2015-11-20 L’Osservatore Romano
Quando Francisco tocar pela primeira vez o solo africano «não poderá deixar de ter diante dos olhos e no coração» as «imagens assustadoras» dos 147 estudantes assassinados no Quénia em Abril e dos jovens trucidados em Paris a 13 de Novembro. E certamente lançará um novo apelo «que continuamente dirige aos seguidores de todas as religiões, a não usar o nome de Deus para justificar a violência»: disse com convicção o cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado, na entrevista concedida ao Centro televisivo do Vaticano a poucos dias do início da viagem do Pontífice ao continente.

O purpurado acompanhará o Papa ao Quénia e Uganda, mas não à República Centro-Africana, porque deverá participar na Cop21 em Paris. Ao responder às perguntas de Alessandro Di Bussolo, o cardeal recordou a propósito as palavras de Francisco durante o Angelus de domingo passado, quando explicou que matar em nome de Deus «é blasfémia. Portanto, não é absolutamente louvar a Deus mas ofender de maneira gravíssima o nome de Deus e o seu amor por nós, e o próprio Deus». E definiu o «apelo a fazer das religiões» o que elas «são e devem ser, isto é, operadoras de bem, factores de reconciliação, de paz, de fraternidade no mundo de hoje, já dilacerado por muitos conflitos de várias naturezas». E, prosseguiu, «fazê-lo juntos, parece-me um ponto importante. Hoje as religiões devem encontrar o modo de trabalhar unidas. De colaborar juntas para ajudar a humanidade a tornar-se cada vez mais fraterna e solidária. Sobretudo através do diálogo inter-religioso». À sucessiva constatação do entrevistador de que a África constitui uma periferia do planeta, o cardeal Parolin respondeu afirmando que o Pontífice tem particularmente a peito os temas da encíclica Laudato si' e do discurso às Nações Unidas sobre a defesa do meio ambiente e a luta contra a exclusão. Temas, acrescentou, «que no fim de contas fazem parte do ensinamento tradicional da doutrina social da Igreja, pelo menos a partir de Leão XIII e depois aplicados às diversas situações que gradualmente se apresentaram». Eles, prosseguiu o secretário de Estado, «encontrarão uma particular ressonância no continente africano, onde «será lançada uma forte mensagem» a fim de que ninguém deixe «de lutar contra a pobreza, contra a exclusão», e de garantir «uma vida digna, uma vida que respeite a dignidade de seres humanos e de filhos de Deus das populações da África».
Fonte: News.VA
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