Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)
Está em pauta no Congresso a votação do Projeto de Lei 3722/2012 sobre a revogação do Estatuto do Desarmamento. Apostar na venda indiscriminada de armas é facilitar o aumento da violência e as taxas de homicídio, já altas por demais no Brasil.
Quando se pensa no quadro de violência doméstica, as 45000 mulheres estupradas por ano, e a morte precoce de adolescentes e jovens teremos que nos acostumar a multiplicar estas ocorrências na sua letalidade. Isto sem ter em conta ainda,que a venda de armas para cidadãos é uma das formas mais fáceis pelo roubo, de armar os delinquentes. Está se passando a idéia ilusória que a venda de armas de calibre legal vai possibilitar uma defesa eficaz do cidadão e contribuir para sua proteção.
Em qualquer enfrentamento armado entre um delinquente e um civil o elemento fora da lei, terá sempre a vantagem da surpresa, do manejo mais frequente com a arma, a determinação de matar; a não ser que o cidadão seja um trabalhador da segurança ou especialista em tiro. Também a guarda de armas em casa é causa de inúmeros acidentes muitas vezes mortais. É verdade que as armas não matam,mas também é igualmente certo que elas não morrem, são sempre as pessoas, vítimas ou da imperícia ou da propaganda da falsa segurança que ela nos dá.
Precisamos isso sim, de construir uma cultura de paz como sistema de segurança coletivo e inspirador de políticas de inclusão juvenil, de resgate da dependência química e de distribuição e geração de renda. A solução não estará nunca na afirmação de estratégias punitivas ou de rearmamento da população uma vez que significam alimentar a espiral da violência e tratar de sufocar um incêndio jogando gasolina.
Por um Brasil livre da proliferação de armas,por uma genuína cultura de paz com direitos humanos respeitados e por uma segurança social, que inclua a todas as pessoas no cuidado e proteção. Que Jesus, o Rosto da Misericórdia, fortaleça nosso coração nos tornando sereno e tranquilo, remanso de alegria e justiça. Deus seja louvado!
Fonte: CNBB
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