quinta-feira, 4 de julho de 2019

Alianças de Amor


Em sua sabedoria infinita, Deus criou um jeito maravilhoso de nos trazer sempre à sua memória: os sinais.
O sinal evoca a presença de uma ausência; e por si só, contêm nas palavras, cores e gestos, o que significa. A palavra adeus condensa-se de saudade, distância, separação; a cor azul, em linguagem muda, nos faz recordar o céu; o gesto do polegar erguido indica que tudo está bem. Um exemplo clássico é o semáforo. As cores estão sempre na mesma ordem. De cima para baixo temos o vermelho, o amarelo e o verde. Não há nada escrito. Não se ouve uma palavra emanada de cada cor; mas sabe-se o que significam: pare, atenção e siga. É assim que funciona a linguagem dos sinais.
Deus se utiliza muito dessa linguagem na Bíblia. A primeira referência encontra-se no capítulo nove, versículos de doze a dezessete do livro do Gênesis: Noé era um homem justo e perfeito no meio dos homens de sua geração. Ele andava com Deus. Deus disse: “Eis o sinal da aliança que eu faço convosco e com todos os seres vivos que vos cercam, por todas as gerações futuras: Ponho o meu arco nas nuvens, para que ele seja o sinal da aliança entre mim e a terra. Quando eu tiver coberto o céu de nuvens por cima da terra, o meu arco aparecerá nas nuvens, e me lembrarei da aliança que fiz convosco e com todo ser vivo de toda espécie, e as águas não causarão mais dilúvio que extermine toda criatura. Quando eu vir o arco nas nuvens, eu me lembrarei da aliança eterna estabelecida entre Deus e todos os seres vivos de toda espécie que estão sobre a terra.” Dirigindo-se a Noé, Deus acrescentou: “Este é o sinal da aliança que faço entre mim e todas as criaturas que estão na terra.” Como Deus é Poeta! A maneira inicial que ele se utiliza para lembrar de cada um de nós é o arco-íris. Que coisa linda! Sete cores que indicam plenitude. Não se sabe onde começa e onde termina. Nesta aliança acompanhada deste sinal, Deus nos diz: “Vou lembrar de vocês de maneira plena, do princípio ao fim, todas as vezes que eu vir o arco-íris”. É a Aliança da Recordação!
A segunda referência à aliança está também no livro do Gênesis,  capítulo quinze. É entre Deus e Abrão. Abrão confiou no Senhor, e o Senhor lho imputou para justiça. E disse-lhe: “Eu sou o Senhor que te fiz sair de Ur da Caldéia para dar-te esta terra.Toma uma novilha de três anos, respondeu-lhe o Senhor, uma cabra de três anos, um cordeiro de três anos, uma rola e um pombinho.”  Abrão tomou todos esses animais, e dividiu-os pelo meio, colocando suas metades uma defronte da outra; mas não cortou as aves. E eis que, ao po-do-sol, veio um profundo sono a Abrão. Quando o sol se pôs, formou-se uma densa escuridão, e eis que um braseiro fumegante e uma tocha ardente passaram pelo meio das carnes divididas. Naquele dia, o Senhor fez aliança com Abrão: “Eu dou- disse el – esta terra aos teus descendentes, desde a torrente do Egito até o grande rio Eufrates. Do arco-íris ao fogo. É uma aliança purificadora; e a iniciativa parte do próprio Senhor, pois ele bem sabia das limitações e infidelidades do seu servo. Por isso o fogo. Deus é fogo! Fogo que consome sem se consumir. E através deste sinal ele estava dizendo: “Se eu quebrar esta aliança que eu faço contigo e com a tua descendência, aconteça comigo o que aconteceu a estes animais”.É a Aliança da Terra!
A última indicação do livro do Gênesis a respeito de aliança entre Deus e Abrão, encontra-se no capítulo dezessete. Abrão tinha noventa e nove anos. O Senhor apareceu-lhe e disse-lhe: “Eu sou o Deus Todo-poderoso. Anda em minha presença e sê íntegro; quero fazer aliança contigo e multiplicarei ao infinito a tua descendência.” Deus disse-lhe: “Este é o pacto que faço contigo: serás o pai de uma multidão de povos. De agora em diante não te chamarás mais Abrão, e sim Abraão, porque farei de ti o pai de uma multidão de povos. Faço aliança contigo e com tua posteridade, uma aliança eterna, de geração em geração, para que eu seja o teu Deus e o Deus de tua posteridade. Eis o pacto que faço entre mim e vós, e teus descendentes, e que tereis de guardar: Todo homem, entre vós, será circuncidado. Cortareis a carne de vosso prepúcio, e isso será o sinal da aliança entre mim e vós. Neste texto Deus nos mostra dois sinais desta aliança: a mudança de nome e o sangue derramado. De sentido para nós pouco significativo, mudar o nome para o Hebreu é tomada de posse. Era necessário ser pertença do Senhor para que a promessa fosse realizada. Só então o sinal realizar-se-ia. A “marca da carne” no genital masculino é a marca da vida e do domínio de Deus.    É a Aliança da Promessa!
E o que dizer da aliança matrimonial que é simbolizada num sinal visível e marcante? Se nos déssemos conta do seu verdadeiro e profundo significado, sem sombra de dúvida viveríamos o amor conjugal de outra forma.
Se as alianças anteriores tiveram a iniciativa de Deus, a iniciativa da aliança matrimonial parte do homem e da mulher; se as anteriores eram de natureza particular, privada, esta é de natureza pública. É compromisso de fidelidade realizado pelo fogo do Espírito Santo e diante do altar onde se celebra o sanguederramado em sacrifício. Isto é muito sério! Não é brincadeira!
Olha agora para o dedo anular da tua mão esquerda. Aí está o sinal! Geralmente de ouro para significar a sua nobreza. Na mão esquerda porque está do lado do coração, e quem nós amamos, onde trazemos? Lembra do arco-íris inicial? Este sinal é um arco-íris que lhe fará recordar, sempre que puser os olhos, o seu amado, a sua amada. Você seria capaz de dizer onde se encontra o começo e o término deste sinal? Nem eu, nem você. Mas somos capazes de pedir a Deus que seja um sinal eterna e que dure para sempre. É a Aliança do Amor!
(Gn 9,12-17; 15,7-21; 17,1-13)
Paz e Luz
Antonio Luiz Macêdo
Fonte: Catequese Católica

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