coisa” (Cf. Lc 10, 25-37). A vida eterna está ao alcance de todos, e se encontra no amor a Deus e ao próximo. É experimentada no meio das vicissitudes das estradas percorridas pela humanidade. É verdade!
Como na luz do Senhor vemos a luz (Cf. Sl 35, 10), todos os acontecimentos encontram nele seu sentido. As notícias de desastres, violências, crimes, maldade de todo tipo, ao invés de nos provocarem apenas com as costumeiras reações emocionais diante dos escândalos, suscitam em nós o clamor pelo amor e pelo serviço ao próximo, por termos a certeza que aqui está a estrada da vida verdadeira. O mundo pode ser diferente se Jesus Cristo for acolhido como Senhor! Se porventura caem ao nosso lado um à direita e outro à esquerda, esta não será a última palavra nem o desastre final, pois a avassaladora força do pecado não é um destino cego para a humanidade! Esta foi feita para a vida e lhe cabe semear a vida. Nasce em torno de cada cristão uma energia indestrutível para recomeçar sempre, buscar caminhos, criar soluções diferentes para os problemas, pois sua fé no Cristo ressuscitado o faz incorrigível na esperança. É verdade!
Uma vez, o Senhor encontrou uma mulher samaritana, com todos os qualificativos negativos existentes em seu tempo. À beira de um poço, como os tantos de nossa vida, entabula-se o conhecido diálogo, em cujo núcleo se encontra justamente o argumento de uma vida eterna: “Todo o que beber desta água, terá sede de novo; mas quem beber da água que eu darei, nunca mais terá sede, porque a água que eu darei se tornará nele uma fonte de água jorrando para a vida eterna” (Jo 4, 13-15). A vida eterna é alguém que tem sede da fé, justamente diante de uma mulher com uma vida atrapalhada. Sim, as inúmeras situações pessoais carregadas de passos dados numa direção errada podem ser confrontadas com o Senhor que, ressuscitado, continua assentando-se à beira de tantos poços, conversando com todas as sucessivas gerações de homens e mulheres, cansados dos próprios trabalhos ou de seus passos mal dados. É verdade!
Algumas vezes são os limites físicos, emocionais ou morais que nos abatem. A experiência de fé em Cristo ressuscitado, feita por São Paulo nos leva a repetir com ele, “Não desanimamos. Mesmo se o nosso físico vai se arruinando, o nosso interior, pelo contrário, vai-se renovando dia a dia. Com efeito, a insignificância de uma tribulação momentânea acarreta para nós um volume incomensurável e eterno de glória. Isto acontece, porque miramos às coisas invisíveis e não às visíveis. Pois o que é visível é passageiro, mas o que é invisível é eterno” (2 Cor 4, 16-17). É verdade!
Os discípulos de Jesus, reunidos e temerosos, após os acontecimentos da paixão, precisaram de uma aparição do Senhor para acreditarem: “Naquela mesma hora, levantaram-se e voltaram para Jerusalém, onde encontraram reunidos os Onze e os outros discípulos. E estes confirmaram: ‘Realmente, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!’ Então os dois contaram o que tinha acontecido no caminho, e como o tinham reconhecido ao partir o pão” (Lc 24, 33-35). É verdade!
Passado o tempo das aparições, o que resta para o mundo e para os cristãos, até que ele venha? De um lado, a riqueza do testemunho daqueles que, tendo-o visto, anunciaram a verdade que chegou até nós. Por outro lado, sabemos que o Senhor ofereceu como alimento para a jornada da vida a sua presença, vida eterna à disposição de quem dele se aproximar: “Quem se alimenta com a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6, 54). Não se trata se uma promessa longínqua, mas de uma qualidade de vida a ser desfrutada hoje! Todos os dias, até o fim dos tempos, em algum lugar do mundo é Páscoa, é Ressurreição, é vida nova, onde houver cristãos reunidos em torno do altar da Eucaristia. Reconhecê-lo, alimentar-nos de sua presença, é a fonte de eternidade para nós e para todos os que consumarem nosso tempo e nosso amor fraterno. É verdade!
Assim os cristãos podem cantar, mais uma vez, o aleluia pascal. Nova vida, nova esperança, santa Páscoa para todos.
Fonte: CNBB

O Sepulcro vazio

Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)

A Festa da Páscoa, a mais importante no cenário cristão, é consequência de uma longa história de preparação e de fatos marcantes acontecidos na vida de Jesus Cristo. A expressão maior se deu na cruz. Ao morrer, Jesus é depositado num sepulcro vazio, cedido por um homem rico da região, chamado José de Arimateia. No dia seguinte, foram ao lugar e encontraram a pedra do sepulcro removida e o corpo do Senhor não estava ali.

Aí começa um novo cenário. Os guardas disseram que o corpo tinha sido roubado. A finalidade era de desviar a atenção dos discípulos, porque eles mesmos não sabiam o que tinha acontecido, porque o sepulcro estava vazio. Mas tudo se esclarece com a comprovação das diversas aparições de Jesus, agora ressuscitado, para as primeiras comunidades que tinham convivido com Ele.
A grandeza de Jesus Cristo chega ao nível de sua identificação com o ser humano, inclusive passando pela sepultura, experimentando o maior grau de rebaixamento da criatura humana. Nisso está a força da vida, o total esvaziamento de si mesmo, possibilitando o ingresso na vida eterna, que passa pelo caminho da morte. Em Cristo está a força total de libertação.
A passagem de Jesus pelo sepulcro representou, para os discípulos, um forte momento de frustração, de promessa não realizada e de aliança não cumprida. O projeto de libertação que o povo esperava caiu em decadência. Acontece que Deus não falha e acompanha a trajetória das pessoas e das comunidades. Jesus tinha ressuscitado.
Com isto, vivenciar a Páscoa significa retomar a alegria e a esperança dificultadas pelo sepulcro vazio. Nela está o centro da fé cristã, a superação de todo individualismo que massacra o ser humano e o coloca numa atitude de impotência para agir com total liberdade.
Todos os limites e impossibilidades que a pessoa tem são como armadilhas para dificultar sua plena realização. A ressurreição é um dom de Deus para conservar o ideal de libertação e possibilitar a pessoa de amar e ser feliz numa dimensão de vida eterna.
Fonte: CNBB

Vitória da Vida

Dom José Alberto Moura
Arcebispo de Montes Claros (MG)

Alguns pensavam que iam calar Jesus, condenando-o à morte. O efeito contrário foi surpreendente! Através das gerações o Filho de Deus mostra a que veio com semelhança humana. Apesar dessa sua humanização, seu poder divino apresenta a força da superação da morte física. Não fomos criados para ficar dentro do sepulcro, mas não por nosso poder humano. Jesus é que potencializa nossa vida para ela ser imorredoura. A matéria é corruptível, mas o espírito não tem a limitação do tempo. Este é eterno. Jesus o afirma e realiza consigo mesmo.

A ressurreição do Senhor estarrece não só os soldados que guardavam o túmulo, mas também a todos que fazem a experiência de fé em sua pessoa. Quem vive só para a matéria não tem essa graça da certeza da vida perene. A fé na vitória do Mestre sobre a morte sustenta toda a conduta moral de quem O aceita. Paulo lembra que a Páscoa de Jesus é fundamento indispensável para quem crê. Ao contrário, estaria perdendo tempo em conservar a própria religiosidade e opção de vida com a contenção e sublimação dos instintos. Compreendemos porque certas pessoas não têm freio ético, apesar de, às vezes, até se mostrarem pessoas realizadoras de atos religiosos. Talvez o façam para ostentação social e até ganharem tentos políticos.
Quem saboreia a certeza da vitória de Jesus, luta para também alcançar a vitória da vida, buscando o caminho de sentido apresentado por Aquele que ressuscitou. Viver para as coisas do alto, ou seja, pelo ideal de tornarmos o convívio na sociedade de modo profundamente humano, vale a pena. Realizando o bem a quem necessita é o mesmo que fazê-lo a Cristo, conforme Ele mesmo disse. Então a vida se torna uma verdadeira promoção do bem. Até o slogan da Santa Casa de Montes Claros reforça esse encaminhamento: “Pratique o bem; o resto vem”!
Jesus é incansável na prática e no ensinamento do amor, como atitude de sair de si em vista de servir o semelhante. A Campanha da Fraternidade focaliza o serviço que a Igreja presta à sociedade, sendo luz e mostrando a vida como dom a ser protegido e promovido até às últimas conseqüências. Precisamos tirar das pessoas, famílias e sociedade todos os mecanismos de morte, erradicando do coração humano tudo o que é impulso para a agressão ao outros. Canalizamos os instintivos para a criação de condições em que cada um dá de si para servir o próximo. Vamos ter mais harmonia, compreensão, diálogo, justiça, solidariedade e paz. A Páscoa de Jesus vem trazer-nos um grande impulso para sermos verdadeiramente humanos uns com os outros, dando o que o semelhante precisa para viver dignamente. Para isso, somos convidados a viver com Jesus ressuscitado, ou seja, seguir a pessoa dele a cada instante e aprender com Ele a sermos instrumentos de promoção de vida. Dessa forma, nossa vida se torna feliz. Ficamos livres das escravidões do egoísmo e da falta de luta por um ideal melhor de vida.
Tirar a pedra do sepulcro de Jesus foi obra do próprio Jesus ressuscitado. Tirar também a pedra do sepulcro da limitação humana é possível se aceitarmos que o próprio Jesus tome conta de nossa vida. O sentido da vida trazida por Ele nos faz viver também com Ele e sua vida nova. Tornamo-nos novas pessoas, com alegria e vontade de viver para fazer o bem!
Fonte: CNBB

Permanecei aqui e vigiai comigo!

Dom Murilo S. R. Krieger
Arcebispo de São Salvador da Bahia e Primaz do Brasil

Há palavras que nascem eternas. Há gritos de dor que, embora tenham ecoado séculos e séculos atrás, continuam inquietando as atuais gerações. Em todos os tempos, muitos homens e mulheres perceberam que seus sofrimentos, sua experiência de abandono e de solidão foram vividos antes por Jesus de Nazaré. Na Semana Santa que está começando seremos confrontados com a observação que o Mestre fez aos amigos, quando eles o abandonaram: “A minha alma está triste até a morte. Permanecei aqui e vigiai comigo...” (Mt 26,38). Depois, fez um pedido a esses mesmos amigos: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação”.

Seus apelos não tiveram eco. Por isso, sozinho, dirigiu-se àquele que podia livrá-lo daquele momento: “Meu pai, se é possível, que passe de mim este cálice; contudo, não seja como eu quero, mas como tu queres” (Mt 26,39).
Na dor de Jesus Cristo estava a dor da humanidade. Na entrega que fez de si mesmo ao Pai e na aceitação do cálice que não escolhera, Cristo tinha presente os sofrimentos inesperados da jovem que ficou paralítica, após um acidente de carro, e a dor daquele casal que não conseguia dar aos filhos o pão, a saúde e a escola de que necessitavam. Tinha presente a jovem esposa que perdeu o marido inesperadamente e a criança que viu, impotente, seus pais se separarem. Tinha presente também a angústia e a dor sem limites dos familiares das 150 vítimas do acidente aéreo nos Alpes franceses. É imenso o cálice, é enorme a dor da humanidade, mas infinitamente maiores são o amor e misericórdia do Filho de Deus, ao ver o sofrimento de tantos homens e mulheres, de inúmeros jovens e crianças.
Todas as dores, todos os sofrimentos da humanidade foram vividos por Jesus Cristo, a partir da noite daquela Quinta-feira Santa, no Horto das Oliveiras. Foi uma noite, pois, que começou a transformar as trevas em luz; noite marcada pela esperança, já que sementes de amor foram lançadas por terra e regadas com lágrimas de sangue. Noite para ficar na história, para iluminar nossa história e para dar sentido a nossos passos. Noite para acordar céticos, pessimistas e derrotistas, porque ligada à manhã da ressurreição. Noite em que se ouviu uma exclamação e um pedido: “Minha alma está triste até a morte. Permanecei aqui e vigiai comigo!” (Mt 26,38).
Não é essa exclamação e esse pedido que continuam ecoando no coração do mundo?...
Fonte: CNBB

Semana Santa - Terça-feira 31/03/2015 - Liturgia Diária

Primeira Leitura (Is 49,1-6)

Leitura do Livro do Profeta Isaías.
1Nações marinhas, ouvi-me, povos distantes, prestai atenção: o Senhor chamou-me antes de eu nascer, desde o ventre de minha mãe ele tinha na mente o meu nome; 2fez de minha palavra uma espada afiada, protegeu-me à sombra de sua mão e fez de mim uma flecha aguçada, escondida em sua aljava, 3e disse-me: “Tu és o meu Servo, Israel, em quem serei glorificado”.
4E eu disse: “Trabalhei em vão, gastei minhas forças sem fruto, inutilmente; entretanto o Senhor me fará justiça e o meu Deus me dará recompensa”. 5E agora me diz o Senhor – ele que me preparou desde o nascimento para ser seu servo – que eu recupere Jacó para ele e faça Israel unir-se a ele; aos olhos do Senhor esta é a minha glória.
6Disse ele: “Não basta seres meu Servo para restaurar as tribos de Jacó e reconduzir os remanescentes de Israel: eu te farei luz das nações, para que minha salvação chegue até aos confins da terra”.

- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.
Responsório (Sl 70)

— Minha boca anunciará vossa justiça.
— Minha boca anunciará vossa justiça.

— Eu procuro meu refúgio em vós, Senhor: que eu não seja envergonhado para sempre! Porque sois justo, defendei-me e libertai-me! Escutai a minha voz, vinde salvar-me!
— Sede uma rocha protetora para mim, um abrigo bem seguro que me salve! Porque sois a minha força e meu amparo, o meu refúgio, proteção e segurança! Libertai-me, ó meu Deus, das mãos do ímpio.
— Porque sois, ó Senhor Deus, minha esperança, em vós confio desde a minha juventude! Sois meu apoio desde antes que eu nascesse. Desde o seio maternal, o meu amparo.
— Minha boca anunciará todos os dias vossa justiça e vossas graças incontáveis. Vós me ensinastes desde a minha juventude, e até hoje canto as vossas maravilhas.
Evangelho (Jo 13,21-33.36-38)

— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, estando à mesa com seus discípulos, 21Jesus ficou profundamente comovido e testemunhou: “Em verdade, em verdade vos digo, um de vós me entregará”. 22Desconcertados, os discípulos olhavam uns para os outros, pois não sabiam de quem Jesus estava falando.
23Um deles, a quem Jesus amava, estava recostado ao lado de Jesus. 24Simão Pedro fez-lhe um sinal para que ele procurasse saber de quem Jesus estava falando. 25Então, o discípulo, reclinando-se sobre o peito de Jesus, perguntou-lhe: “Senhor, quem é?”
26Jesus respondeu: “É aquele a quem eu der o pedaço de pão passado no molho”. Então Jesus molhou um pedaço de pão e deu-o a Judas, filho de Simão Iscariotes. 27Depois do pedaço de pão, Satanás entrou em Judas. Então Jesus lhe disse: “O que tens a fazer, executa-o depressa”.
28Nenhum dos presentes compreendeu por que Jesus lhe disse isso. 29Como Judas guardava a bolsa, alguns pensavam que Jesus lhe queria dizer: ‘Compra o que precisamos para a festa’, ou que desse alguma coisa aos pobres. 30Depois de receber o pedaço de pão, Judas saiu imediatamente. Era noite.
31Depois que Judas saiu, disse Jesus: “Agora foi glorificado o Filho do Homem, e Deus foi glorificado nele. 32Se Deus foi glorificado nele, também Deus o glorificará em si mesmo, e o glorificará logo. 33Filhinhos, por pouco tempo estou ainda convosco. Vós me procurareis, e agora vos digo, como eu disse também aos judeus: ‘Para onde eu vou, vós não podeis ir’”.
36Simão Pedro perguntou: “Senhor, para onde vais?” Jesus respondeu-lhe: “Para onde eu vou, tu não me podes seguir agora, mas seguirás mais tarde”. 37Pedro disse: “Senhor, por que não posso seguir-te agora? Eu darei a minha vida por ti!” 38Respondeu Jesus: “Darás a tua vida por mim? Em verdade, em verdade te digo: o galo não cantará antes que me tenhas negado três vezes”.

— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.

Salmo de Hoje (Sl 70)


— Minha boca anunciará vossa justiça.
R- Minha boca anunciará vossa justiça.

1- Eu procuro meu refúgio em vós, Senhor: que eu não seja envergonhado para sempre! Porque sois justo, defendei-me e libertai-me! Escutai a minha voz, vinde salvar-me! R
2- Sede uma rocha protetora para mim, um abrigo bem seguro que me salve! Porque sois a minha força e meu amparo, o meu refúgio, proteção e segurança! Libertai-me, ó meu Deus, das mãos do ímpio. R
3- Porque sois, ó Senhor Deus, minha esperança, em vós confio desde a minha juventude! Sois meu apoio desde antes que eu nascesse. Desde o seio maternal, o meu amparo. R
4- Minha boca anunciará todos os dias vossa justiça e vossas graças incontáveis. Vós me ensinastes desde a minha juventude, e até hoje canto as vossas maravilhas. R

Compreendendo e Refletindo

Deus hoje não quer condenar nossas fraquezas e traições, Ele quer que delas nos arrependamos e não as alimentemos em nosso coração.
“Em verdade, em verdade te digo: o galo não cantará antes que me tenhas negado três vezes” (João 13, 38).

Amados irmãos e irmãs, a liturgia desta terça-feira da Semana Santa coloca diante de nós nossa pobreza, nossa miséria e nossa fragilidade humana, representadas em duas figuras caras e próximas a Nosso Senhor Jesus Cristo.
O primeiro deles é Judas, aquele que traiu Jesus por causa da cobiça e do desejo desenfreado pelos bens materias. Afinal de contas, ele era o administrador, o tesoureiro do grupo, era aquele que cuidava dos poucos bens do grupo. Ele deixou a riqueza ofuscar o brilho da graça, iludi-lo e ludibriá-lo, por isso a cobiça cresceu em seu coração.
Não era a intenção de Judas negar ou trair Jesus, ele pensou ou fez os seus planos humanos acreditando que uma rebeldia seria necessária e que depois o Mestre poderia perdoá-lo. Judas não mediu as consequências de seus atos, foi totalmente inconsequente ao vender o Sangue precioso de Jesus por míseras trinta moedas de prata.
Trair Jesus é trairmos uns aos outros, é nos vendermos uns aos outros, é entregarmos o irmão a outros. Trair Jesus é nos deixar levar por nossos interesses, por nossa cobiça humana e por nosso desejo de sobressair e de estar bem diante dos outros sem medir as consequências disso. Muitas vezes, vamos entregar, trair e deixar alguém de lado. A palavra “traição” é muito dura, dói até o extremo da alma.
Hoje o coração misericordioso de Jesus quer se voltar a todos aqueles que têm esse sentimento de traição e, muitas vezes, nem percebem isso, traem a família, os filhos, o compromisso que um dia assumiram diante do altar, traem a amizade, a Igreja, os valores éticos e morais.
Toda e qualquer espécie de traição é dura, cruel, desumana e desnorteia os mais profundos dos valores da humanidade! Frequentemente, as traições começam com coisas pequenas: desejos, vontades. É preciso combatê-las para que não cresçam e não tomem corpo dentro de nós!
Do outro lado, Pedro também fraquejou, também traiu e negou o Senhor. Jesus profetizou aquilo que Lhe aconteceria devido à fraqueza do coração desse apóstolo [Pedro], aquele que era sempre tão enérgico, tão rápido ao responder e ao se colocar ao lado do Mestre, quando o “cinto apertou”, foi o primeiro a fugir. Contudo, Pedro não ficou apenas na sua traição e nos seus erros, ele soube ir adiante e superá-los.
Deus hoje não quer condenar nossas fraquezas e nossas traições, Ele quer que delas nos arrependamos, que não as alimentemos em nosso coração; que saibamos combatê-las e, acima de tudo, nos arrependamos delas. A Sua misericórdia nunca se cansará de nos perdoar sempre que desistirmos do mau caminho e tomarmos o caminho da verdade, da justiça e da paz!
Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo- Canção Nova

Evangelho (Jo 13,21-33.36-38)

 O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, estando à mesa com seus discípulos, 21Jesus ficou profundamente comovido e testemunhou: “Em verdade, em verdade vos digo, um de vós me entregará”. 22Desconcertados, os discípulos olhavam uns para os outros, pois não sabiam de quem Jesus estava falando.
23Um deles, a quem Jesus amava, estava recostado ao lado de Jesus. 24Simão Pedro fez-lhe um sinal para que ele procurasse saber de quem Jesus estava falando. 25Então, o discípulo, reclinando-se sobre o peito de Jesus, perguntou-lhe: “Senhor, quem é?”
26Jesus respondeu: “É aquele a quem eu der o pedaço de pão passado no molho”. Então Jesus molhou um pedaço de pão e deu-o a Judas, filho de Simão Iscariotes. 27Depois do pedaço de pão, Satanás entrou em Judas. Então Jesus lhe disse: “O que tens a fazer, executa-o depressa”.
28Nenhum dos presentes compreendeu por que Jesus lhe disse isso. 29Como Judas guardava a bolsa, alguns pensavam que Jesus lhe queria dizer: ‘Compra o que precisamos para a festa’, ou que desse alguma coisa aos pobres. 30Depois de receber o pedaço de pão, Judas saiu imediatamente. Era noite.
31Depois que Judas saiu, disse Jesus: “Agora foi glorificado o Filho do Homem, e Deus foi glorificado nele. 32Se Deus foi glorificado nele, também Deus o glorificará em si mesmo, e o glorificará logo. 33Filhinhos, por pouco tempo estou ainda convosco. Vós me procurareis, e agora vos digo, como eu disse também aos judeus: ‘Para onde eu vou, vós não podeis ir’”.
36Simão Pedro perguntou: “Senhor, para onde vais?” Jesus respondeu-lhe: “Para onde eu vou, tu não me podes seguir agora, mas seguirás mais tarde”. 37Pedro disse: “Senhor, por que não posso seguir-te agora? Eu darei a minha vida por ti!” 38Respondeu Jesus: “Darás a tua vida por mim? Em verdade, em verdade te digo: o galo não cantará antes que me tenhas negado três vezes”.

— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.