segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Aprender a ouvir Deus

Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo (SP)

No Brasil, setembro é o mês da Bíblia. Há algumas décadas, este “mês temático” era ocasião para uma intensa animação bíblica nas comunidades: divulgação da Bíblia, cursos introdutórios à sua leitura compreensão, atividades com crianças e jovens para promover o amor à Palavra de Deus...

Tenho a impressão que esse entusiasmo anda em baixa contido atualmente. Será por não se perceber da mesma forma a importância da Bíblia para a Igreja? Em todo caso, não é isso que a Igreja entende. Tivemos em 2008 uma assembléia do Sínodo dos Bispos sobre “a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja”, depois da qual o papa Bento XVI fez a extraordinária Exortação Apostólica Verbum Domini (“A Palavra do Senhor”). Vale a pena retomá-la e absorver melhor a riqueza de suas orientações.
Em novembro de 2013, o papa Francisco entregou à Igreja a Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (“A Alegria do Evangelho”), na qual trata da alegria despertada em nós pelo encontro com Cristo e com Deus, sobretudo através da Sagrada Palavra. Essa alegria leva a partilhar com os outros a experiência realizada.
Sem a referência constante à Palavra de Deus, anunciada, acolhida, crida e vivida como uma experiência pessoal de encontro com Deus na Igreja, perdemos a nossa referência religiosa principal, que é a acolhida do dom de Deus e da salvação em Cristo Jesus; a Igreja precisa evitar sempre a tentação de ser referência última para si mesma: ela é discípula e servidora da Palavra de Deus e testemunha do amor de Deus “derramado em nossos corações”...
Falamos da necessidade de uma boa “iniciação à vida cristã”: penso que tenhamos aqui uma questão fundamental para a iniciação à vida cristã. Nossa fé - e se quisermos, nossa “religião” – tem seu fundamento e sua referência última na Palavra de Deus, e não em nós mesmos, nem em projetos humanos. Nossa fé é resposta à Palavra de Deus, que se manifestou e falou; é resposta a Deus, em última análise.
Daí a importância do primeiro anúncio, ou querigma, bem feito, para se confrontar com essa realidade. Se conseguirmos ajudar as pessoas a se colocarem em atitude de escuta atenta da Palavra de Deus, como sendo o próprio Deus que interpela e fala, então teremos conseguido algo importante. A resposta de fé será também resposta pessoal a um Deus pessoal, e não a uma verdade abstrata.
Após o querigma vem a iniciação à escuta e à acolhida constante da Palavra de Deus. Ninguém nasce conhecendo a Bíblia, nem seus métodos de leitura, nem a fé que a Igreja nutre em relação à Palavra de Deus. Tudo isso precisa ser apreendido com métodos adequados. É preciso haver uma iniciação à leitura bíblica, aos métodos de compreensão e acolhida de Palavra, à resposta que deve ser dada à Palavra.
Isso pode acontecer em qualquer momento e período da vida; mas na comunidade católica é importante que as crianças já sejam iniciadas à escuta e acolhida da Palavra de Deus. Elas aprendem a se colocar diante do “mistério da Palavra” e a se familiarizar com ela; da mesma forma, os adolescentes, jovens e também os adultos, que ainda não foram iniciados nessa prática.
Desnecessário é dizer que não se trata apenas de um exercício intelectual: muito mais que isso, trata-se de uma experiência de encontro pessoal, de uma “mistagogia” e de um exercício de fé orante.
Ao “ler a Palavra”, é preciso ter presente sempre que há um “tu” que fala através dela e da linguagem humana usada. Quem lê ou escuta, coloca-se diante de Deus que fala através da linguagem humana: “fala, Senhor, teu servo escuta”; e aprende a dar sua resposta, não ao leitor ou narrador da Palavra, mas a Deus que fala: Creio, Senhor! Glória a vós, Senhor!
Fonte: CNBB

A Semana do Papa – uma síntese das principais atividades de 22 a 28 de setembro

2014-09-29 Rádio Vaticana

Dia 23
A vida cristã é "simples": ouvir a Palavra de Deus e colocá-la em prática – esta a mensagem clara do Papa Francisco na Missa celebrada na capela da Casa Santa Marta nesta terça-feira, dia 23 de setembro.Não basta "ler" o Evangelho – afirmou o Santo Padre – mas é necessário perguntarmo-nos de que forma é que a Palavra de Deus fala nas nossas vidas.
"Mas Jesus continuava a falar com as pessoas e amava as pessoas e amava a multidão, a tal ponto que diz ‘estes que me seguem, aquela imensa multidão, são a minha mãe e os meus irmãos… são estes'. E explica: "aqueles que escutam a Palavra de Deus, colocam-na em prática". Estas são as duas condições para seguir Jesus: ouvir a Palavra de Deus e colocá-la em prática. Esta é a vida cristã, nada mais. Simples, fácil. Talvez nós fizemo-la um pouco difícil, com muitas explicações que ninguém entende, mas a vida cristã é isto: Escutar a Palavra de Deus e praticá-la."
Foi publicada na terça-feira, dia 23, a Mensagem do Papa Francisco para o próximo Dia Mundial dos Migrantes e Refugiados a ter lugar no dia 18 de Janeiro de 2015. O tema é “Igreja sem fronteiras, mãe de todos” . Um tema assente na passagem do Evangelho que diz: “… era peregrino e acolheste-me” e que recorda que a Igreja tem por missão amar Jesus Cristo, particularmente nos mais pobres e abandonados, acolhendo a todos sem distinção nem fronteiras, para anunciar que Deus é amor. E nesta ótica “ninguém deve ser considerado inútil, intruso ou descartável” – reafirma com vigor o Santo Padre nesta sua mensagem.

Dia 24O Papa Francisco na audiência geral desta quarta-feira dirigiu-se aos milhares de fieis presentes na Praça de S. Pedro falando-lhes sobre a Viagem Apostólica à Albânia realizada no passado domingo dia 21 de setembro. Com esta visita ao povo albanês o Santo Padre quis mostrar a solidariedade do Sucessor de Pedro para com um País que, após passar muito anos sob a opressão de um regime ateu e desumano, está a viver agora uma experiência de convivência pacífica entre as religiões.

“Por isso no centro da Viagem esteve um encontro inter-religioso onde pude constatar, com viva satisfação, que a pacífica e frutuosa convivência entre pessoas e comunidades pertencentes a religiões diferentes é não só desejável, mas concretamente possível e praticável.”

Segundo o Papa Francisco foi visível no encontro inter-religioso que é possível e praticável estabelecer um diálogo frutuoso entre as religiões, sem que isso signifique dar espaço ao relativismo ou ao menosprezo da identidade de cada um. O Santo Padre recordou os testemunhos de martírio que conheceu na Albânia:
“Graças à presença de alguns idosos, que viveram na sua carne as terríveis perseguições, ressoou a fé de tantos heroicos testemunhos do passado, os quais seguiram Cristo até às extremas consequências.”

O Papa Francisco, terminou a catequese afirmando a mensagem de fé em Jesus Cristo que viu e testemunhou na Albânia:
“Esta mensagem de esperança, fundada na fé em Cristo e sobre a memória do passado, confiei-a à inteira população albanesa que vi entusiasta e alegre nos lugares dos encontros e das celebrações, como também pelas estradas de Tirana. Encorajei todos a atingirem energias sempre novas do Senhor Ressuscitado, para poder ser fermento evangélico na sociedade e empenharem-se, como já acontece, em atividades caritativas e educativas.”

No final da audiência geral o Santo Padre lançou uma mensagem especial de conforto e proximidade para as vítimas do virus ébola:

“O meu pensamento vai agora para aqueles países que estão a sofrer com a epidemia de Ébola. Estou próximo a tantas pessoas atingidas por esta terrível doença. Convido-vos a rezar por eles e por todos os que perderam tragicamente a vida. Desejo que não falte a necessária ajuda da Comunidade Internacional para aliviar os sofrimentos destes nossos irmãos e irmãs.”

Dia 25
Não nos deixemos levar pela vaidade que nos afasta da verdade e nos faz assemelhar a uma bola de sabão – disse o Papa na homilia da missa de quinta-feira, dia 25 na Casa de Santa Marta.
Deixando-se inspirar pela primeira leitura do dia, tirada do Livro de Qoelet, o Papa deteve-se sobre a questão da vaidade – uma tentação não só para os pagãos, mas também para os cristãos, para pessoas de fé – afirmou, recordando que Jesus repreendia sempre aqueles que se vangloriavam, e recomendava a não exibição de vestes luxuosas e a reza só para mostrar aos outros. O mesmo frisou o Papa deve ser feito quando se ajudam os pobres: “Não mandar tocar a tromba, fazei-lo às escondidas. O Pai vê, é suficiente”:
“Quantos cristãos vivem só para a aparência. A vida deles parece uma bola de sabão. É bela a bola de sabão. Muitas cores, eh! Mas dura um segundo, e depois? Também quando olhamos para alguns monumentos fúnebres, achamos que é vaidade, porque a verdade é voltar para a terra nua, como dizia o Servo de Deus Paulo VI. Espera-nos a terra nua, esta é a nossa verdade final. Entretanto vanglorio-me ou faço alguma coisa? Faço o bem? Procuro o bem? Procuro Deus? Rezo? As coisas consistentes? A vaidade é mentirosa, é fantasiosa, engana a si mesma.”
A vaidade – prosseguiu o Papa - semeia uma má inquietude, tira a paz. A vaidade não nos traz a paz, somente a verdade nos dá a paz. Jesus é a única rocha em que podemos edificar a nossa vida. Ele foi tentado pelo Diabo a assumir atitudes de vaidade, mas não cedeu – deixou entender o Papa, definindo a vaidade “uma doença espiritual grave” contra a qual temos de lutar sempre:
Peçamos ao Senhor a graça de não ser vaidosos, de ser verdadeiros, com a verdade da realidade e do Evangelho.”

Dia 26“Contemplar”, “sair”, “fazer escola” – os três pontos fundamentais indicados pelo Papa Francisco ao Movimento dos Focolares, recebendo na manhã de sexta-feira, dia 26, os participantes na respetiva Assembleia geral, que confirmou a sucessora de Chiara Lubich, Maria Voce como Presidente.
A cinquenta anos do Concílio Vaticano II, a Igreja está chamada a percorrer uma nova etapa da evangelização, testemunhando o amor de Deus por cada pessoa, a começar pelos mais pobres e excluídos, e para fazer crescer – com a esperança, a fraternidade e a alegria – o caminho da humanidade em direção à unidade.
O Papa evocou “o carisma da unidade que o Pai quer dar à Igreja e ao mundo” como uma característica central da Obra de Maria – conhecida como Movimento dos Focolares – tendo palavras de “afeto e reconhecimento” em relação à fundadora, Chiara Lubich, “extraordinária testemunha deste dom” – disse. Convidando os “Focolares” a colaborar no esforço que hoje se pede à Igreja – de oferecer “com responsabilidade e criatividade” o próprio contributo para a evangelização, Papa Francisco apontou nesse sentido três palavras chave: contemplar, sair, fazer escola.
Dia 27
“Remai e sede fortes mesmo com o vento contrário. Remai e rezai, esperando sempre no Senhor” – esta a principal mensagem do Papa Francisco na Igreja de Jesus na tarde deste sábado, dia 27 de setembro, em Roma, numa celebração de Vésperas e TeDeum por ocasião do bicentenário da restauração da Companhia de Jesus.
“...remem, portanto! Remem, sejam fortes, mesmo com o vento contrário! Rememos ao serviço da Igreja. Rememos juntos! Mas enquanto remamos – também o Papa rema na barca de Pedro – devemos rezar tanto: “Senhor, salva-nos!”, “Senhor, salva o teu povo!”. O Senhor, mesmo se somos homens de pouca fé nos salvará. Esperemos no Senhor! Esperemos sempre no Senhor!"

Dia 28No domingo dia 28 o Papa Francisco agradeceu a presença do Papa Emérito Bento XVI na Praça de S. Pedro no Encontro com os avós.
No seu discurso, o Santo Padre recordou que "a velhice é um tempo de graça na qual o Senhor nos renova a sua chamada: chama-nos a cuidar e a transmitir a fé, a rezar e sobretudo a interceder. Chama-nos a estar próximos dos que precisam. Mas os idosos, os avós, têm uma capacidade para compreender as situações mais difíceis e quando rezam por estas situações, a sua oração é forte, é potente"."Por conseguinte, salientou ainda o Papa, cabe aos avós que tiveram a graça de poder conhecer e ver os seus netos, a tarefa de transmitir a experiência da vida, a história da família, da comunidade, de um povo, partilhar com simplicidade essa sabedoria e a mesma fé como uma herança preciosa."
Na Missa celebrada pelo Papa Francisco depois do encontro-diálogo com os idosos o Santo Padre comentando o Evangelho do dia referiu-se ao encontro entre Maria e a já idosa prima Isabel, ressaltando que não há futuro "sem esse encontro entre as gerações, sem que os filhos recebam com reconhecimento o bastão da vida das mãos dos pais".
No Angelus deste domingo a propósito da Assembleia Sinodal que se inicia no próximo dia 5, subordinada ao tema da família, o Papa convidou todos a rezarem pelo Sínodo dos Bispos confiando esta intenção à intercessão de Nossa Senhora.

E com o Angelus deste domingo terminamos esta síntese das principais atividades do Santo Padre que foram notícia de 22 a 28 de setembro. Esta rubrica regressa na próxima semana sempre aqui na RV em língua portuguesa. (RS)


Fonte: News.VA 

Vaticano doa 100 mil euros à Fundação Auschwitz-Birkenau

2014-09-29 Rádio Vaticana
 Varsóvia (RV) – O Papa Francisco doou 100 mil euros para a Fundação Auschwitz-Birkenau, que administra o Museu do maior campo de concentração nazista, localizado em Oswiecim, sul da Polônia. Foi o que informou nesta segunda-feira, 29, um comunicado do Presidente da Fundação e Diretor do Museu, Piotr Cywinski.
“A soma não é grande, pois as nossas possibilidades são limitadas, mas com ela queremos expressar o nosso pleno apoio ao projeto realizado pela Fundação”, escreveu o Cardeal Secretário de Estado, Pietro Parolin, na mensagem que acompanha a doação.
O Vaticano é o 31º país a contribuir com o “fundo perpétuo” de 120 milhões de euros fixado pela Fundação Auschwitz-Birkenau, para resolver o problema dos custos de manutenção do Museu.
Auschwitz-Birkenau, símbolo do Holocausto, foi o maior campo de extermínio nazista. Entre 1940 e 1945, mais de 1,1 milhão de prisioneiros perderam a vida, a maior parte judeus. (JE2) Fonte: News.VA

Homilia do Papa em Santa Marta 29 de Setembro - Anjos ou demónios

2014-09-29 L’Osservatore Romano
A luta contra os planos astutos de destruição e desumanização levada a cabo pelo demônio – que «apresenta as coisas como se fossem boas» inventando até «explicações humanistas» - é «uma realidade quotidiana». E se nos pomos de lado, «seremos derrotados». Mas temos a certeza de que não estamos sozinhos nesta luta, porque o Senhor confiou aos arcanjos a tarefa de defender o homem. Foi precisamente o papel de Miguel, Gabriel e Rafael que o Papa Francisco recordou na missa celebrada na segunda-feira 29 de Setembro, dia em que eles são recordados, na capela da Casa de Santa Marta.
O Pontífice realçou imediatamente que «as duas leituras que escutámos - tanto a do profeta Daniel (7, 9-10.13-14) quanto a do Evangelho de João (1, 47-51) – nos falam de glória: a glória do céu, a corte do céu, a adoração no céu». Portanto, explicou, «há a glória» e «no centro desta glória há Jesus Cristo». Com efeito, afirma Daniel: «Olhando sempre a visão nocturna, vi um ser, semelhante ao filho do homem. A ele foram dados império, glória e realeza, e todos os povos, todas as nações e os povos de todas as línguas serviram-no». Eis portanto, disse Francisco, «Jesus Cristo, diante do Pai, na glória do céu».
Uma realidade que a liturgia relança também no Evangelho. Assim, prosseguiu o Papa, «a Natanael que se surpreendia, Jesus diz: Mas, verás cosias maiores. Verás o céu aberto e os anjos de Deus subir e descer sobre o Filho do homem». E «evoca a imagem da escada de Jacob: Jesus está no centro da glória, Jesus é a glória do Pai». Uma glória que, esclareceu o bispo de Roma, «é promessa em Daniel, é promessa em Jesus. Mas é também promessa feita na eternidade».
Em seguida, o Pontífice fez referência a «outra leitura» tirada do Apocalipse (12, 7-12). Também naquele texto, especificou, «fala-se sobre a glória, mas como luta». De facto, lê-se: «Desencadeou-se uma guerra no céu: Miguel e os seus anjos combatiam contra o dragão. O dragão combatia junto com os seus anjos, mas não prevaleceu e já não houve lugar para eles no céu. E o grande dragão, a antiga serpente, aquele que é chamado diabo e Satanás, e que seduz toda a terra habitada, foi precipitado na terra e com ele também os seus anjos».
É «a luta entre o demônio e Deus», explicou. Mas «esta verifica-se depois de Satanás ter procurado destruir a mulher que está a dar à luz o filho». Porque, afirmou o Papa, «Satanás procura sempre destruir o homem: aquele homem que Daniel via ali, na glória, e que Jesus dizia a Natanael que teria vindo em glória». E «desde o início a Bíblia fala-nos desta sedução para destruir de Satanás. Talvez por inveja». E a este propósito Francisco, referindo-se ao Salmo 8, sublinhou que «aquela inteligência tão grande do anjo não podia carregar nos ombros esta humilhação, que uma criatura inferior fosse superior; e procurava destruí-lo».
«A tarefa do povo de Deus – explicou o Pontífice – é custodiar em si o homem: o homem Jesus. Custodiá-lo, porque é o homem que dá a vida a todos os homens, a toda a humanidade». E, por sua vez, «os anjos lutam para que vença o homem». Assim «o homem, o Filho de Deus, Jesus e o homem, a humanidade, todos nós, luta contra todas estas coisas que Satanás faz para o destruir».
Com efeito, afirmou Francisco, «muitos projectos, excepto os próprios pecados, mas numerosos projectos de desumanização do homem são obra dele, simplesmente porque odeia o homem». Satanás «é astuto: está escrito na primeira página do Génesis. Apresenta as coisas como se fossem boas. Mas a sua intenção é destruir».
Diante desta obra de Satanás «os anjos defendem-nos: defendem o homem e defendem o homem-Deus, o homem superior, Jesus Cristo, que é a perfeição da humanidade, o mais perfeito». É por esta razão que «a Igreja honra os anjos, porque são aqueles que estarão na glória de Deus – estão na glória de Deus – porque defendem o grande mistério escondido de Deus, ou seja, que o Verbo veio em carne». É precisamente «isto que querem destruir; e quando não podem destruir a pessoa de Jesus procuram destruir o seu povo; e quando não podem destruir o povo de Deus, inventam explicações humanistas que vão propriamente contra o homem, contra a humanidade e contra Deus».
Eis por que, disse o Papa, «a luta é uma realidade quotidiana na vida cristã, no nosso coração, na nossa vida, na nossa família, no nosso povo, nas nossas igrejas». A ponto que «se não lutarmos, seremos derrotados». Mas «o Senhor deu principalmente aos anjos esta tarefa de lutar e vencer».
E também por isso, acrescentou, «o canto final do Apocalipse, depois desta luta, é muito bonito: «Agora se cumpriu a salvação, a força e o Reino de nosso Deus e o poder do seu Cristo, porque foi precipitado o acusador dos nossos irmãos, aquele que os acusava diante do nosso Deus dia e noite». O objectivo era portanto a destruição e, por conseguinte, no Apocalipse está presente este «canto de vitória».
Recordando a festa dos arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael, o Papa reafirmou que este é, com certeza, um dia particularmente adequado para se dirigir a eles. E também «para recitar aquela oração antiga mas muito bonita ao arcanjo Miguel, a fim de que continue a lutar para defender o mistério maior da humanidade: que o Verbo se fez homem, morreu e ressuscitou». Porque «este é o nosso tesouro». E ao arcanjo Miguel, concluiu Francisco, pedimos que continue «a lutar para o custodiar».
Fonte: News.VA

Card. Baldisseri exorta profissionais da Rádio Vaticano a viverem nos caminhos digitais do mundo atual

2014-09-29 Rádio Vaticana
 Cidade do Vaticano (RV) - A comunicação social é um "bem de primeira importância para a Igreja", que deve ser promovido e tutelado. Foi o que afirmou o secretário-geral do Sínodo dos Bispos, Cardeal Lorenzo Baldisseri, ao presidir a missa na sede da Rádio Vaticano, nesta segunda-feira, 29 de setembro, por ocasião da festa de São Gabriel Arcanjo, padroeiro da nossa emissora.
Ide e vivei "nos caminhos digitais" do mundo contemporâneo. E sede com anjos, cuja missão sempre e, em todo caso, é anunciar a mensagem de Deus. Na homilia da missa, celebrada na Capela da Anunciação da nossa emissora, o purpurado fez questão de recordar o valor particular da qual se reveste a profissão de comunicar se esta é exercida na Rádio do Papa.
Informar e anunciar o Evangelho são, neste caso, duas faces da mesma profissão, ou seja, um surplus em relação ao dever profissional de jornalistas e agentes de outros meios de comunicação, os quais, recebendo-os logo após sua eleição, o Papa Francisco convidou a servir, em seu trabalho, a três altos valores:
"O vosso trabalho necessita de estudo, de sensibilidade, de experiência como tantas outras profissões, mas comporta uma atenção particular em relação à verdade, bondade e beleza. E isso nos torna particularmente próximos, porque a Igreja existe para comunicar justamente isto, a verdade, a bondade e a beleza, em pessoa: Cristo. Deveria ser claro – diz o Papa – que todos somos chamados, não a comunicar nós mesmos, mas esta tríade existencial, que configuram verdade, bondade e beleza. Essas são as palavras do Papa."
Para a Igreja – "comunicadora na história" da mensagem de Cristo, por sua vez "perfeito comunicador do Pai" –, trata-se de explorar aquela "nova cultura que, antes de nascer dos conteúdos, nasce do próprio fato que existam novos modos de comunicar, com novas linguagens, novas técnicas, novas atitudes psicológicas", disse o Cardeal Baldisseri citando aRedemptoris Missio:
"A possibilidade de comunicar de modo novo e difuso é um bem de toda a humanidade, e como tal deve ser promovida e tutelada. Quanto mais potente são os meios de comunicação, mais forte deve ser também a consciência ética de quem atua neles e de quem deles usufrui. Portanto, é necessário que a comunicação social permaneça e se desenvolva no quadro dos bens de primeira importância para o futuro da humanidade e da Igreja."
Tendo iniciado a homilia agradecendo à Rádio Vaticano por seu serviço e fazendo votos de um trabalho de comunicação baseado "na verdade", "no respeito pela liberdade e pela justiça", o secretário-geral do Sínodo concluiu sua reflexão com uma última exortação, ao mesmo tempo, concreta e espiritual:
"Ao término desta celebração acolhamos o convite a partir e a viver pelos caminhos digitais de nosso mundo contemporâneo, no signo da verdade e do amor, para fazer de Cristo o coração do mundo."
Como em todos os anos nesta ocasião, após a Eucaristia, a direção da emissora conferiu algumas honorificências a colegas que se notabilizaram no serviço prestado à Rádio Vaticano.
Este ano foram condecorados a Irmã Lidia Korotkova, do "Programa Ucraniano", a serviço desde 1981, de quem o diretor de Programas, Pe. Andrea Koprowski, destacou a dedicação em suas atividades e a quem expressou solidariedade neste período difícil para seu país.
Giuseppe Fantucci, responsável pelo setor antenas no Parque de Transmissão de Santa Maria de Galeria, de quem foi ressaltada, em particular, a disponibilidade em seu trabalho.
E o colega Silvonei José, na emissora desde 1990, de quem foi evidenciada, sobretudo, o empenho em estreitar relações com a nossa Conferência episcopal e as emissoras locais. (RL)

Fonte: News.VA

Leigos Missionários Além-fronteiras realizam Encontro Nacional

Por Assessoria de Imprensa   Fonte: POM
29 / Set / 2014 09:07
Nos últimos anos vem crescendo o número de leigos e leigas que desejam partir para a missão além-fronteiras, onde pretendem viver sua vocação missionária. Com a finalidade de articular e organizar essa “saída”, a comissão para a Ação Missionária e Cooperação Intereclesial da CNBB promoveu neste final de semana, dias 26 a 28, o 1º Encontro Nacional de Leigos (as) para a “Missão além-fronteiras”.
O evento, realizado em parceria com as Pontifícias Obras Missionárias (POM) e as comissões para a Juventude e o Laicato da CNBB, reuniu em Brasília (DF), cerca de 40 pessoas de todo o Brasil. No grupo estavam pessoas que já fizeram experiências missionárias fora do país, outras que sonham em partir pela primeira vez e buscam realizar esse desejo.
Para refletir sobre a missão ad gentes, tema central da formação, o grupo contou com a assessoria dos padres Camilo Pauletti, diretor nacional das POM e Jaime Carlos Patias, IMC, secretário nacional da Pontifícia União Missionária. “A missão é de Deus na qual a Igreja é chamada a participar”, explicou padre Jaime ao resgatar o pensamento do Concílio Vaticano II sobre o termo. Segundo ele, o termo “missão” vem sendo utilizado para todas as ações da Igreja e vê a necessidade de esclarecer. O panorama eclesial atual exige o compromisso missionário em três âmbitos. “Temos a missão como ação junto à comunidade dos cristãos (em casa), na pastoral e na animação missionária das Igrejas locais; a missão voltada à sociedade, particularmente nas situações mais desafiadoras (fora de casa) onde caberia o conceito de Nova Evangelização; e a missão aos povos, ou seja, a missão ad gentes(na casa dos outros). Este último deveria ser o âmbito específico dos que desejam entrar no ambiente de outros povose culturas”.
Além de partilhar aspectos de seu trabalho em Moçambique, padre Jaime destacou algumas atitudes fundamentais para a missão vivida em outros ambientes culturais. “Proximidade, testemunho, diálogo, compaixão e respeito. Não se trata de transplantar um modelo de Igreja, mas do diálogo respeitoso”. Por fim, ressaltou que “Missão é fidelidade e entrega até o martírio que começa quando damos nosso sim, a exemplo de Jesus que se doou totalmente”.
Padre Camilo, por sua vez, sublinhou alguns elementos importantes para o anúncio do Evangelho. A primeira coisa é “conceber a vida como dom de Deus. Essa percepção inevitavelmente nos leva a uma missão em favor da vida”, afirmou. Além disso, é preciso “estar e viver com os pobres, saber confiar e se deixar guiar pelo Espírito Santo e ter os mesmo sentimentos e opções de Jesus: ternura, compaixão e solidariedade”.
Ao encarar a missão além-fronteiras devemos “agir com gratuidade, ou seja, não realizar ações com interesses próprios. Não precisamos disso por que Jesus garante: “Vossos nomes estão escritos no céu”, complementou padre Camilo que é da diocese de Caxias (RS) e já trabalhou como missionário em Rondônia, na Ilha do Marajó (PR), em Roraima e em Moçambique na África.
Padre Camilo sublinhou ainda, a necessidade da santidade de vida. “Ser santo é dar testemunho e exemplo de vida”. Em sua opinião, “Missão exige despojamento e humildade, estilo de vida simples, pobre, sem muitas bagagens. A missão dá nova esperança e alegria, cura de verdade, transforma vidas”. Ele salientou também que “a missão é de Deus e por isso, não somos os donos. No despojamento vivemos o amor de Deus e experimentamos Cristo no outro”, finalizou.
Na avaliação da assessora da Comissão para a Ação Missionária, Irmã Dirce Gomes, a reunião “vem ao encontro das expectativas da Igreja no Brasil e também dos jovens, dos leigos que querem viver a sua vocação missionária a partir do batismo”. Segundo a religiosa, o encontro superou as expectativas. “Na partilha, a palavra mais forte foi ‘esperança’ de que esse processo não pare, mas que continue junto à CNBB, às POM, aos Conselhos Missionários Regionais e diocesanos. Nós queremos colocar de fato a Igreja no Brasil em estado permanente de missão impulsionando os nossos jovens para a Missão além-fronteiras”, complementou.
Para dar continuidade ao processo surgiu a proposta de se criar uma Associação de Leigos para a Missão Além-fronteiras. O próximo encontro foi marcado para o mês de setembro de 2015, em São Paulo (SP).

Palavras de vida eterna

Dom Murilo S.R. Krieger
Arcebispo de São Salvador da Bahia (BA) e Primaz do Brasil

A Igreja Católica designou setembro o Mês da Bíblia. Em seu último domingo, celebra-se o Dia Nacional da Bíblia. Outras Igrejas dedicam uma outra data para destacar o valor dela. A razão da escolha do mês de setembro para ressaltar a importância desse livro sagrado se deve a que, no último dia deste mês (30), celebra-se a memória de S. Jerônimo († 420), que a traduziu dos originais hebraico, aramaico e grego para o latim, língua então falada pelo povo.

Nós, cristãos, valorizamos o fato de adorarmos um Deus que, na sua bondade e sabedoria, revelou-se a si mesmo e manifestou o mistério de sua vontade. Por causa de seu imenso amor, Ele nos fala como a amigos, convidando-nos a estar com ele em seu convívio. Em seu Filho Jesus Cristo, Deus nos revela a verdade profunda a seu respeito e a respeito de nossa salvação. Entende-se, pois, a observação do apóstolo Pedro: “Nascestes de novo, não de uma semente corruptível, mas incorruptível, mediante a Palavra do Senhor, viva e permanente” (1Pe 1,23).
Fruto de um Sínodo sobre a Palavra de Deus (2008), o Papa emérito Bento XVI presenteou a Igreja com uma Exortação Apostólica (“Verbum Domini”: Palavra do Senhor), que destaca o fato de Deus ter pronunciado sua Palavra eterna de modo humano. Essa Exortação é um convite para (1) redescobrirmos a Palavra de Deus, fonte de constante renovação eclesial – renovação que supõe escuta, meditação e conversão de coração; (2) promovermos a animação bíblica da pastoral, a fim de que a Palavra de Deus seja sempre mais o coração de toda atividade pastoral; (3) sermos testemunhas da Palavra, comunicando a todos a alegria que nasce do encontro com a Pessoa de Cristo; (4) empreendermos uma nova evangelização, na certeza da eficácia da Palavra divina; (5) favorecermos o diálogo ecumênico, convictos de que “escutar e meditar juntos as Escrituras nos faz viver uma comunhão real, ainda que não ainda plena”; e, finalmente, (6) amarmos a Palavra de Deus, deixando-nos guiar pelo Espírito Santo.
É uma graça especial poder escutar Deus que nos fala e mantém um diálogo conosco. Consola-nos saber que, nesse diálogo, a iniciativa é dele (“Ele nos amou primeiro”: S. João). À sua iniciativa, respondemos com fé, utilizando-nos, se possível, de palavras que Ele próprio nos revelou – por exemplo: os Salmos.
Descobre-se cada vez mais a importância da “Leitura orante da Bíblia” (“Lectio divina”), isto é: a leitura da Sagrada Escritura acompanhada de oração. Santo Agostinho expressava essa leitura assim: “A tua oração é a tua palavra dirigida a Deus. Quando lês a Sagrada Escritura, é Deus que te fala; quando rezas, és tu que falas a Deus”. Segundo Orígines, um dos mestres nesse tipo de leitura bíblica, para uma leitura orante é necessário não só que conheçamos a Bíblia, mas que tenhamos uma profunda intimidade com Cristo.
Recebemos uma graça especial de Deus: poder escutá-lo. Cabe-nos anunciar sua Palavra no mundo em que vivemos, lembrados de que a credibilidade desse anúncio depende da coerência de nossa vida com os ensinamentos dessa Palavra. O Papa Paulo VI, que será beatificado no próximo dia 19 de outubro, lembrava que “o mundo reclama evangelizadores que lhe falem de um Deus que eles conheçam e lhes seja familiar como se eles vissem o invisível” (EN, 76).
Na Arquidiocese de São Salvador da Bahia, como nas demais Dioceses, nosso amor à Palavra de Deus tem-se manifestado na multiplicação de Círculos Bíblicos, dos quais participam famílias, amigos e vizinhos. Reunindo-se regularmente, todos leem a Bíblia e refletem sobre o que leram. Dessa leitura e reflexão nascem, espontaneamente, orações e gestos concretos em favor dos que precisam de uma atenção especial daquele grupo.
“Quem acende uma vela é o primeiro a ser iluminado por ela”, ensina a sabedoria chinesa. Familiarizando-nos com as Sagradas Escrituras, nós mesmos acabamos fazendo uma profunda experiência da verdadeira alegria – aquela alegria que nasce da certeza de que somente o Senhor tem palavras de vida eterna.

 Fonte: CNBB