quinta-feira, 12 de julho de 2018

O amigo e servo dos doentes

Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)


O mês de julho, tempo invernal no nosso país, nos trás a preocupação e o zelo para com a saúde. Celebramos, neste período, o dia Nacional do Hospital (02/07) e o patrono dos hospitais e dos doentes, dos enfermeiros, e protetor especial da assistência à saúde dos militares na Itália, São Camilo de Lellis, cuja memória ocorre no 14 de julho.
Sua conversão foi a travessia de ser um portador de chaga na perna que o levou ao Hospital São Tiago, em Roma, onde já estivera para o mesmo tratamento, sendo convidado a ajudar os doentes. Nesta segunda estadia, tornou-se enfermeiro de tempo integral, abraçando por inteiro a causa dos doentes, sendo nomeado Mestre da Casa, responsável pelo Hospital.
Surgia, com ele, um carisma de dedicação generosa e total aos irmãos enfermos, considerados sempre “os nossos senhores e patrões”, o “próprio Cristo”, servindo-os como “uma mãe amorosa cuida de seu filho único gravemente doente”. Em 1582, fundou a Companhia dos Servidores dos Doentes, que quatro anos mais tarde foi transformada em Congregação, tendo como distintivo uma Cruz vermelha.
Mas, além de seu testemunho misericordioso e certamente compassivo, São Camilo leva adiante uma verdadeira reforma da assistência à saúde. Os hospitais que eram tidos como refúgios para morrer, passaram a ser reconhecidos como lugares de cura e atendimento, centros de acolhida e cuidado do doente. O doente que por sua condição pobre e miserável era deixado de lado pela medicina da época, mais a serviço dos que podiam pagar.
Isso o motivou a mudar a concepção de serviço ao doente, tratando-os com humanidade, amor e respeito, superando procedimentos toscos, negligentes e anti-higiênicos. Nessa perspectiva, melhorou e aperfeiçoou o pessoal que era responsável pela assistência, criando manuais de ordens e métodos a seguir nos hospitais ao prestar assistência aos pobres doentes, e, ainda, confeccionou um Código deontológico-profissional de ética hospitalar, em 1584.
Finalmente, ocupou-se com o atendimento fora do hospital, os doentes nos seus domicílios e os visitadores, promovendo um voluntariado gratuito, dos quais merece menção  a Congregação do Santíssimo Crucifixo, herdeira das Companhias do Divino Amor, que já existiam no século XV com a viúva Catarina de Gênova. Como vemos, São Camilo é o grande inspirador da Pastoral da Saúde, pois nos fez ver o drama dos doentes com a pupila e o coração de Deus. “Felizes os misericordiosos porque encontrarão misericórdia!”


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