quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

Artigo: Apresentação do Senhor

 


Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)

Celebramos neste dia 2 de fevereiro, a Festa da Apresentação do Senhor. Esta data ocorre 40 dias após a celebração do Natal do Senhor. E ainda nos prepara para logo mais celebrarmos a paixão, morte e ressurreição do Senhor Jesus. Essa festa significa que temos que estar sempre vigilantes, com as velas acesas e prontos para irmos ao encontro do Senhor.

Esta celebração recorda o cumprimento por Maria e José de uma lei hebraica, que dizia que todo primogênito do sexo masculino deveria ser consagrado ao Senhor. Dizia, também, que 40 dias após a mãe dar à luz, ela deveria passar por um ritual de purificação, e apresentar o filho ao Senhor, no templo. Desde o século IV, essa festa era chamada de Purificação de Maria.

A partir da reforma litúrgica nos anos 1960, passou-se a valorizar o sentido da apresentação, oferta de Jesus ao Pai, para que se cumprisse o seu destino e, ainda, a gratidão de Maria pelo fruto de seu ventre. A partir disso, essa celebração começou a ser chamada como Apresentação do Senhor, no sentido de Maria ofertar como gratidão, o filho de Deus que nascera dela.

Ao chegar no templo, a Sagrada Família foi acolhida pelo profeta Simeão, um ancião que servia dia e noite no templo e o Senhor lhe prometeu que ele não morreria sem antes ver o Messias. Ao ver o menino, o profeta agradece ao Senhor cheio de alegria e diz: “Agora, Senhor, conforme a sua promessa, podes deixar o vosso servo partir em paz; porque os meus olhos viram a tua salvação, que preparastes diante de todos os povos: luz para iluminar as nações e glória do teu povo Israel” (Lc 2,29-31). Também vai ao encontro da Sagrada família, a profetiza Ana.

Simeão, ao abençoar o menino, e, após proferir essas palavras de gratidão ao Senhor, diz a Maria: “Este Menino será um sinal de contradição, para ruína e salvação de muitos em Israel; e uma espada atravessará a tua alma para que se descubram os pensamentos de muitos corações” (Lc 2,22-35). Maria, ao ouvir o que era dito a respeito do menino, guardava e meditava tudo em seu coração. De fato, Simeão profetizou o que seria a missão de Jesus entre nós e culminaria com sua morte na cruz. Essa é a espada que atravessou a alma de Maria, uma de suas “sete” dores. Mas como sabemos, após a morte, vem a ressurreição de Jesus.

Lucas relata em seu evangelho (Lc 2,22-40) o encontro da Sagrada Família com Simeão e Ana: “Assim que se completaram os dias da purificação conforme a Lei de Moisés, levaram o Menino a Jerusalém para apresentá-lo ao Senhor, segundo está escrito na Lei do Senhor, que todo varão primogênito será consagrado ao Senhor e para oferecerem em sacrifício, segundo o que está prescrito na Lei do Senhor, um par de rolas ou dois pombinhos”.

A Sagrada Família era fiel à lei judaica e cumpria todos os preceitos da religião e com certeza ensinaram isso a Jesus. Por isso, José é considerado o justo, pois servia fielmente à lei judaica. As famílias consideradas mais ricas de Israel ofereciam outros animais na apresentação de seus filhos no templo, como cordeiros e cabritos. Mas as famílias mais humildes, como era o caso da Sagrada Família, ofereciam animais mais simples, como um par de rolas ou dois pombinhos.

Tanto Simeão, quanto Ana, reconhecem em Jesus o Messias esperado e profetizaram o sofrimento e a glória que viriam para ele e a Sagrada Família. A partir da celebração dessa festa, temos outras duas celebrações nessa data: Nossa Senhora da Candelária e Nossa Senhora da Luz ou dos Navegantes.

Por isso, somos convidados a ir à celebração eucarística nesse dia e irmos ao encontro do Senhor com as nossas velas acesas, tendo a certeza de que Ele vai iluminar as nossas vidas e a luz que Ele vai iluminar em nós, vamos iluminar àqueles que nos cercam. Através dessa celebração, ainda, nos preparamos para a festa central do cristianismo que é a Páscoa.

Que possamos renovar nesse dia a nossa consagração a Deus e a nossa vida possa estar voltada sempre para o Senhor. Somos chamados a viver a santidade no dia a dia e sermos luz para quem encontrarmos. Temos que cuidar do templo do nosso corpo, e não deixar que ele se manche ou seja destruído pelo pecado.

Apresentemos nesse dia ao Senhor as nossas vidas, as nossas fragilidades e aflições, apresentemos, ainda, a vida da nossa família e consagremos a nós e nossas famílias ao Senhor. Escutemos a voz do Senhor nesse dia e aceitemos os planos d´Ele para a nossa vida.

Que a Virgem Maria, a Virgem das Luzes, a Senhora da Luz, da Candelária e das Candeias nos guie e proteja sempre. Amém.

Fonte: CNBB

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