domingo, 15 de janeiro de 2012

Compreendendo e Refletindo

No Evangelho de João a vocação dos discípulos não se dá da mesma forma que nos outros Evangelhos. Neste, Cristo chama pessoalmente e de forma direta. Em João, o seguimento de Jesus se dá porque algumas pessoas sabem quem Ele é e O comunicam a outros que, por sua vez, passam a fazer a mesma experiência.O testemunho do Batista deve ter mudado completamente a vida dos dois discípulos. Vendo Jesus passar, ele diz: “Eis o Cordeiro de Deus”. João O  chama dessa forma porque descobriu n’Ele o Cordeiro Pascal (cf. Ex 12) e o Servo sofredor (cf. Is 53), síntese das expectativas de libertação do passado atualizadas na pessoa de Jesus que passa. Os dois primeiros discípulos devem tomar a iniciativa, sem esperar que o Senhor os chame. Para eles, bastou o testemunho de João Batista de que Jesus é o libertador. A partir desse momento, descobrem que em Cristo está a resposta a todos os seus anseios. O Batista, por causa do testemunho, perde os discípulos. Estes, pela coragem da opção que fizeram, dão pleno sentido a suas vidas e passam a ser testemunhas para os outros.No versículo 38 encontramos as primeiras palavras de Jesus no Evangelho de João: “O que vocês estão procurando?” Do início ao fim de nossas vidas estamos à procura de algo ou de alguém. Como discípulos, procuramos saber quem é Jesus. E Ele testa nossa sede, perguntando-nos o que estamos procurando. Essa pergunta, que aparece nos momentos cruciais do Evangelho de João, costuma se manifestar nas fases decisivas de nossa vida: “O que estamos procurando?”A resposta dos discípulos é movida pelo desejo de comunhão: “Mestre, onde moras?” Os discípulos não estão interessados em teorias sobre Jesus. Querem, ao contrário, criar laços de intimidade com Ele: conhecê-Lo, ter amizade com Ele, acompanhá-Lo, saber onde Ele mora. Para criar intimidade com Jesus é preciso partir e fazer experiência: “Venham ver!” E o resultado da experiência já aparece: “Então eles foram, e viram onde Jesus morava. E permaneceram com ele naquele dia”. O verbo permanecer é muito importante no Evangelho de João. Por ora os discípulos permanecem com Jesus. Mais adiante, o Mestre dirá: “Permaneçam em mim”. Permanecer com Jesus e com as pessoas é fácil. O difícil é permanecer n’Ele e nas pessoas. Só aí é que a comunhão será plena.André era um dos discípulos que, diante do testemunho do Batista, seguiram a Jesus e fizeram a experiência das “quatro horas da tarde”. Só agora é que o evangelista revela o nome desse discípulo. O outro fica anônimo, podendo assumir o nome de cada um dos seguidores do Mestre. André significa homem (= ser humano). Será que o evangelista quer insinuar que as pessoas só se tornam verdadeiramente humanas depois que fazem a experiência do Mestre? Fato é que a experiência se converte em testemunho que arrasta: André leva Simão a Jesus, e Simão leva os ensinamentos Jesus às pessoas e assim por diante. O Evangelho mostra só um flash do testemunho de André. De fato, o v. 41 diz que “ele encontrou primeiro seu irmão…” Isso dá a entender que teria encontrado, em seguida, outras pessoas. André fala no plural: “Encontramos o Messias”. É uma experiência comunitária e progressiva de quem é Jesus. João Batista o apontara como o Cordeiro de Deus; os primeiros discípulos o chamam de Mestre; Pedro já fica sabendo que se trata do Messias.É desse modo que nós encontramos a Jesus: porque outra pessoa nos falou dele ou nos comprometeu numa tarefa apostólica. Jesus sempre reconhece aqueles que o  Pai coloca em seu caminho. ele reconhece Natanael debaixo da figueira e também Simão, escolhido para ser a primeira Pedra da Igreja. Iluminados pelas palavras de João Batista,reconhecemos em Jesus o Cordeiro de Deus. Renovemos hoje um compromisso de segui-Lo e de colaborar para a  construção de seu Reino de Paz e Fraternidade. Louvor e Glória ao Senhor!

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