segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Compreendendo e Refletindo

O Evangelho de hoje relata a terceira duma série de controvérsias com vários grupos judaicos, iniciada em Marcos 2,1. Talvez, surpreendentemente, a discussão de hoje se deu não somente com os fariseus, mas com os discípulos de João Batista. Marcos fala disso porque os discípulos de João formavam uma comunidade que sobreviveu à morte do Batista, sem dúvida até o segundo século da nossa era (cf. Jo 3,25). O motivo foi porque os discípulos de Jesus não davam grande importância ao jejum , uma prática que, ao lado da oração e da esmola, era muita cara às tradições religiosas dos judeus. Aliás, práticas também que continuam a ter muito sentido para os cristãos de hoje, se bem que com ênfases e expressões diferentes.No trecho de hoje,o Senhor Jesus não se concentra sobre o jejum como tal, mas sobre o simbolismo de jejuar ou não no contexto das bodas ou casamento. A imagem do banquete de casamento tinha conotações messiânicas e a referência a Jesus, como o Noivo, tem esse sentido. Com a vinda de Jesus Nazareno, chegou a hora do casamento, ou seja, dum novo relacionamento entre Deus e as pessoas. Mas também nesse texto, bem no meio das controvérsias, se faz uma alusão clara à cruz, ao destino de Cristo, pois “vão chegar dias em que o noivo será tirado do meio deles. Nesse dia, eles vão jejuar”. A fidelidade à vontade do Pai, na pregação da novidade da chegada do Reino de Deus, levará Cristo inevitavelmente à morte, pois o velho sistema politico-religioso é incapaz de adaptar-se à grande novidade da Boa Nova trazida por Ele. Por isso, Marcos termina o texto colocando duas comparações sobre a relação entre o velho e o novo: o pano remendado e os barris de vinho. A Boa Nova, com as suas consequências sociais e religiosas, é como um pano novo no qual não pode remendar roupas velhas, e como barril novo que preserva vinho novo. Para acolher Jesus e o Seu projeto é necessário acabar com estruturas arcaicas de dominação e de discriminação. Quem procurar salvaguardar esquemas antiquados e injustos não vai conseguir vivenciar a Boa Nova. O Salvador veio exigir de todos nós mudança radical, tanto no nível individual como social. Não veio “remendar”, mas trazer algo novo , um novo relacionamento entre as pessoas, com Deus, com elas mesmas e com a criação.Louvor e Glória ao Senhor!

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