segunda-feira, 30 de março de 2015

Francisco: Segunda-feira de audiências particulares

2015-03-30 Rádio Vaticana


Cidade do Vaticano (RV) – Segunda-feira, 30, foi um dia repleto de audiências para o Papa Francisco, que de manhã não celebrou a missa matutina na capela da Casa Santa Marta, mas recebeu no Vaticano Cardeais e Bispos que dirigem Congregações e Pontifícios Conselhos, em encontros separados. 
O primeiro a ser recebido pelo Papa foi Dom José Rodriguez Carballo, secretário da Congregação para a Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica. Em seguida, concedeu audiências ao Cardeal Stanislaw Rylko, Presidente do Pontifício Conselho para os Leigos, e ao Cardeal Angelo Bagnasco, Presidente da Conferência Episcopal Italiana.
Na sequência, Francisco recebeu o Arcebispo Jean Louis Brugues, arquivista da Santa Romana Igreja, o Cardeal Angelo Comastri, Arcipreste da Basílica de São Pedro e Vigário geral para a Cidade do Vaticano e enfim, Dom Vincenzo Paglia, Presidente do Pontifício Conselho para a Família. 
(CM)
(from Vatican Radio)
Fonte: News.VA

Santa Sé destaca o papel das religiões no combate à pobreza

2015-03-30 Rádio Vaticana

Nova Iorque (RV) – A importância do diálogo inter-religioso na agenda de desenvolvimento pós-2015 foi tema de debate na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, na última sexta-feira (27/03). O Observador Permanente da Santa Sé na ONU, Dom Bernardito Auza, falou antes de tudo do papel das religiões na conquista do primeiro e fundamental objetivo: a erradicação da pobreza.
“Por que uma enorme instituição financeira como o Banco Mundial ou uma grande organização internacional como as Nações Unidas se devem voltar para as religiões e suas organizações para melhor assegurar a realização dos objetivos de desenvolvimento sustentável?” – questionou Dom Auza.Certamente, respondeu ele, pelo reconhecimento das contribuições das religiões e suas organizações para a vida dos indivíduos e das sociedades, em particular, do apoio que prestam àqueles que tentam emancipar-se das várias formas de pobreza extrema.
Luta contra a pobreza
De fato, observou Dom Auza, segundo o Presidente do Banco Mundial, Jim Kim, mesmo com as previsões mais otimistas de crescimento para os próximos 15 anos, o mundo ainda não conseguiu erradicar a pobreza extrema. Dos 14,5% atuais da população mundial extremamente pobre, o número só poderia ser reduzida para 7% até 2030. “Contudo, com a colaboração de organizações baseadas na religião e outras organizações civis, podemos reduzir esse número para 3% em 2030. Em números reais, isso é uma contribuição significativa”, afirmou o Arcebispo.
Bússola moral
Dom Auza disse ainda que as religiões e organizações confessionais, apesar das suas contribuições, não pretendem ser o que não são. Do ponto de vista cristão, não são entidades econômicas ou políticas; não são um Banco Mundial paralelo nem uma Organização das Nações Unidas, nem são idênticas a simples ONGs. A sua  força, disse,  não está nos recursos materiais ou conhecimentos científicos, mas no fato de que são uma força espiritual e uma bússola moral, de capacitar indivíduos e sociedades a reconhecer e respeitar a dignidade inerente a cada pessoa humana.
Ao trabalharem para libertar os povos da pobreza, as religiões e organizações baseadas na fé lutam para resolver as causas estruturais da pobreza, a injustiça e a exclusão, disse o diplomata vaticano, citando o Papa Francisco que nos  exorta a dizer não a um sistema financeiro que governa ao invés de servir, um sistema que produz  desigualdades ao invés de prosperidade partilhada.
(from Vatican Radio)
Fonte: News.VA

“Deus humilha-se para caminhar com seu povo”, disse o papa Francisco

Milhares de peregrinos participaram da celebração do Domingo de Ramos, 29, na Praça de São Pedro. O papa Francisco presidiu missa, que teve início com bênção e procissão dos ramos, recordando a entrada de Jesus em Jerusalém. Em sua homilia, o papa citou trecho da Carta aos Filipenses, que diz “Humilhou-Se a Si mesmo”, destacando a humildade de Deus e o compromisso de cada cristão.
“Um estilo que nunca deixará de nos surpreender e pôr em crise: jamais nos habituaremos a um Deus humilde! Humilhar-se é, antes de mais nada, o estilo de Deus. Deus humilha-se para caminhar com o seu povo, para suportar as suas infidelidades”, disse o papa. Para Francisco, a Semana Santa é o caminho para à Páscoa, momento para viver a estrada da humilhação de Jesus.
“Nestes dias, ouviremos o desprezo dos chefes do seu povo e as suas intrigas para o fazerem cair. Assistiremos à traição de Judas. Veremos o Senhor ser preso, condenado à morte, flagelado e ultrajado. Ouviremos que Pedro, a ‘rocha’ dos discípulos, o negará três vezes. Ouviremos os gritos da multidão, que pedirá a Sua crucificação. E o veremos coroado de espinhos”.
Para o papa, este é o caminho de Deus, o caminho da humildade e que não há outra estrada de Jesus a não ser essa. “Não existe humildade sem humilhação”. Francisco explicou, ainda, que humildade quer dizer serviço, significa dar espaço a Deus despojando-se de si mesmo, esvaziando-se. “Esta é a maior humilhação.”
Doação e amor
Para esta Semana Santa, o papa fez convite para que os cristãos busquem deixar de lado o caminho da vaidade, do orgulho, do sucesso. E, deu exemplo de homens e mulheres que cada dia, no silêncio e escondidos, renunciam a si mesmos para servir um familiar doente, um idoso sozinho ou uma pessoa deficiente.
“Com eles, emboquemos também decididamente esta estrada, com tanto amor por Ele, o nosso Senhor e Salvador. Será o amor a guiar-nos e a dar-nos força e onde Ele estiver, estaremos também nós”, refletiu o papa.
Em saudação aos peregrinos, Francisco dirigiu-se aos jovens, motivando-os para a Jornada Mundial da Juventude, em Cracóvia. “Caros jovens exorto-vos a continuar o vosso caminho seja nas dioceses, seja na peregrinação através dos continentes, que vos levará no próximo ano a Cracóvia, pátria de São João Paulo II, iniciador das Jornadas Mundiais da Juventude”.
Ao final, o papa também rezou pelas famílias das vítimas do desastre aéreo da companhia alemã, recordando de modo particular o grupo de jovens estudantes que nele perdeu a vida.
Com informações e foto do News.va.
 Fonte: CNBB

Páscoa – O Senhor nos convida a servir

Dom Vilson Dias de Oliveira
Bispo de Limeira (SP)

A cada ano, como Igreja somos convocados a reavivar o mistério Pascal em nossas vidas. Mistério pelo qual recompomos nossas forças espirituais, reavivamos nossas expectativas mais íntimas e reafirmamos nosso propósito de cooperar na construção de uma sociedade mais fraterna e acolhedora, onde os princípios evangélicos possam nortear nossas ações nos direcionando a uma verdadeira abertura ao próximo.

Abertura essa, que evidencie a disposição de assumirmos um projeto, não qualquer projeto, mas um projeto que dê sentido pleno a nossa vida, revigore nossas energias para transformação e favoreça nossas relações interpessoais nos encaminhando a uma verdadeira comunhão; que nos é traduzido por Reino de Deus.
Deste modo, o ciclo pascal, nesse tempo quaresmal que acabamos de vivenciar, muito possibilitou essa ação, ao nos trazer a pertinente reflexão da CF deste ano de 2015, Fraternidade: Igreja e Sociedade, com o lema: “Eu vim para servir (cf. Mc 10,45)”. Uma Igreja em constante saída que se coloca à serviço da vida com o intuito de levar a paz por meio de sua ação solidária e participativa. Muito pertinente, pois nos propõe atitudes concretas de um intenso agir missionário em contramão com atitudes de fechamento e intolerância marcam nossa sociedade.
A experiência da Páscoa que a partir de hoje iremos vivenciar com maior intensidade em nossos atos litúrgicos, devem nos levar a uma verdadeira ação regeneradora em nosso modo de pensar, conduzindo-nos a uma postura mais agregadora e serviçal, como mostra em sua vida nosso Mestre e Senhor, Jesus Cristo. Não devemos apenas viver como expectadores de seu projeto o qual, certamente, admiramos, mas que, por ocasiões, podemos não assumimo-lo plenamente como nosso. Devemos sim participar de seu projeto, de seu Reino, celebrado e iniciado nos cultos de nossas inúmeras comunidades, e expandi-lo para as realidades mais necessitadas da Palavra que salva e da ação fraterna que liberta.
Certamente não é fácil em nosso tempo, superarmos esquemas utilitaristas que se convergem em ações mesquinhas e individualistas denotando um ambiente de profunda insegurança, incerteza e fechamento. Num momento de desconfiança e pessimismo, evidenciemos nossa fé a partir de um testemunho concreto da caridade cristã que se acentua no cuidado e comprometimento com aqueles que mais sofrem e são injustiçados.
A alegria pascal vivenciada concretamente em nossas celebrações litúrgicas a cada semana devem nos fazer convergir para um comprometimento verdadeiro, destemido e amoroso em nossas realidades, em uma atitude de constante abertura e saída para além de nós mesmos descobrindo outros campos de missão como nos aponta nosso querido papa Francisco.
Hoje, a partir consagração dos óleos que servirão para ungir um povo caminheiro, fatigado, mas alegre pois é sempre esperançoso na ação divina, reafirmamos nosso compromisso ao Deus que estabelece conosco uma única e eterna Aliança (Cf. Is 61, 8b), trazendo conforto, alívio e determinação para a superação das dificuldades e conflitos nos estimulando a uma prática solidária.
Não nos desencorajamos com as atitudes de intolerância e descredito na bondade humana, que por vezes tem ecos maiores que a mensagem evangélica. Mas, testemunhemos a partir de uma práxis servidora por meio de nossas ações pastorais a alegria de Igreja inquieta por salvaguardar a dignidade reanimando-nos sempre para a missão e seus novos desafios.
Celebrar a Páscoa é assumir a abundância da vida nos dada por Deus, na alegria de expressar nossa fé em comunhão com todos! Participemos com amor e dedicação desses grandes momentos que manifestam a núcleo na nossa fé: Paixão-Morte-Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. Deixemo-nos, na celebração desses sagrados mistérios, nos fecundar pela graça divina para que frutifiquemos nossas comunidades com amor concreto convertido em serviço ao mais necessitado.
Vamos proclamar a alegria da Ressurreição do senhor neste domingo de Páscoa: aclamaremos “Cristo ressurgiu! Não está morto, mas é o Vivente”. Ao chegar este grande dia veremos que Ele é a novidade, e N’Ele tudo se renova, pois eis que Cristo nossa páscoa foi imolado.
Assim, a maior festa de toda a cristandade é a ressurreição de Jesus Cristo, pois se trata de um acontecimento que está no centro da experiência religiosa que Jesus Cristo fez de Deus, é o cume do caminho feito por Ele. Com sua ressurreição os seguidores de Jesus descobrem quem Ele é, qual sua missão e qual é seu futuro.
Que o amor do Cristo ressuscitado esteja nos corações de todos/as. Um abraço fraterno e uma feliz e santa Páscoa a todos vocês!
Fonte: CNBB

Entrar no ritmo pascal

Dom Messias dos Reis Silveira
Bispo de Uruaçu (GO)

Mais uma vez é Semana Santa. O que ela tem de santa? Nada de santa se a nossa vida não se aproximar da vida do Santo Filho de Deus, que morreu e ressuscitou possibilitando a todos saírem de seus túmulos existenciais. Nada de santa se a nossa vida não melhorar. Para algumas pessoas ela será só uma semana como as outras do cotidiano, sem um significado especial, ou será uma semana com feriado prolongado. Mas, quem desejar, perceberá o significado desta semana e procurará viver a mística que dela emana. Nela celebra-se o maior ato de amor de Deus pela humanidade e por tudo o mundo que Ele criou. A humanidade e a natureza a partir do fato central celebrado nesta semana ficou profundamente mergulhada no mistério da redenção. Segue-se uma história dos redimidos pelo amor grande de Deus.

Esta semana merece ser vivida em clima de muita oração, contemplação, esforço de conversão e convivência fraterna. A oração, como disse Paulo VI nos faz respirar na graça. Através dela a leveza de Deus suaviza a vida dos peregrinos. Com esta grande Semana chega-se, para nós, o tempo de rezar contemplando a redenção. Pelo esforço de conversão, o ser humano percebe-se que não está completo. Há um longo caminho a percorrer para todas as pessoas. Como disse Sartre “o ser humano é inacabado, é incompleto do seu nascimento até sua morte”. Pelo esforço de conversão é possível corrigir as deformações pessoais e aquelas que na nossa fragilidade provocamos nos outros e na natureza. Vivendo desta forma pode se dizer que está iniciado, desde já, o processo de convivência fraterna que culminará na eternidade. A vivência entre irmãos que se amam é repleta de ternura. Como é bom os irmãos viverem juntos, numa só fé, com muita esperança e cheios de amor! (Cf Sl 133).
Nesta semana maior da Igreja celebramos o mistério central da nossa fé. Do Domingo de Ramos” até Quinta-feira santa, completamos o grande retiro quaresmal iniciado na Quarta feira de Cinzas e vivido na perspectiva do crescimento cristão. Com a Missa da Ceia do senhor na Quinta-feira à tarde, incia-se o Tríduo pascal da morte e ressurreição do Senhor. O cume de todas as celebrações, desta grande semana, é a Vigília Pascal na noite do Sábado Santo. Esta Vigília se desdobra na alegria do Domingo da Ressurreição e nos cinqüenta dias do Tempo Pascal até o Pentecostes sagrado. Este tempo pascal é considerado como que um único e grande domingo. O ritmo pascal envolve a todos na dança alegre das pessoas que tem um rosto iluminado pela fé na ressurreição.
Vamos viver cheios de esperanças esta semana especial da Igreja com o desejo de revigorar a vida cristã. Vamos entrar na Páscoa com semblantes de ressuscitados. “No Domingo de Páscoa tem-se a oportunidade para o ser humano se deixar ser tocado pelo triunfo de vida sobre a morte. Cristo venceu a morte. Este é um bom dia para se semear uma flor” (Rubem Alves). Espalhe ondas de amor entre as pessoas de seu convívio e de sua fé e tenha uma feliz semeadura das sementes das flores que exalam o perfume da paz. “Somos da paz”
Após a Semana Santa será feliz quem procurar viver em ritmo pascal, ou seja viver uma constante libertação a partir de Jesus. Vivendo assim, o dom da paz vai crescer em nosso meio e se poderá dizer com esperança que “somos da paz”. A paz é um dom do Ressuscitado. Muitas vezes ele se manifestou desejando a paz. Feliz entrada no ritmo pascal.
 Fonte: CNBB

Igreja na sociedade: fraternidade

Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo (SP)

Estamos no final da Campanha da Fraternidade de 2015. O tema – “Fraternidade: Igreja e Sociedade” - serviu para refletir sobre um dos aspectos fundamentais do Concílio Ecumênico Vaticano II, de cuja conclusão estamos lembrando 50 anos.

O Concílio tratou da relação Igreja-mundo. Não se trata de duas instâncias separadas ou antagônicas, nem também redutíveis a uma única realidade: ambas as realidades coexistem e interagem. O “mundo” tem sua autonomia legítima, diz o Concílio e isso significa que as “realidades terrestres” têm sentido e valor por si próprias, e não, apenas, porque a religião lhes dá sentido.
A Igreja reconhece que no mundo da natureza há uma lógica interna, que possui um sentido positivo, conferido por Deus Criador; e o próprio homem, organizando a sua convivência, é também capaz de realizar a boa obra, mesmo sem que isso dependa de um direcionamento religioso. A vida social precisa ser ordenada retamente, não por causa da religião, bem sim, por causa dos valores bem e da justiça, para os quais deve estar ordenada toda a vida e ação humanas.
Qual é, então, a parte da Igreja, inserida no mundo e na sociedade? Ela é testemunha do Evangelho do Reino de Deus e tem uma contribuição importante a dar ao convívio social e a toda atividade humana: apresentando a luz do Evangelho, ela ajuda a sociedade a encontrar mais facilmente os caminhos da retidão, da justiça e da realização da obra boa. Em uma palavra, a Igreja indica a verdadeira fraternidade, como forma de convivência na grande família humana.
Apontando para Jesus Cristo, “caminho, verdade e vida”, ela convida a seguir seus passos; e indica o Reino de Deus como o grande bem para o homem, a partir do qual se julgam toda decisão e ação humanas e todos os valores terrenos. A partir de sua antropologia, ela ajuda a compreender o valor e a dignidade de cada pessoa, que deve estar no centro de toda organização social, política e econômica.
Com a Campanha da Fraternidade, a Igreja no Brasil indica um valor fundamental para o convívio social: a fraternidade, expressão concreta do amor ao próximo. A Igreja ajuda a sociedade a orientar-se pela fraternidade, buscando a justiça, o respeito à pessoa e a solidariedade. Os referenciais para a vida social, econômica e política, propostos pela Igreja, podem ajudar a superar mais facilmente tantos problemas que afligem o convívio social: desonestidade e corrupção, a injustiça e violência, guerras, fome e exclusão social... Tudo isso é contrário à fraternidade e fere profundamente a dignidade humana.
A Igreja não é uma instância concorrente com a sociedade organizada, mas faz parte dela, mesmo não se confundindo com ela. Através de seus membros, que também são cidadãos do mundo, a Igreja se faz presente e atuante em toda parte. Ela age na sociedade e nos diversos níveis das relações sociais, quer através de seus representantes hierárquicos e de iniciativas que lhe são próprias; quer, ainda mais, através da presença de seus filhos em todo o tecido social. É grande o campo de atuação e testemunho cristão dos leigos!
A Campanha da Fraternidade se encerra no Domingo de Ramos; mas os temas por ela postos e suas reflexões, bem como iniciativas suscitadas por ela, continuam ao longo do ano inteiro. Não é demais lembrar que o grande documento do Concílio, que trata das relações Igreja-sociedade, é a Constituição Pastoral Gaudium et Spes, cuja leitura e estudo são muito úteis e recomendados.
No Domingo de Ramos, todos somos chamados a fazer nosso “gesto concreto de solidariedade”, como fruto da nossa penitência quaresmal. As ofertas recolhidas, servirão para apoiar projetos pastorais de caridade social, nas dioceses e, em âmbito nacional, promovidos e apoiados pela CNBB.
Publicado em O São Paulo
Fonte: CNBB

Semana Santa: Via crucis, via lucis

Dom Whashington Cruz
Arcebispo de Goiânia (GO)

Celebrações e tradições religiosas levam os católicos às ruas, da Semana Santa à Páscoa. Os dias da Semana Santa e da celebração da Páscoa são os mais importantes do calendário litúrgico da Igreja Católica e mostram um patrimônio cultural e religioso que se conta entre os mais importantes do nosso país.

Fervor e tradição marcam centenas de procissões, juntando milhares de pessoas em volta do mistério da morte e ressurreição de Cristo. Vias-Sacras e autos da Paixão, as procissões do Senhor Morto e outras manifestações arrastam multidões.
Milhares de figurantes procuram reproduzir, o mais fielmente possível, os últimos momentos de vida de Jesus, relatados nos Evangelhos. O Diretório sobre Piedade Popular e Liturgia, publicado pela Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos em 2002 sublinham que a piedade popular se compraz na devoção a Cristo Crucificado.
Para a Igreja Católica, contudo, esta semana é apenas a porta de entrada na verdadeira festa, a Páscoa, que se celebra Domingo próximo. A Páscoa é a primeira festa cristã em importância e antiguidade. Não admira, pois, que já no Concílio de Niceia no ano 325, haja prescrições sobre o prazo dentro do qual se pode celebrar a Páscoa, conforme os cálculos astronômicos (primeiro Domingo depois da lua cheia que se segue ao equinócio da primavera): de 22 de março a 25 de abril. Ainda que sem a visibilidade das celebrações que a precederam, em muitos casos, a Páscoa encontra na piedade popular várias expressões que ajudam a traduzir o sentimento religioso, agora mais centrado numa vertente gloriosa. O Diretório sobre Piedade Popular e Liturgia passa em revista algumas dessas práticas de piedade, antigas e mais recentes: o encontro do Ressuscitado com a Mãe (n. 149); a bênção da refeição familiar (n. 150); a saudação pascal à Mãe do Ressuscitado (n. 151); a bênção anual das famílias em suas casas (n. 152); a “Via lucis” (n. 153); a devoção à divina misericórdia (n. 154); e a novena de Pentecostes (n. 155). Todas essas expressões cultuais “exaltam a condição nova e a glória de Cristo ressuscitado, assim como a força divina que jorra da sua vitória sobre o pecado e sobre a morte” (n. 148).
No Domingo de Páscoa, em muitos lugares, e em alguns locais nos dias seguintes, o sacerdote acompanhado por mais algumas pessoas, transporta o crucifixo e leva à casa dos paroquianos a “boa nova” e a “bênção pascal”. As pessoas da família, amigos e vizinhos reúnem-se e ajoelham na sala principal, onde o padre lhes dá a cruz a beijar. Particularmente relevante no tempo pascal é a vivência da alegria como cristão.
Fonte: CNBB