2015-06-22 L’Osservatore Romano
A oração silenciosa diante do sudário e a recordação da lição de dom Bosco são os primeiros motivos da visita a Turim de Bergoglio, que como Pontífice voltou à terra da qual se declarou «neto». Por dois dias, densos de memórias familiares e de encontros que surpreenderam e comoveram não só os habitantes turineses e piemonteses: do encontro com os valdenses – deveras histórico porque sem precedentes e fraterno – àquele com os jovens, e antes com os doentes do Cottolengo, a família salesiana, o mundo do trabalho, falando como sempre a todos.
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E como sempre as pessoas entenderam as palavras do Papa, a sua preocupação pela crise que ainda pesa sobre muitíssimas pessoas e que «não é só torinês, italiana», mas global e complexa, a denúncia urgente da guerra «aos bocados», que acentua o drama das migrações forçadas e tornadas mais atrozes pelo cinismo e pela indiferença de muitos: «Dá vontade de chorar ao ver o espectáculo destes dias nos quais seres humanos são tratados como mercadoria», exclamou Francisco.
Diante da desorientação generalizada o Pontífice mais uma vez indicou a via da solidariedade entre gerações, que se realiza antes de tudo na família: os idosos e os jovens, que são riqueza da memória e promessa do futuro. E quanto Bergoglio confia na família percebeu-se por um gesto – imprevisto e comovedor – que quis realizar visitando a pequena igreja de Santa Teresa, onde se casaram os avós e foi baptizado o seu pai.
Neste lugar cheio de memórias familiares o Papa como já tinha feito diante do sudário, no santuário, turinês por excelência, da Consolata e depois no Cottolengo – rezou em silêncio, entregando a uma dedicação escrita as suas intenções para o próximo sínodo sobre a família. E da sua família, sobretudo, falou em Valdocco, quando improvisando reevocou longamente as próprias recordações salesianas e evidenciou com vivacidade a parte que os seguidores de don Bosco tiveram na sua formação humana e cristã.
Das próprias raízes piemontesas e da memória histórica do século passado o Pontífice soube tirar, durante o encontro com os jovens e respondendo improvisando às suas perguntas, palavras eficazes e – como frisou – incômodas, quando indicou o amor casto e a necessidade de ir contra a corrente em contextos difíceis para a fé como os do Piemonte do século XIX, como fizeram os seus santos. Para olhar em frente sem sucumbir à idolatria do dinheiro e sem desviar o olhar das necessidades de hoje, como aconteceu muitas vezes no século XX.
E aberto ao futuro foi o encontro simples e animado no templo valdense, também neste caso fundado em experiências vividas por Bergoglio com «os amigos da Igreja evangélica valdense de Río de la Plata, dos quais – disse – pude apreciar a espiritualidade e a fé, e aprender muitas coisas boas». É o ecumenismo «a caminho», que já une, não obstante as diferenças e que levou o Papa a pedir perdão pelas atitudes e comportamentos não cristãos e desumanos em relação aos valdenses. Para caminhar juntos e juntos testemunhar o Evangelho no mundo.
Fonte: News.VA

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