quarta-feira, 24 de agosto de 2016

A eucaristia alimenta a incorruptibilidade na natureza humana, segundo Ireneu de Lião


Dom Vital Corbellini
Bispo de Marabá (PA)


O Congresso Eucarístico Nacional em Belém proporcionou momentos fortes ao redor da eucaristia, como ação de graças, o pão que é Jesus Cristo para a vida eterna. Santo Ireneu de LIão, Bispo do Século II, falou da eucaristia como pão que alimenta o ser humano na sua integralidade. Veremos a seguir esses detalhes de uma forma bem expressiva. 
1. Ireneu disse que a nossa carne é capaz de receber o dom de Deus que é a incorruptibilidade. Ele expressou-se dessa forma porque os gnósticos diziam que a carne, a nossa natureza humana, jamais seria, capaz, de receber a regeneração, por causa do pecado. Segundo eles a salvação era dada para a parte espiritual do ser humano, não sendo carnal. 
2. Mas se a carne não se salva, pois ela seria incapaz de receber tão precioso dom, que é a redenção, continuou Ireneu,  nem o Senhor nos resgatou com a sua vida, nem o cálice eucarístico é comunhão com o seu sangue, nem sendo o pão, é comunhão com o seu corpo. O sangue brota das veias, da substância humana de modo que o Verbo de Deus nos remiu com o seu sangue, como afirma o Apóstolo Paulo: "Nele temos a redenção por seu sangue e a remissão dos pecados"(Cl 1,14).
3. O Senhor nos deu frutos bons provenientes da natureza para a nossa alimentação normal. Mas deu-nos também um alimento espiritual, capaz de superar o mal, o pecado, a morte. Na última Ceia reconheceu Jesus, como seu próprio sangue o cálice tirado da natureza criada, com o qual fortifica o nosso sangue, sendo que Ele proclamou também ser o seu próprio corpo, o pão tirado da natureza, criada com o qual se fortificam os nossos corpos. 
4. A eucaristia é a mistura do pão e do cálice consagrados porque recebem a Palavra de Deus tornando-se pão de vida eterna. A eucaristia é o sangue e o corpo de Cristo Jesus, de modo que com Ele se cresce e se fortifica a natureza da nossa carne; sendo assim, não é verdadeiro aqueles que afirmam da incapacidade da carne receber o dom de Deus, que consiste na vida eterna, após ser alimentada pelo corpo e pelo sangue de Cristo e sendo membro ativo do mesmo corpo. 
5. Ireneu seguiu o Apóstolo Paulo na carta aos Efésios: "somos membros de seu corpo, formados pela sua carne e pelos seus ossos"(Ef 5,30). Ele não fala de algum homem pneumático e invisível, pois esse não tem ossos e nem carne, mas o apóstolo tem presente a estrutura do ser humano verdadeiro, feito carne, nervos, ossos, sangue, alimentado pelo cálice que é o sangue de Cristo e é fortificado pelo pão que é o seu corpo. 
6. Os nossos corpos alimentados pela eucaristia, isto é, o corpo e o sangue de Cristo, após serem depostos na terra e se terem decompostos, ressuscitarão no seu tempo, quando o Verbo de Deus os fará ressuscitar para a glória de Deus Pai, porque se dará a imortalidade ao que é mortal e a incorruptibilidade ao que é corruptível, pois o poder de Deus se manifesta na fraqueza. 
7. Santo Ireneu afirma que o Senhor levará a pessoa à incorruptibilidade. Ele contestou aqueles e aquelas que diziam que o poder de Deus não levasse à ressurreição do corpo, pela morte da natureza humana. Como podem os gnósticos pensarem dessa forma porque o que é mortal um dia será incorruptível, pelo dom da eucaristia, pelo caridade realizada neste mundo. O Senhor é todo-poderoso de modo que dará a devida recompensa para as pessoas que viverem na unidade e na fraternidade. Dessa forma a carne, a natureza humana conterá o poder de Deus como no princípio recebeu a sua arte. Assim como a carne participou da arte e da sabedoria de Deus, participará também do poder divino. 
Concluindo afirmamos em Santo Ireneu a importância da eucaristia que alude à incorruptibilidade, que não sofre corrupção, que não se altera, sendo portanto, integra, porque ao receber o corpo e o sangue do Senhor vive um clima melhor para amar a Deus, ao próximo e a si mesmo e também trabalhar bem na família, na comunidade, na sociedade e um dia participar do Reino de Deus.
 Fonte: CNBB

Nenhum comentário:

Postar um comentário