Aos pastores que guardavam os rebanhos de seu patrão é
anunciado o nascimento de Jesus. Eles vão às pressas ao encontro do
recém-nascido. Lucas, com suas narrativas da infância de João Batista e
de Jesus, no início de seu Evangelho, já apresenta um de seus temas
fundamentais: em Jesus, Deus se revela como o Deus dos pobres, fracos e
excluídos.
Pois a escolha de Maria – uma jovem da periferia da Galileia – para
ser a mãe de Jesus, Filho de Deus, nos revela que o projeto de Deus
difere dos projetos humanos.
O poder e o prestígio tão ansiosamente buscados nada significam para
Deus. Maria viveu a humildade e o serviço e, nisto, identifica-se com
seu filho Jesus. O título de “rainha” aplicado a Maria não indica poder e
superioridade, mas sim amor que se doa, cativa e se comunica. Maria
está presente em nossos lares, nas alegrias e nos sofrimentos, nos
confortando como mãe e companheira de caminhada no seguimento de Jesus.
Seu amor misericordioso é universal e a fonte da paz a ser
consolidada pelos laços de fraternidade e justiça entre todos, homens e
mulheres.
Unindo o Filho que se encarna e a Mãe que O acolhe, aparece
misteriosamente a obediência, o “sim” de total disponibilidade ao Pai. O
“sim” eterno do Filho, que ecoa no tempo através do “sim” da Virgem
Maria. Assim, aparece o quanto a salvação do mundo e da humanidade
manifesta-se na atitude de obediência, o contrário da atitude do pecado
original: a humanidade voltará pela obediência Àquele de quem se afastou
pela covardia da desobediência. O Criador e a criatura, de modo
admirável e incompreensível, comungam nessa obediência ao plano amoroso
de salvação.
Somos convidados a contemplar a atitude crente, madura e disponível
de Nossa Senhora: crente porque se confia totalmente ao Senhor, como
Abraão, que partiu sem saber para onde ia (cf. Hb 12,8). Casamento,
futuro, filhos… Tudo isso a Virgem Mãe deixou nas mãos de Deus, sem
pedir explicações, sem pedir provas, sem pedir garantias. Atitude madura
porque humildemente procurou compreender – o quanto possível – o plano
de Deus a seu respeito para melhor aderir a ele.
Atitude disponível pela sua insuperável resposta ao convite do Senhor: “Eis a Serva!”
– Não se pertence a si própria, não considera sua vida e seu destino a
partir de seus interesses e projetos; ela se confia total e
absolutamente ao seu Senhor e Deus.
Concluindo, diremos que a Anunciação do Anjo mostra a dinâmica da fé e
de Maria: sendo virgem, descobre-se grávida; perturba-se e tem medo;
descobre a mão de Deus ao Espírito Santo; toma consciência que o que
cresce em seu seio é Divino; não duvida desta iluminação interior;
apenas pergunta como se fará isso. Aceita realidades que não se veem.
Ela creu, pois para Deus nada é impossível.
A fé consiste exatamente nisso: “a fé é a antecipação das coisas que se esperam, a prova das realidades que não se veem”. (Hb 11,1). Com Maria digamos “sim” à voz de Deus, pois Jesus quer continuar nascendo em mim e em você todos os dias.Louvor e Glória ao Senhor!
Padre Bantu Mendonça- Canção Nova
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