quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Missão da família

Dom José Alberto Moura

Arcebispo de Montes Claros (MG)

Hoje os vários tipos de convivência familiar dependem da história de cada pessoa, de sua cultura, de seu ambiente e dos influxos da sociedade e, não menos, da mídia. Muitos se casam para buscar e ter a felicidade. Este é um termo de muitas conotações.
No referencial da família, a felicidade ou a realização gratificante ou prazerosa e  contínua de todas as pessoas nela envolvidas, inclui a parte logística ou de estrutura material, psicológica e religiosa. No entanto, se não for permeada de um ideal elevado a ser buscado em comum, dificilmente se consegue seu objetivo. É o mesmo que querer um corpo saudável sem o sangue a circular por suas veias! Se o ideal de felicidade não tiver a iluminação divina, ele fica embaçado e pode levar as relações humanas a ruírem, como acontece com freqüência.
O casamento é uma instituição inerente à pessoa humana (Cf. Gênesis 2,18-24). Mas o Filho de Deus a elevou à vocação e missão marcadas pelo dom divino de sacramento. Isso significa que a união perseverante do homem e da mulher no matrimônio é permeada pelo amor humano permeado pelo divino. As pessoas o assumem, comprometendo-se a realizar um projeto de vida com  a vocação matrimonial para um ajudar o outro. Isso ocorre dentro das respectivas condições de igualdade de missão na diferença de função, conforme sua masculinidade e feminilidade, colocando tudo em comum. Assumem juntas a paternidade e a maternidade no mútuo apoio para amarem e educarem os possíveis filhos para a vida em plenitude. 
A marca da convivência dos cônjuges, nessa perspectiva cristã, é o amor continuamente crescido em humanidade e na graça de Deus. A família assim constituída tem força para superar as diferenças das pessoas, as dificuldades da vida e os problemas de convivência, buscando energia espiritual da religiosidade vivida em comunidade. Esta se torna um suporte importante para dar subsídio emocional e sobrenatural para a família. A própria comunidade religiosa é uma verdadeira família a subsidiar espiritualmente as famílias constituídas pelas pessoas com o sacramento do matrimônio. As pessoas e famílias, que têm dificuldades inerentes aos problemas de constituição e prática familiares, encontram aí força e estímulo para o  cumprimento de sua vocação.
Mas a família cristã tem também missão especial em relação à sociedade: a de ser geradora de pessoas que ajudem a promoção da cidadania para todos. A marca da formação nessa família fundamentalmente é a da formadora do caráter. Deste modo seus membros tornam-se presença qualificada de ética, honestidade e compromisso com o bem comum. Usam os dons pessoais para servirem o semelhante. É verdadeira missão de servir. Isso só é entendido quando o matrimônio é assumido como vocação. A união só por outros interesses não significa ser família com o enfoque acima referido.
A iluminação do ideal motivado pela fé religiosa leva a família a se estruturar baseada no amor eminentemente oblativo, com seus membros colocando tudo em comum para buscarem a realização humana, progressivamente,  com os ditames do projeto do Criador. É a convivência no amor, que leva cada um a cooperar com a plena realização do outro, até com o sacrifício de si. Quem ama verdadeiramente, dá de si com alegria! A família que vive na interação das pessoas com essa atitude é feliz e vive e transmite alegria!
Fonte: CNBB

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