Preconceito é uma forma preguiçosa de conhecer!
Preconceito é uma forma fácil de ter opinião.
Não
requer esforço, não requer pesquisa, empenho, visto que se trata de uma
primeira visão que temos acerca de uma determinada realidade.
É
óbvio, mas é bom dizer, que a visão preconceituosa, é aquela que
resolveu ficar parada no pré-conceito, isto é, no que vem antes da
verdade.
Um conceito é sempre o fruto de uma elaboração mais trabalhosa da vida, o pré-conceito não.
Ele é uma fase primária do conceito.
É por isso que quem gosta de pré-conceitos tende a ficar na imaturidade a vida inteira.
O mesmo se deu conosco quando entramos no pré-primário.
Já imaginou se não tivéssemos aceitado o desafio de ir para o primário, com suas dificuldades e diferenças do pré?
Somente o passo em direção ao novo nos garante a felicidade das surpresas.
A vida é sempre assim.
O que agora é alimento, com o tempo, deixa de sustentar.
Isto porque estamos num constante processo de superação humana, e o que nos move, é este desejo de irmos além...
É por isso, que me entusiasmo com a dimensão antropológica do cristianismo.
As palavras de Jesus nos encorajam para um constante aperfeiçoamento de
nossa humanidade e para a constante superação dos nossos limites.
E então, passamos a compreender que santificação é o mesmo que dizer humanização.
Retirar
os excessos, lapidar as arestas, superar as mesquinharias, os modelos
superficiais de análises, os ciúmes e os apegos desordenados, são formas
concretas de santificar a nossa vida.Preconceito é também uma forma de
aprisionamento.
Olhamos o outro e o definimos a partir do que achamos sobre ele.
Temos uma série de opiniões que resolvemos construir dentro de nós, e que são frutos de uma primeira visão.
Olhamos e encaixotamos o outro no nosso preconceito .
Decidimos que ele é assim, mesmo que nunca tenhamos nos aproximado dele para confirmar o que achamos...
Achamos e perdemos.
Perdemos
por desperdiçar a oportunidade de superar o conhecimento aparente, e
assim quem sabe, ganhar um grande amigo, um grande apoio existencial.
Achamos muitas coisas sobre ele.
E por achar tanto, resolvemos não buscar a verdade fundamental, e assim deixamos de ganhar.
Talvez esse seja um dos grandes pecados do nosso tempo.
O mundo é superficial nas suas análises.
Basta flagrar uma única atitude, para que o mundo entregue o seu parecer preconceituoso e definitivo.
Jesus se opunha radicalmente a esta postura.
Ele gostava de ver além.
E alertava os discípulos para este constante cuidado.
O cristianismo supera o judaísmo justamente neste ponto.
Jesus
não queria uma religião que parasse na exterioridade, que dispensasse
facilmente as pessoas só porque têm uma aparência ou um histórico que
num primeiro momento não nos agrade.
A beleza da vida consiste em olhar o mundo com "olhos de terceira margem", com os olhos de Jesus.
Eu, nem sempre consigo, mas não quero perder este esforço de vista.
Eu ainda vivo o desconcerto das escolhas de Jesus.
Fico indignado quando o vejo escolher Zaqueu em meio a tanta gente santa e de boa índole.
Ainda me incomoda quando ele diz que as prostitutas podem me preceder na entrada do Reino.
E
então me vejo, com minha maneira rasa e infecunda de esbarrar nas
pessoas, de condená-las àquilo que acho sobre elas e de impedi-las de me
surpreenderem com sua beleza escondida.
A vida é igual garimpo.
Não se percebe o diamante numa primeira olhada.
Por ser muito parecido com o cascalho, corre o risco de ser jogado fora.
Cascalhos e diamantes se parecem.
A única diferença é que o diamante esconde o brilho sob as cascas que o revestem.
É preciso lapidar.
Pessoas são como diamantes.
Corremos o risco de jogá-las fora só porque não tivemos a disposição de olhá-las para além de suas cascas.
E então, desperdiçamos grandes riquezas no exercício de alimentar pobrezas.
Quando o meu preconceito me impede de ver o diamante, eu me torno cascalho no mundo.
Espero que hoje você descubra diamantes por onde passar.
Se descobrir, estará sendo semelhante a Jesus...Padre Fábio de Melo/Canção Nova
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