Dom Reginaldo Andrietta
Bispo de Jales
O fechamento da Unidade do Hospital de Câncer de Barretos, em Fernandópolis, anunciado no último dia 1º de junho, pelo sr. Henrique Prata, presidente da Fundação Pio XII, mantenedora desse Hospital, abalou a população da região, especialmente pacientes e seus familiares.
Desde então, passaram a ocorrer mobilizações muito justas em defesa do não fechamento dessa Unidade, pois a mesma cumpre um papel importantíssimo na prevenção e cura de vários tipos de câncer, especialmente de colo de útero, de pele, de próstata e de boca. Além de realizar ultrassom, biópsias, pequenas cirurgias e mamografias, essa Unidade atua em consonância com a Unidade de Jales e com Unidades móveis que atendem 52 municípios da região.
Quais são as razões para o fechamento dessa Unidade? O sr. Henrique Prata diz que a mantenedora não tem condições de arcar com todos os seus custos, pois essa Unidade foi criada com o compromisso do Governo Estadual de contribuir com sua manutenção e credenciá-la para que pudesse receber recursos do Sistema Único de Saúde (SUS). Os compromissos financeiros acordados não estão sendo cumpridos pelo Governador Geraldo Alckmin, e o mesmo ainda não a credenciou.
O Ministério da Saúde confirmou que a Secretaria de Estado da Saúde não apresentou o credenciamento da Unidade de Fernandópolis, demonstrando que o Governo Estadual está sendo negligente ou possui intenções de cercear os serviços dessa Unidade. A consequente transferência de seus serviços para Jales, obrigará centenas de pacientes e funcionários a se deslocarem diariamente, com custos extras que poderiam ser evitados.
Os bispos da Igreja Católica no Estado de São Paulo, reunidos em Assembleia, entre os dias 7 e 9 de junho, discutimos essas dificuldades. Tomamos conhecimento que a Unidade de Jales, após antiga reivindicação, foi credenciada pela Secretaria da Saúde do Estado somente em fevereiro deste ano, condicionando-a a não receber ainda repasses do SUS. Essa situação nos preocupa e nos desafia a agir e a apoiar mobilizações em prol do financiamento público dessa instituição.
A mobilização da sociedade civil da região está sendo louvável. As manifestações populares e um abaixo assinado dirigido ao Presidente da República em exercício, ao Governador, ao Secretário da Saúde do Estado e ao Ministro da Saúde, estão recebendo a adesão de milhares de pessoas. Muitas entidades estão se manifestando solidariamente. A repercussão na mídia tem crescido. O Ministério Público está sendo acionado.
Espera-se dos cidadãos, especialmente das entidades de classe, organizações não-governamentais, Igrejas, empresas, partidos políticos, meios de comunicação social, prefeitos, vereadores e demais autoridades públicas, a solidariedade necessária para que essa belíssima obra de aliviar sofrimentos e salvar vidas, realizada pelo Hospital do Câncer, particularmente em Fernandópolis e Jales, em lugar de ser cerceada, amplie-se ainda mais.
O tratamento curativo e preventivo, amplamente realizado, com tanto esmero, pelo Hospital do Câncer de Barretos, é uma missão a ser assumida solidariamente com prioridade! O serviço árduo dos seus administradores, o trabalho extremamente profissional dos seus milhares de funcionários e a dedicação generosa de outros milhares de voluntários, merecem reconhecimento e apoio. Manifestemos nossa solidariedade à sua luta, com a certeza de que a vitória pertence aos justos!
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