“A
liturgia não é um show, um espetáculo que necessite de diretores
geniais e de atores de talento. A liturgia não vive de surpresas
simpáticas, de invenções cativantes, mas de repetições solenes. Não deve
exprimir a atualidade e o seu efêmero,
mas o mistério do Sagrado. Muitos pensaram e disseram que a liturgia
deve ser feita por toda comunidade para ser realmente sua. É um modo de
ver que levou a avaliar o seu sucesso em termos de eficácia espetacular,
de entretenimento. Desse modo, porém , terminou por dispersar o propium
litúrgico que não deriva daquilo que nós fazemos, mas, do fato que
acontece. Algo que nós todos juntos não podemos, de modo algum, fazer.
Na liturgia age uma força, um poder que nem mesmo a Igreja inteira pode
atribuir-se: o que nela se manifesta é o absolutamente Outro que,
através da comunidade chega até nós. Isto é, surgiu a impressão de que
só haveria uma participação ativa onde houvesse uma atividade externa
verificável: discursos, palavras, cantos, homilias, leituras, apertos de
mão… Mas ficou no esquecimento que o Concílio inclui na actuosa
participatio também o silêncio, que permite uma participação realmente
profunda, pessoal, possibilitando a escuta interior da Palavra do
Senhor. Ora desse silêncio, em certos ritos, não sobrou nenhum vestígio.
Comentário do S. Padre Bento XVI da Carta Apostólica do S. Padre e Beato João Paulo II - Domenica Coena - datado de 24/02/1980.
Imagem via Missa Tridentina no Rio de Janeiro
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