
RIO DE JANEIRO, 26 Jul. 13 / 07:41 pm (ACI/EWTN Noticias).-
As 14 estações da Via-Sacra da JMJ Rio2013,fizeram uma alusão às
questões do mundo de hoje, revelando o sofrimento de Jesus em meio “às
dores” presentes na sociedade atual. Em seu discurso, o Papa Francisco,
falou sobre o sentido da Cruz de Cristo e da Cruz peregrina, símbolo da
Jornada Mundial da Juventude, que passou por todos os estados do país.
E pediu que rezem pelas vítimas do incêndio na boate Kiss, em Santa Maria (RS), que mantou 242 jovens, em janeiro desde ano.
Leia o discurso completo:
Queridos jovens,
Viemos
hoje acompanhar Jesus no seu caminho de dor e de amor, o caminho da
Cruz, que é um dos momentos fortes da Jornada Mundial da Juventude. No
final do Ano Santo da Redenção, o Bem-aventurado João Paulo II
quis confiá-la a vocês, jovens, dizendo-lhes: «Levai-a pelo mundo, como
sinal do amor de Jesus pela humanidade e anunciai a todos que só em
Cristo morto e ressuscitado há salvação e redenção» (Palavras aos jovens
[22 de abril de 1984]: Insegnamenti VII,1 (1984), 1105). A partir de
então a Cruz percorreu todos os continentes e atravessou os mais
variados mundos da existência humana, ficando quase que impregnada com
as situações de vida
de tantos jovens que a viram e carregaram. Ninguém pode tocar a Cruz de
Jesus sem deixar algo de si mesmo nela e sem trazer algo da Cruz de
Jesus para sua própria vida. Nesta tarde, acompanhando o Senhor, queria
que ressoassem três perguntas nos seus corações: O que vocês terão
deixado na Cruz, queridos jovens brasileiros, nestes dois anos em que
ela atravessou seu imenso País? E o que terá deixado a Cruz de Jesus em
cada um de vocês? E, finalmente, o que esta Cruz ensina para a nossa
vida?
Uma antiga tradição da Igreja
de Roma conta que o Apóstolo Pedro, saindo da cidade para fugir da
perseguição do Imperador Nero, viu que Jesus caminhava na direção oposta
e, admirado, lhe perguntou: «Para onde vais, Senhor?». E a resposta de
Jesus foi: «Vou a Roma para ser crucificado outra vez». Naquele momento,
Pedro entendeu que devia seguir o Senhor com coragem até o fim, mas
entendeu sobretudo que nunca estava sozinho no caminho; com ele, sempre
estava aquele Jesus que o amara até o ponto de morrer na Cruz.
Pois
bem, Jesus com a sua cruz atravessa os nossos caminhos para carregar os
nossos medos, os nossos problemas, os nossos sofrimentos, mesmo os mais
profundos. Com a Cruz, Jesus se une ao silêncio das vítimas da
violência, que já não podem clamar, sobretudo os inocentes e indefesos;
nela Jesus se une às famílias que passam por dificuldades, que choram a
perda de seus filhos, ou que sofrem vendo-os presas de paraísos
artificiais como a droga; nela Jesus se une a todas as pessoas que
passam fome, num mundo que todos os dias joga fora toneladas de comida;
nela Jesus se une a quem é perseguido pela religião, pelas ideias, ou
simplesmente pela cor da pele; nela Jesus se une a tantos jovens que
perderam a confiança nas instituições políticas, por verem egoísmo e
corrupção, ou que perderam a fé na Igreja, e até mesmo em Deus, pela
incoerência de cristãos e de ministros do Evangelho. Na Cruz de Cristo,
está o sofrimento, o pecado do homem, o nosso também, e Ele acolhe tudo
com seus braços abertos, carrega nas suas costas as nossas cruzes e nos
diz: Coragem! Você não está sozinho a levá-la! Eu a levo com você. Eu
venci a morte e vim para lhe dar esperança, dar-lhe vida (cf. Jo 3,16).
E assim podemos responder à segunda pregunta: o que foi que a Cruz deixou naqueles que a viram, naqueles que a tocaram? O que deixa em cada um de nós? Deixa um bem que ninguém mais pode nos dar: a certeza do amor inabalável de Deus por nós. Um amor tão grande que entra no nosso pecado e o perdoa, entra no nosso sofrimento e nos dá a força para poder levá-lo, entra também na morte para derrotá-la e nos salvar.
E assim podemos responder à segunda pregunta: o que foi que a Cruz deixou naqueles que a viram, naqueles que a tocaram? O que deixa em cada um de nós? Deixa um bem que ninguém mais pode nos dar: a certeza do amor inabalável de Deus por nós. Um amor tão grande que entra no nosso pecado e o perdoa, entra no nosso sofrimento e nos dá a força para poder levá-lo, entra também na morte para derrotá-la e nos salvar.
Na
Cruz de Cristo, está todo o amor de Deus, a sua imensa misericórdia. E
este é um amor em que podemos confiar, em que podemos crer. Queridos
jovens, confiemos em Jesus, abandonemo-nos totalmente a Ele (cf. Carta
enc. Lumen fidei, 16)! Só em Cristo morto e ressuscitado encontramos
salvação e redenção. Com Ele, o mal, o sofrimento e a morte não têm a
última palavra, porque Ele nos dá a esperança e a vida: transformou a
Cruz, de instrumento de ódio, de derrota, de morte, em sinal de amor, de
vitória e de vida.
O primeiro nome dado ao Brasil foi justamente
o de «Terra de Santa Cruz». A Cruz de Cristo foi plantada não só na
praia, há mais de cinco séculos, mas também na história, no coração e na
vida do povo brasileiro e não só: o Cristo sofredor, sentimo-lo
próximo, como um de nós que compartilha o nosso caminho até o final. Não
há cruz, pequena ou grande, da nossa vida que o Senhor não venha
compartilhar conosco.
Mas a Cruz de Cristo também nos convida a
deixar-nos contagiar por este amor; ensina-nos, pois, a olhar sempre
para o outro com misericórdia e amor, sobretudo quem sofre, quem tem
necessidade de ajuda, quem espera uma palavra, um gesto; ensina-nos a
sair de nós mesmos para ir ao encontro destas pessoas e lhes estender a
mão. Tantos rostos acompanharam Jesus no seu caminho até a Cruz:
Pilatos, o Cireneu, Maria, as mulheres... Também nós diante dos demais
podemos ser como Pilatos que não teve a coragem de ir contra a corrente
para salvar a vida de Jesus, lavando-se as mãos. Queridos amigos, a Cruz
de Cristo nos ensina a ser como o Cireneu, que ajuda Jesus levar aquele
madeiro pesado, como Maria e as outras mulheres, que não tiveram medo
de acompanhar Jesus até o final, com amor, com ternura. E você como é?
Como Pilatos, como o Cireneu, como Maria?
Queridos jovens,
levamos as nossas alegrias, os nossos sofrimentos, os nossos fracassos
para a Cruz de Cristo; encontraremos um Coração aberto que nos
compreende, perdoa, ama e pede para levar este mesmo amor para a nossa
vida, para amar cada irmão e irmã com este mesmo amor. Assim seja! Fonte:Acidigital
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