Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)
O Evangelho deste domingo nos faz refletir no custo e ao mesmo tempo nas consequências do discipulado e seguimento de Jesus. O profeta da Igreja Confessora Luterana Dietrich Benhoefer afirmava antes de ser enforcado pelo nazismo, que muitos cristãos buscavam uma graça barata, perdão sem conversão, santidade sem compromisso, espiritualidade indolor e confortante, sem sacrifício nem entrega.
Jesus é claro e categórico na proposta para quem deseja ser seu discípulo: "Quem não toma a sua cruz para me seguir, não pode ser meu discípulo". Muitas vezes para tornar mais atraente o Evangelho, o aguamos, tiramos dele as exigências e o mundanizamos, convertendo-o em produto palatável e digerível para todos/as. Assim não falamos de pecado e muito menos de pecado estrutural, desligamos a mensagem de qualquer compromisso com os pobres, pois, pensamos que isso não é ortodoxo.
Optamos como diz o papa Francisco pelo mundanismo espiritual, um perfeccionismo voluntarista autoreferencial de cunho farisaico. No entanto a Cruz de Cristo aponta para o serviço gratuito, amoroso e compassivo, em dar a vida em resgate por muitos. É importante entender que o seguimento de Jesus, o Rosto da Misericórdia do Pai, implica em partilhar como
Ele próprio disse a Tiago e a João em beber do mesmo cálice, o cálice da entrega solidária pela redenção dos irmãos/ãs. As parábolas da construção da torre e do rei que se prepara para enfrentar em batalha seu inimigo, estão a exigir um discernimento de nossa capacidade de renúncia e opção radical pelo Reino, sem compensações e ambiguidades que mistificam nossa vivência de fê e nos impedem de assumir um compromisso adulto e coerente.
Não nos conformemos com um cristianismo meia boca, adocicado e medíocre, porque sabemos muito bem o pensamento de Jesus no Apocalipse a respeito da tibieza, do autoengano e das aparências externas. Que neste mês de setembro consigamos imitar a escuta dócil e obediente do servo de Javéh, sempre voltado a Palavra e Missão do Pai, de testemunhar com mansidão e firmeza o amor misericordioso que liberta e eleva aos oprimidos. Deus seja louvado!
Fonte: CNBB
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