segunda-feira, 7 de março de 2016

Papa deixa Vaticano para Exercícios Espirituais de Quaresma

2016-03-06 Rádio Vaticana

Cidade do Vaticano (RV) – Têm início na tarde deste domingo (06/03) na Casa do Divino Mestre, na cidade de Ariccia, (nas proximidades de Roma) os Exercícios Espirituais da Quaresma para o Papa e a Cúria Romana.
A guiar as meditações será o Padre Ermes Ronchi, sacerdote da região italiana de Friuli-Venezia-Giulia, da Ordem dos Servos de Maria. Cerca de sessenta membros da Cúria Romana, entre responsáveis de dicastérios, bispos e cardeais, refletirão sobre as “Perguntas abertas do Evangelho”, eixo central das meditações.
Francisco e os participantes partem do Vaticano de ônibus às 16 horas (12h de Brasília). O início dos Exercícios Espirituais será no final da tarde, com a Adoração Eucarística. O retorno ao Vaticano está previsto para sexta-feira (11/03). Até lá, todas as audiências e atividades de trabalho do Pontífice estão suspensas.
Concluindo o seu encontro com os fiéis para a oração do Angelus, na Praça São Pedro, o Papa pediu a todos que rezassem pelo bom andamento dos Exercícios. 
(CM)
(from Vatican Radio)

"Fraternidade e autenticidade" em encontro ecumênico

2016-03-06 Rádio Vaticana

Cidade do Vaticano (RV) – “Fraternidade e autenticidade, no estilo do Papa Francisco” marcaram o encontro de sábado (05/03) entre o Pontífice e a delegação da União das Igrejas Metodistas e Valdenses, de orientação protestante. A declaração é do Pastor Eugenio Bernardini, moderador da ‘Tavola Valdense’, principal órgão executivo da confissão, depois da visita ao Vaticano, a primeira da História.   
Colaboração
Emergiram no encontro duas áreas de colaboração possível: a primeira é a missão da Igreja, num mundo cada vez mais secularizado e distante do Evangelho: uma missão que se deve caracterizar por uma linguagem nova, sem proselitismo, mas no espírito do livre testemunho de Cristo. Em segundo lugar, uma cooperação no serviço ao mundo e à sociedade; o que chamamos ‘diaconia’ e que o Papa frisa sempre: o serviço aos últimos. “Falamos também sobre a grande tragédia dos refugiados e da imigração que interroga o nosso continente e nossas Igrejas”, revelou Bernardini. 
Troca de presentes
A delegação valdense e metodista presenteou o Papa com uma série de desenhos artísticos inspirados em histórias de refugiados e migrantes, confeccionados em um pacote construído em madeira dos barcos da ilha de Lampedusa. Por sua vez, Francisco ofereceu aos hóspedes os textos da Encíclica "Lautado si" e da exortação “Evangelii gaudium". 
O perdão do Papa
Em junho de 2015, o Pontífice esteve no Templo Valdense de Turim, e proferiu um discurso em que pediu “perdão, em nome da Igreja Católica, pelas atitudes e comportamentos não cristãos, por vezes até desumanos que, na história, tivemos com estes fiéis”. Excomungados pelo Papa no século XII, e perseguidos, os valdenses são cristãos pertencentes à família das Igrejas nascidas com a Reforma Protestante do Século XVI.  
Desde o início de seu ministério, Jorge Bergoglio tem reiterado a importância da unidade entre os cristãos.  Em outubro, irá à Suécia para as celebrações dos 500 anos da Reforma Luterana. Em fevereiro, realizou um encontro histórico com o Patriarca ortodoxo de Moscou e de toda a Rússia, Kirill, em Cuba.  
(CM)

(from Vatican Radio)
Fonte; News;VA

Contra o egoísmo

Dom Anuar Battisti
Arcebispo de Maringá (PR)

“Não seja egoísta”. Essa frase foi dita pelo papa Francisco em sua visita ao México, quando um rapaz o puxou pela mão desequilibrando o pontífice, que quase caiu sobre as pessoas. Pode até parecer que foi um gesto de carinho do rapaz, como também uma vontade de estar próximo, enfim a ação dele foi levada pela emoção e pegou o papa desprevenido, cuja reação humana foi repreender, dizendo: “Isso não se faz. Você não pode ser egoísta”.
Quem sabe em outra ocasião, menos cansado, com mais disposição o papa teria reagido de forma diferente. Vendo o vídeo, o seu rosto se transfigurou de forma bem irritada. Como disse o seu Porta Voz, Francisco foi extremamente humano, reagiu como qualquer um reagiria nesta circunstância. Eu, particularmente, gostei de ver um homem de Deus carrancudo, irritado, humano demais, normal como qualquer ser humano.
Aprendi com este episódio, que apesar de todas as coisas maravilhosas da vida, daquilo que somos e fazemos com alegria e bom humor, existem momentos em que acontecem coisas que nos desequilibram, nos tiram do sério. Nem sempre estamos preparados, e nem mesmo sabemos como se preparar para as surpresas da vida de cada dia. Tenho certeza que o papa não guardou raiva nem ressentimentos. Não faço ideia do que passou no coração daquele jovem. São duas pessoas que se encontram com tanto afeto que se machucam. Entendemos que tudo que é exagerado pode fazer mal, e estragar a amizade. A nossa capacidade de amar tem limites e impõe uma atitude de equilíbrio constante.
Em tempos de Quaresma, Ano Santo, vida do dia a dia, quando perdemos a paciência, quando pensamos só em nós mesmos, quando exageramos no comer e no beber, quando tratamos mal as pessoas mais próximas, quando criticamos fazendo julgamentos errados, quando queremos ser donos da verdade, quando dizemos palavrões, ou fofocas que matam o outro, enfim,  como faz bem alguém estar ao nosso lado e dizer : “Isso não se faz. Não seja egoísta”. Não se pode fazer de conta que não viu ou que não escutou, pois a omissão é o pecado que mais faz mal a si próprio e aos outros. A falta de coragem em ajudar, em corrigir, em dizer a verdade faz com cresçam sempre mais os egoístas e prepotentes. A prática da correção fraterna, que nas primeiras comunidades, e ainda hoje em comunidades que procuram viver o evangelho radicalmente, vivem e fazem, resolveria muito da hipocrisia e falsidade com que  vivemos o nosso cristianismo.
Que esse tempo quaresmal, que a vivência do “Ano Santo da Misericórdia”, nos provoque a um processo lento, mas progressivo de mudança de nossos vícios, de nossas manias e comportamentos não cristãos. “Esse é o tempo favorável, esse é o dia da Salvação”, nos diz o profeta. Será que vamos ter outra Quaresma, outra oportunidade para nos aproximar da salvação como temos agora?
Talvez, seja a última e a única oportunidade para colocar a Palavra de Deus em prática, e fazer uma verdadeira conversão pessoal. Eu também estou neste caminho, e busco cada dia na oração, na meditação da Palavra, na Eucaristia, no amor a cada um que encontro, a graça de Deus para ser cada vez melhor, mais humano e mais cristão. Que meu anjo da guarda, que pode ser você, esteja ao meu lado sempre para dizer: “Isso não se faz. Não seja egoísta”.
Fonte: CNBB

A história da Misericórdia

Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém do Pará (PA)


Era uma vez um menino que tinha o meu nome, o seu nome, o nosso nome! Criado por amor, quis ser dono da árvore do conhecimento do bem e do mal (Cf. Gn 2, 17), desejoso de libertar-se de tantas amarras, pois, afinal, "eu sei o que estou fazendo!" Em nossas igrejas, certamente você já cantou ou ouviu assim: "Muito alegre eu te pedi o que era meu: partir, um sonho tão normal!" Tudo começa com um sonho, aventuras mil que se abrem como possibilidades para um coração juvenil, tenha a idade que tiver. Somos humanos e os horizontes se manifestam tentadores, com o pouco ou muito dinheiro de nossos bolsos. Muitas vezes não são os bens materiais a serem desperdiçados, mas a própria dignidade, vista como prisão diante da sonhada autonomia! Fazer o que eu quero, ser dono de minha vida, não depender de ninguém, correr todos os riscos, andar pela vida "sem lenço e sem documento!" Aqui começa a história da misericórdia, pois ela se inicia com uma partida, despedida, estrada aparentemente nova que se abre.
Partir sem rumo certo, apenas para aproveitar a vida, gastar, gastar, gastar. Há quem parte e nada dá, busca só sua liberdade! Continue a cantar: "Dissipei meus bens e o coração também. No fim, meu mundo era irreal" Verdade! Quando os bens, aqueles verdadeiros, são dissipados, vai junto o coração. Quem já entrou nas profundezas do pecado sabe o quanto ele faz mal, pois destrói em primeiro lugar quem a ele aderiu. Depois, faz mal aos outros e ao mundo. 
"Mil amigos conheci, disseram adeus, caiu a solidão em mim". Quem nunca ouviu a história do alcoólatra que entra num bar sem dinheiro, alimento não recebe, conselho menos ainda, mas sempre há alguém para oferecer um golinho de bebida? Nossos pais têm um refrão incômodo e salutar: "Cuidado com as más companhias". Basta olhar ao nosso redor para ver a quantidade de pessoas que vieram a cair nas sarjetas da vida, deixadas ao relento do tempo ou do afeto. Os falsos amigos dizem sempre adeus!
Você pode cantar e até chorar, se quiser: "Um patrão cruel levou-me a refletir: meu pai não trata um servo assim". Saudade do afeto! Saudade da casa do pai, cheia de regras e horários, conselhos em vista do futuro, repreensões. Saudade das amarras! Começou o caminho de volta, ainda interesseiro, mas sincero! Ouso dizer que na pele do filho mais novo se esconde um outro filho, o Filho único do Pai amado! Parece-me vê-lo lá longe, compartilhando até as misérias do menino que sou eu, corajoso para sujar os pés e as mãos no barro em que, junto com você, eu me meti! Porcaria inteira e acabada (Cf. Lc 15, 15), e Ele lá, ao nosso lado! Só com sua companhia, daquele que se humilhou, tomando a condição de escravo, servo obediente até à morte de cruz (Cf. Fl 2, 8), é possível fazer o caminho de volta, pois aquele que desceu é o mesmo que subiu acima de todos os céus (Cf. Ef 4,9). E o caminho é iluminado pela imagem dos servos, os empregados da casa do pai! Afinal, também o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos (Cf. Mc 10, 45).
A história da misericórdia tem também um pai olhando para as curvas da estrada, com um coração que teima em não envelhecer, pois existe desde toda a eternidade. Deus nos espera desde sempre, sem cara fechada ou julgamento. Corra, filho querido! Venha descansar no regaço do "Pai" (com letra maiúscula, pois mudou a cena!). Veja a qualidade do Pai, descrita pelo filho que chega: "Nem deixaste-me falar da ingratidão, morreu no abraço o mal que eu fiz". É difícil descrever melhor o reencontro do que reconhecer a morte do mal no abraço! Da parte do filho, não pode brotar outro refrão a ser cantado com emoção: "Confiei no teu amor e voltei, sim, aqui é meu lugar. Eu gastei teus bens, ó Pai, e te dou este pranto em minhas mãos".
Ora, se o filho encontrou seu lugar, certamente acompanhado pelo "Filho" que desceu às profundezas para fazer-lhe companhia, agora é hora da festa, mesmo que alguém não entenda os exageros do Pai. Parece aquela outra festa da parábola: “Sai depressa pelas praças e ruas da cidade. Traze para cá os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos’. E quando o servo comunicou: ‘Senhor, o que mandaste fazer foi feito, e ainda há lugar’, o senhor ordenou ao servo: ‘Sai pelas estradas e pelos cercados, e obriga as pessoas a entrar, para que minha casa fique cheia" (Lc 14, 21-23). Aqui há lugar para o jovem gastador, pecador arrependido, acolhido com o calor do abraço. A  única propriedade que lhe restou era o pranto do arrependimento sincero! E este foi dado ao Pai, para se transformar em festa.
De lá para cá, os gestos do Pai foram transformados também em sinais de acolhimento na Comunidade cristã. A Eucaristia, presença do único sacrifício de Cristo, será sempre celebrada como a festa pascal, ponto de chegada e fonte de toda a vida da Igreja. No Batismo, a roupa nova da vida da graça foi dada a todos os que acolheram o Salvador e foram mergulhados na água santa, passando por ele, que é a verdadeira porta, para entrar na casa do Senhor. Ainda que frágeis e pecadores, entramos na festa ouvindo a exortação do Apóstolo São Paulo: "Protegei-vos com a armadura de Deus, a fim de que possais resistir no dia mau, e assim, empregando todos os meios, continueis firmes. Ficai, pois, de prontidão, tendo a verdade como cinturão, a justiça como couraça e os pés calçados com o zelo em anunciar a Boa-Nova da paz. Em todas as circunstâncias, empunhai o escudo da fé, com o qual podereis apagar todas as flechas incendiadas do Maligno. Enfim, ponde o capacete da salvação e empunhai a espada do Espírito, que é a palavra de Deus"  (Ef 6, 13-17). É o tempo do anel da nova aliança, nos dedos de todos os filhos pródigos da história. Neste anel está o nome novo (Cf. Ap 2, 17) da criatura redimida. Você pode cantar e agradecer: "Festa, roupa nova, anel, sandália aos pés, voltei à vida, sou feliz". O filho errante da parábola, que tem o seu nome, o meu nome e o nosso nome reencontrou o caminho, o Pai, o abraço, a dignidade. Voltou à vida. Cante com ele: "Confiei no teu amor e voltei, sim, aqui é meu lugar. Eu gastei teus bens, ó Pai, e te dou este pranto em minhas mãos". Esta história pode ter muitos outros capítulos e detalhes, que ficam por nossa conta, para mergulharmos com alegria no mar infinito da misericórdia de Deus, na graça do Jubileu.

Fonte: CNBB

Santo do Dia - Santas Perpétua e Felicidade - Mártires do segundo século

Santas Pérpetua e Felicidade - Mártires do segundo século
Jovens mães que foram até as últimas consequências defendendo a fé que professavam

Numa perseguição que se desencadeou em Cartago, foram presos nesta cidade cinco catecúmenos, entre os quais uma escrava chamada Felicidade e uma mulher, ainda nova e de posição, chamada Perpétua. A primeira estava grávida de oito meses e a segunda tinha uma criança de peito. Receberam o batismo enquanto estavam presas.
Permitiram a Perpétua que levasse consigo o filho para o cárcere. Chegado o interrogatório, ambas confessaram abertamente a fé e foram condenadas a ser lançadas às feras no aniversário do imperador Geta. A mãe foi então separada do seu filhinho. “Deus permitiu que ele não voltasse a pedir o peito e que ela não fosse mais atormentada com o leite”, escreveu Perpétua no diário que foi fazendo até o dia da sua morte. Narra em seguida uma visão em que lhe apareceu seu irmão Dinócrates, ao sair do Purgatório graças às suas orações, e outra em que lhe foi prometida a assistência divina no último combate.
Felicidade receava que, devido ao seu estado, não lhe permitissem morrer com a companheira, mas, três dias antes dos espetáculos públicos, deu à luz. Como as dores do parto lhe arrancassem gritos, um dos carcereiros observou-lhe: “Se tu te lamentas já dessa maneira, que será quando fores lançada às feras?”. “Hoje sou eu que sofro, respondeu a escrava; nesse dia, sofrerá por mim Aquele por quem eu sofro”. Deu à luz uma menina que foi adotada por uma mulher cristã.
Perpétua e Felicidade entraram alegremente no anfiteatro com os três companheiros. Envolveram-nas numa rede e entregaram-nas às arremetidas duma vaca furiosa. O povo cansou-se depressa de ver torturar as duas jovens mães, uma das quais ia perdendo o leite, e pediu que se acabasse com aquele espetáculo. Abraçaram-se então pela última vez. Felicidade recebeu o golpe de misericórdia impavidamente. Perpétua caiu nas mãos dum gladiador desastrado que falhou o golpe, “tendo-se visto ela própria na necessidade de dirigir contra o pescoço a mão trêmula do gladiador inexperiente”. Estes martírios deram-se na era de 203.
Santas Perpétua e Felicidade, rogai por nós!